Bolsonaro ignora caso João e rechaça luta antirracista: “seu lugar é no lixo”

"Daltônico", presidente diz que não há racismo, mas "homens bons ou homens maus", e trata a luta antirracista como instrumento de políticos que querem dividir o País

Foto: Marcos Corrêa/PR

Na noite de sexta (20), depois que ativistas e manifestantes negros atearam fogo e realizaram protestos em algumas unidades da rede Carrefour pelo País, o presidente Jair Bolsonaro divulgou uma nota no Facebook afirmando-se “daltônico” para a questão racial e rechaçando a luta do povo negro, porque ela é capaz, em suas palavras, de dividir o País.

Bolsonaro não citou o caso de João Alberto em Porto Alegre, espancado e asfixiado até a morte por seguranças do Carrefour, mas disse que não existe racismo no Brasil, somente “homens bons ou homens maus”.

O presidente também tratou a luta antirracista como um instrumento de políticos que querem dividir o País e disse que pessoas que lutam pela igualdade racial levam “discórdia” ao povo e, por isso, merecem o lixo.

Confira, abaixo, a nota na íntegra:
– O Brasil tem uma cultura diversa, única entre as nações. Somos um povo miscigenado. Brancos, negros, pardos e índios compõem o corpo e o espírito de um povo rico e maravilhoso. Em uma única família brasileira podemos contemplar uma diversidade maior do que países inteiros.
– Foi a essência desse povo que conquistou a simpatia do mundo. Contudo, há quem queira destruí-la, e colocar em seu lugar o conflito, o ressentimento, o ódio e a divisão entre classes, sempre mascarados de “luta por igualdade” ou “justiça social”, tudo em busca de poder.
– Estamos longe de ser perfeitos. Temos, sim, os nossos problemas, problemas esses muito mais complexos e que vão além de questões raciais. O grande mal do país continua sendo a corrupção moral, política e econômica. Os que negam este fato ajudam a perpetuá-lo.
– Não adianta dividir o sofrimento do povo brasileiro em grupos. Problemas como o da violência são vivenciados por todos, de todas as formas, seja um pai ou uma mãe que perde o filho, seja um caso de violência doméstica, seja um morador de uma área dominada pelo crime organizado.
– Existem diversos interesses para que se criem tensões entre nosso próprio povo. Um povo unido é um povo soberano, um povo dividido é um povo vulnerável. Um povo vulnerável é mais fácil de ser controlado. E há quem se beneficie politicamente com a perda de nossa soberania.
– Não nos deixemos ser manipulados por grupos políticos. Como homem e como Presidente, sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras. Existem homens bons e homens maus. São nossas escolhas e valores que fazem a diferença.
– Aqueles que instigam o povo à discórdia, fabricando e promovendo conflitos, atentam não somente contra a nação, mas contra nossa própria história. Quem prega isso, está no lugar errado. Seu lugar é no lixo!

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