Biblioteca Mário de Andrade inaugura hemeroteca, em São Paulo

Após três anos de obras, a Biblioteca Mário de Andrade, instituição administrada pela Secretaria de Cultura de São Paulo, inaugurou o prédio que abriga sua nova hemeroteca: uma construção de 16 andares destinada à guarda do acervo de periódicos. A abertura foi nesta quarta-feira (19) e representa uma grande conquista: o acervo é formado por cerca de 9 mil de títulos – algo em torno de 3 milhões de fascículos – e estava fragmentado e armazenado em condições nada ideais. O município investiu R$ 15,2 milhões nas obras do edifício, além dos quase R$ 3 milhões destinados à higienização, desinfestação e demais ajustes das coleções.

Maria Christina Barbosa de Almeida, diretora da Mário de Andrade, conta que o novo espaço é uma conquista de longa data: figura em planos administrativos desde a década de 1950, mas nunca foi levado adiante. “É uma história de 60 anos que felizmente está sendo concretizada. Ainda estamos catalogando, organizando e tratando o material que vai ocupar a reserva técnica, mas logo estará disponível para a pesquisa.” Almeida conta que o acervo de periódicos começou a ser montado em 1935, mas nunca teve um local adequado de armazenamento. Por falta de espaço, foi transferido e desmembrado. Hoje, as partes mais procuradas ficam no prédio principal da biblioteca, nas sessões de Artes e Obras Raras.

Fachada do prédio anexo da Biblioteca Mario de Andrade

O acervo conta com coleções que vão do século XIX aos dias de hoje e passou por um inventário recentemente. A avaliação foi comandada pela pesquisadora Ana Luiza Matins, historiógrafa da Secretaria de Estado de São Paulo, que teve o primeiro contato com o material durante sua pesquisa de doutorado pela USP, que culminou no livro Revistas em revista: imprensa e práticas culturais em tempos de República, São Paulo, 1890-1922. “Fiquei fascinada com o material da biblioteca”, conta Martins. “O foco das coleções é a imprensa paulista, mas há um panorama muito vasto de produção intelectual do final do Império e Primeira República. Podemos obter retratos ricos da história do Brasil e também da formação do estado de São Paulo.”

A historiadora cita exemplos de títulos importantes no arquivo e enfatiza coleções de jornais pioneiros na imprensa brasileira, como Armazem Literario (1808-1822) e Gazeta do Rio de Janeiro (1808-1821); revistas de diversos temas: desde referentes à agricultura ou revistas ilustradas e modernistas. Destacam-se as primeiras edições do periódico de Ângelo Agostini, O diabo coxo (1864-1865); coleção quase completa da Revista Ilustrada (1876-1898). Há exemplares da francesa L’Illustration: journal hebdomadaire universel (Paris, 1843-1944), bastante lida pela elite brasileira da época e da Novo Mundo, editada em Nova Iorque por José Carlos Rodrigues, entre 1870-1879.

O anexo da Hemeroteca fica próximo à sede da Biblioteca Mário de Andrade e já está aberto para visitação. Pesquisadores com interesse no material precisam marcar hora com antecedência, já que o local ainda está em fase de ajustes.

Endereço: Rua Dr. Bráulio Gomes, 125/139 – Centro, São Paulo – SP. Telefone: (11) 3775-0002

Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/mais-espaco-para-noticia

Foto: Sylvia Masini

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