Bolivianos no Brasil não conseguem votar e denunciam fraude: “Foi planejado”

Foto: Jorge Abrego
Eleitores criticam falta de transparência e problemas de comunicação; em 2019, Evo Morales fez 71% dos votos no Brasil
Marina Duarte de Souza e Daniel Giovanaz. 
Brasil de Fato

Eleitores bolivianos que vivem no Brasil acusam as autoridades eleitorais de seu país de desrespeitar o direito ao voto. O país andino foi às urnas neste domingo (18) para decidir presidente, vice-presidente, senadores e deputados do Estado Plurinacional, quase um ano após o golpe contra Evo Morales, do partido Movimento ao Socialismo (MAS).

O então presidente fez 71% dos votos entre a comunidade boliviana no Brasil na última eleição, e hoje o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) é comandado por seus opositores.

Cinco locais de votação foram alterados na semana da eleição. O aplicativo Yo Participo, canal de comunicação do Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) com os eleitores, levou mais de três dias para atualizar a informação. Problemas semelhantes foram registrados em países como Chile e Argentina, que possui a maior comunidade boliviana no exterior.

Yolanda Marlene Cortez, delegada do MAS em São Paulo, afirma que “muita gente está se deparando com as portas fechadas” quando se dirige ao local de votação.

“Eu sei que isso foi planejado para confundir a nossa gente. Não liberaram cinco locais de votação, mudaram de endereço, e as pessoas não sabem onde ir para votar”.

Cerca de 4,5 mil eleitores bolivianos no Brasil foram inabilitados em 2020. O motivo informado pelo OEP é genérico e igual para todos: “Cidadão não votante”. No entanto, o Brasil de Fato demonstrou esta semana que a lista também inclui pessoas que votaram nas eleições de 2019.

É o caso de Victor Limache Flores, costureiro, que está há dez anos no Brasil e só na última quinta-feira (18) recebeu a informação via aplicativo de que não ia conseguir exercer seu direito este ano.

“Ano passado eu consegui votar normal, agora não sei o que está acontecendo. Tem muitos compatriotas que estão com a mesma dificuldade. Eu tentei ligar no Consulado, mas ninguém respondeu. Com a organização de última hora não dá para correr atrás. 01:32  Me sinto mal por não exercer meu direito”, relata ele, que ainda tentou comparecer ao local de votação para obter informações e garantir o direito de votar, mas não obteve nenhuma resposta.


Julian Mamani Quispe foi sorteado para ser jurado, mas só foi informado na manhã da votação e não pode exercer a função no IFSP, no bairro Pari. / Marina Duarte de Souza/Brasil de Fato

 

 

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