Aulas do Curso de Português e Cultura Brasileira encerram e Haitianos/as falam sobre o desejo de novas turmas

Por Claudia Weinman e Paulo Fortes, para Desacato. info.

São 27 estudantes haitianos que participaram do encerramento das aulas do Curso de Português e Cultura Brasileira para estrangeiros-Básico, na noite da última segunda-feira, dia 19, nas dependências do Salão Paroquial em São Miguel do Oeste/SC. O curso é uma parceria entre a Paróquia São Miguel Arcanjo e o Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC. A aula inaugural foi realizada no dia 09 de agosto de 2016 finalizando agora, no mês de dezembro.

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Estudantes haitianos em entrevista ao Portal Desacato.

Conforme Sandra Mara Ody Mohr, que acompanha a turma e a pastoral do migrante, os/as haitianos/as chegaram em São Miguel do Oeste com dificuldades na compressão da língua. A partir dessa demanda, pensou-se a realização de um curso que atendesse essa realidade. Para o ano de 2017, ela salienta que existe a vontade de iniciar novas turmas, no entanto, tudo dependerá segundo ela, das condições que serão disponibilizadas para isso acontecer. “Com o Governo que está aí não podemos afirmar e nem dar uma garantia de novas turmas, mas, queremos muito que isso aconteça”, disse.

Sandra destaca que o curso iniciou com 30 estudantes, desses, dois acabaram viajando para outras cidades em busca de trabalho e uma das estudantes afastou-se do curso em decorrência da gravidez. “Nossa avaliação é muito positiva. Eles/as sempre relatavam para nós as dificuldades que enfrentavam no entendimento da língua, não conseguiam se comunicar direito e agora, conseguem entender melhor a realidade, já conhecem mais da cultura brasileira e percebemos que estão dispostos a aprender sempre mais”, enfatizou.

O Coordenador do Curso de Português e Cultura Brasileira para Estrangeiros- Básico, Cleverson Luiz Rachadel, disse também que se houver condições, novos cursos serão ofertados no próximo ano aos haitianos/as. Segundo ele, a intenção é oferecer o curso de acordo com a demanda, dividindo o curso em etapas, desde o básico até o mais avançado, para atender quem tem maiores dificuldades com a língua e ao mesmo tempo, possibilitar aos que já conseguem se comunicar melhor um estudo mais avançado.

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Coordenador do Curso, Cleverson Luiz Rachadel.

Além disso, Rachadel falou que em 2017 os/as haitianos/as podem estar participando de outros cursos ofertados pelo IFSC, como os das áreas técnicas, cursos de capacitação e também de nível superior. Segundo ele, o curso de Português e Cultura Brasileira para Estrangeiros- Básico teve duração de 160h, sendo 100h de língua portuguesa e 60 destinadas ao estudo da cultura brasileira.

 “É muito difícil você chegar em um país sem dominar a língua” – Hammilton Baptiste 28 anos, haitiano

O Estudante do Curso de Português e Cultura Brasileira para estrangeiros-Básico, Hammilton Baptiste 28 anos, falou sobre as dificuldades de chegar no Brasil sem dominar o idioma e conhecer a cultura. Segundo ele, o curso exerceu uma função fundamental na vida dos/as haitianos/as, possibilitando o entendimento da realidade brasileira e a comunicação. “Quero agradecer a cada um/a que está aqui. Ao Padre Reneu que cedeu esse espaço. Sempre tem um café, pão antes de aula. Alguns que trabalham longe chegavam já no horário de aula então comer algo antes de começar a aula ajuda”, disse.

Baptiste falou do desejo de continuar estudando. “Sem saber dominar a língua não se consegue fazer nada. Esse curso de português ajuda bastante para conseguir um trabalho. É muito difícil você chegar em um país sem dominar a língua. Eu adoro esse curso, é ótimo, gostaria de continuar”, explicou.

Quem ensina também aprende

No relato das Educadoras Aglaé Tumelero, Juciane ferigolo e Lorilei gugelmim, o sentimento de quem recebeu como tarefa ensinar e finalizou o curso aprendendo a diversidade da cultura haitiana. “Para nós foi uma experiência maravilhosa, um intercâmbio. Conhecemos mais da realidade deles/as”, disseram.

As Educadoras relataram ainda que desconheciam muitas das informações que os/as haitianos/as relatavam em sala de aula. “Desconhecíamos muito das coisas positivas que tem lá. Se ouve falar que existe muita pobreza, miséria, sobre as catástrofes, mas eles durante as aulas foram contando coisas bonitas, isso ajudou para que a gente também pudesse abrir a nossa visão sobre essas realidades para não ficar apenas no estereótipo que a mídia nos traz”.

Fotos: Paulo Fortes e Vinicius da Silva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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