‘Aversão à China’ de Bolsonaro arrisca a vida de milhões de brasileiros, diz especialista

Foto: Sérgio Lima/Poder360
Sputnik – Em mais um capítulo da politização em torno da pandemia da COVID-19, a Anvisa rebateu o governador de São Paulo, João Doria, sobre a possibilidade de aplicar a vacina CoronaVac sem a autorização da agência reguladora brasileira.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) declarou na última quinta-feira (26) que, mesmo que agências reguladoras de outros países autorizem o registro da vacina CoronaVac, é necessário o aval do órgão brasileiro para a aplicação da vacina no Brasil.

O comunicado foi uma resposta à declaração do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que afirmou que a CoronaVac está sendo avaliada por agências reguladoras dos EUA, na Europa e na Ásia. De acordo com ele, se essas agências validarem a vacina, “ela estará validada independentemente da própria Anvisa”.

“Mesmo após o registro em algum outro país, a avaliação da Anvisa é necessária para verificar pontos que não são avaliados por outras agências internacionais”, declarou a Anvisa em nota.

O professor de Políticas Públicas da UERJ, Roberto Santana, em entrevista à Sputnik Brasil, declarou que a posição do governador de São Paulo, João Doria, é uma resposta à disposição do presidente Jair Bolsonaro de sabotar a vacinação da população por conta de um alinhamento ideológico hostil à China.

“O presidente Bolsonaro sabotou o quanto pôde o combate ao coronavírus, sabotou o quanto pôde todas as medidas de prevenção e, ao que parece, está disposto a sabotar também a vacinação da população por um preconceito bobo e ideológico, de querer negar a participação da vacina chinesa no processo de imunização da população”, disse.
Hostilidade com a China

Já o professor de Relações Internacionais e especialista no Grupo BRICS, Diego Pautasso, em entrevista à Sputnik Brasil, enfatizou que a politização da vacina no Brasil diz respeito a uma continuidade das declarações do presidente de transformar uma questão sanitária grave em um “cavalo de batalha político-eleitoral ligado às suas preferências e ao seu grupo mais radical e ideológico”.

“O fato concreto é que essa vacina vem sendo desenvolvida por uma empresa respeitabilíssima na China, que já desenvolveu fármacos e medicamentos para vários países e para várias doenças, em parceria com o Instituto Butantan, que é um instituto de renome internacional, e com supervisão da Anvisa, obedecendo a todos os protocolos de saúde e de pesquisa habituais”, afirmou.

De acordo com o especialista, o discurso hostil com a China é irradiado da administração norte-americana de Donald Trump e tem produzido efeitos muito nocivos para as relações bilaterais do Brasil com a China, seu principal parceiro comercial, além de prejudicar o enfrentamento da pandemia da COVID-19 através de uma vacina.

O especialista em políticas públicas, Roberto Santana, por sua vez, destacou também que a “politização da vacina é um movimento da extrema-direita mundial, na qual se encaixam tanto o presidente norte-americano Donald Trump, quanto o presidente brasilero Jair Bolsonaro”.

De acordo com ele, o alinhamento do Brasil com a extrema-direita dos EUA “vai contra todos os interesses internacionais do Brasil, ainda mais quando falamos do nosso principal parceiro econômico, a China”.

“A China é o único país do mundo que vai ter capacidade produtiva de produzir e distribuir essa vacina para todos os países do mundo. A maior parte das fábricas estão na China, os demais países que têm parques farmacêuticos de grande envergadura produzirão para suas próprias populações, mas a comercialização dela em larga escala, com certeza sua fabricação será no parque industrial chinês”, explicou.

“A vacina da China será mais barata do que as suas contrapartes norte-americana e europeia. A própria vacina russa, a Sputnik V, já apresentou um preço internacional mais barato do que as grandes farmacêuticas norte-americanas e europeias. E para a humanidade, é positivo que haja várias vacinas de vários locais diferentes, isso leva à concorrência no mercado, abaixa o preço da vacina”, completou o especialista.

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