Bolsonaro avança contra Ancine e quer cortar 43% do fundo do audiovisual para 2020

Bolsonaro vai criar projeto de lei que aplicara um corte de 43% dos recursos da Ancine. Um claro ataque à cultura, e uma tentativa de abrir caminho para suas intenções de uma produção cultural “de perfil evangélico”, e que transmita seus valores reacionários.

Por Rafael Campos

Imagem: Reprodução

Bolsonaro já deu algumas declarações neste ano deixando claro que iria atacar o financiamento para áreas culturais, e mais recentemente, entrou numa briga direta com a Ancine.

A briga com a Agencia Nacional de Cinema entrou nesta semana definitivamente na agenda de ataques da cruzada ideológica de Bolsonaro. Ele decidiu encaminhar um projeto de lei que cortará 43% do orçamento da Ancine a partir de 2020, tornando o repasse do ano que vêm o menor desde 2012. O corte seria feito via FSA, o Fundo Setorial do Audio Visual, principal fonte de recursos da Ancine.

As declarações anteriores de Bolsonaro já davam bem o tom de seu discurso cultural, criticando filmes como “Bruna Surfistinha”, e indicando que exerceria um controle autoritário sobre as produções audiovisuais da agência.

Com a medida diversos projetos serão prejudicados, assim como o emprego de várias pessoas pode entrar em situação de risco, tudo em nome da vontade de Bolsonaro de impedir produções “esquerdistas”, “gayzistas”, e outras besteiras que muito facilmente servem de argumento ao presidente para atacar a cultura.

O corte na Ancine vem num momento em que a discussão cultural está bastante em evidência, após a frustrada tentativa de Marcelo Crivella (prefeito da cidade do Rio de Janeiro) de tentar censurar uma HQ que continha um beijo entre dois rapazes, durante a Bienal do Rio. Uma clara censura homofóbica, mas que teve tanta repercussão que a consequência foi o rápido esgotamento da HQ, além de um protesto espontâneo contra a censura do prefeito.

O que Bolsonaro quer é meter suas mãos na produção cultural do país, e de forma autoritária ir cavando o caminho para uma Ancine que transmita seus valores ideológicos retrógrados, machistas, racistas e homofóbicos. Como ele já disse em agosto, “se o pessoal lá se adaptar”, não seriam feitos cortes. Se decidessem se adaptar e aceitar as imposições de Bolsonaro para uma Ancine de “perfil evangélico”, e que represente e seja uma correia de transmissão de suas batalhas ideológicas, não seriam feitos cortes. Bolsonaro trabalhou com ameaças, e agora as está colocando em prática.

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