Bloco do Vexame ganha espaço politizado no carnaval LGBT de Florianópolis

Por Lirous K’yo Fonseca Ávila, de Florianópolis, para Desacato.info.

A terceira edição do bloco do Vexame aconteceu no carnaval de Florianópolis nos dias 06 e 08 de 2016, das 14 horas às 22 horas, na rua João Pinto no Centro de Florianópolis, contaram com a circulação de pelo menos 2.000 pessoas. O Bloco do Vexame que nasce há três anos na visão da idealizadora Rose Nogueira, desta vez uniu forças com o movimento social, e na sua terceira edição contou com a organização das instituições ADEH – Associação em Defesa dos Direitos Humanos, e Desdobrando Arte Ateliê.

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O evento contou com a presença de mais de mais de 10 Djs, cantores, praça de alimentação (food trucks), banheiros químicos, estrutura de som, palco, tendas e o concurso de fantasia Vexame Pop que premiou nas categorias Beauty Queen, Drag Queen/Drag King, Original ou Cosplay.

A animação ficou por conta da rainha LGBT a apresentadora Selma Light que além de agitar a festa, falou de políticas públicas, direitos LGBTs, e o descontentamento com o cenário político atual de Florianópolis.

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A animação da tenda da organização do evento (ADEH e Desdobrando Arte) foi por conta da DJ Fabrizia Souza que abordou prevenção, direitos humanos e direitos da população LGBT. Na tenda da organização era possível adquirir os Kits com Camiseta, Caneca, Materiais de prevenção, preservativos e fantasias para pular o carnaval.  Os Kits foram confeccionados dentro da instituição ADEH fundada por travestis e transexuais há 23 anos que realiza um projeto de economia solidária na grande Florianópolis voltado para a população de travestis e transexuais em parceria com a instituição Desdobrando Arte, a ADEH possui toda a infraestrutura para a confecção de bottons, camisetas, canecas, vestuários e demais produtos que podem ser adquiridos através de encomenda. Todos os valores adquiridos pelo Bloco do Vexame foram revertidos para a manutenção do evento e dos trabalhos sociais desenvolvidos pelas instituições.

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Em Florianópolis, as instituições LGBT não recebem apoio governamental, mesmo desenvolvendo o trabalho que o Município e o Estado deveriam exercer e não se compromete em fazer, a ADEH conta com profissionais voluntários que fazem o atendimento psicológico gratuito, atendimento social gratuito e atendimento jurídico gratuito para toda a população e se mantém através do apoio dos diretores envolvidos que exercem o trabalho de forma voluntária.

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A nova atração de Florianópolis pretende fazer o serviço que as paradas da diversidade não fazem na cidade, a parada da diversidade vem servindo de palanque político para promoções próprias além de privar a participação do movimento social na sua organização e participação, não aborda políticas públicas, quebra de preconceito ou o enfrentamento a hegemonia da burguesia que utiliza o movimento LGBT como moeda de troca e se beneficia do famoso “Pink Money” sem proporcionar nenhum retorno a população LGBT.

“Nosso evento não serve de palanque político, aqui ninguém quer se promover. Exigimos respeito!” Gritou Selma Light no bloco do Vexame.

Há um equivoco quando se pensa que há um “líder gay” em Florianópolis, Há lideranças de movimentos LGBT, mas não um líder, e mesmo que houvesse o que não é o caso, este deveria circular pelos espaços de discursões LGBT, movimentos sociais, construções dos planos municipais LGBT, e conhecer as instituições LGBT atuantes na cidade e não apenas ficar promovendo festinhas utilizando a sigla LGBT de forma desrespeitosa na região.

O Bloco do Vexame que cresce a cada edição já se prepara para uma estrutura maior em 2017, percebe-se que além de foliões, o publico presente era mais envolvido com a causa LGBT.

Fotos enviadas pela autora do texto.

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