Bolívia: terroristas de Estado protestam pelo suposto “terrorismo” popular

Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.

O golpe de Estado na Bolívia, produto dos interesses de Washington e da desfaçatez do seu funcionário de aluguel, Luis Almagro, secretário geral da Organização de Estados Americanos, a OEA, com a omissão obsequente da Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, ambos cumprindo ao pé da letra a doutrina Monroe, suscitou violência, prisões, torturas, mortes e exílios forçados, como em toda ditadura.

No entanto, a imprensa internacional destaca nos últimos dias os chefes militares, que pedem diálogo no meio de confrontos e fechamento de estradas com motivo de mais um adiamento das eleições nacionais. A luta do povo boliviano pela democracia e a transparência em plena pandemia de coronavírus é considerada terrorismo pelos que transformaram a população boliviana, mais uma vez na história, em vítima do terrorismo de Estado.

Os chefes das Forças Armadas afirmam que “militares e policiais pedem uma solução imediata através de formas dissuasivas e do diálogo”. Afirmam que existem vídeos de pessoas armadas e que isso é terrorismo que afeta a segurança do Estado. Ou seja, um Estado destroçado pelo golpe civil militar clássico, com o exército nas ruas para destituir um presidente legítimo, reprimir, humilhar e encarcerar dirigentes opositores ao regime de fato, não seria um Estado governado pelo terror para eles, terror é só quando as pessoas reivindicam o retorno urgente ao Estado democrático de direito.

Os que bloqueiam as ruas na Bolívia são trabalhadoras e trabalhadores que perderam sua segurança, seu emprego e estão perdendo a saúde por causa do descaso do governo em relação à pandemia. Pessoas que têm sua vida em risco por causa de mais um golpe de Estado que destruiu o país e o colocou a serviço dos interesses das multinacionais e as oligarquias locais, especialmente as de Santa Cruz, que há muito tempo vinham procurando se vingar dos avanços populares. Eles temem, com muita razão, que o adiamento das eleições seja mais um golpe dentro do golpe.

Com a justificativa da pandemia, a direita boliviana, os Estados Unidos e os principais candidatos golpistas, Carlos Mesa e a ditadora Jeanine Áñez, procuram adiar tudo o possível o pleito eleitoral porque Luis Arce, o candidato de Evo Morales e dos movimentos sociais, continua liderando as pesquisas de intenção de voto. O governo tenta produzir fatos para espalhar nas redes sociais, utilizando grupos armados acionados pelo próprio governo, para criar um clima de instabilidade que justifique um nível de convulsão que não permita as eleições nacionais.

A violência de Estado e essa nova tentativa de fraudar os direitos da população, não mereceram até agora uma mísera menção sequer de Luis Almagro e Michelle Bachelet, comprometidos com o golpe de Estado e com os interesses imperialistas na região. A traição dos líderes regionais continua sendo o principal aliado do domínio norte-americano na Pátria Grande.

#Editorial #Desacato13Anos #AOutraInformação

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