Ato em Porto Alegre cobra libertação de presos nas manifestações

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Dezenas de pessoas se reuniram em uma das escadarias do Viaduto Otávio Rocha, em Porto Alegre, na noite da última quinta-feira (7), para protestar contra a criminalização dos movimentos sociais no país. O ato ocorreu em frente ao assentamento urbano Utopia e Luta e contou com a presença de coletivos como a Federação Anarquista Gaúcha (FAG), a comunidade 7 de setembro, a Frente Autônoma, a Frente Quilombola, a Juventude Libre, a Refundação Comunista e o Centro Cultural Libertário Azenha.

O evento começou com uma apresentação cultural da Cambada de Teatro em Ação Direta Levanta Favela. Na peça, o grupo encenou uma retrospectiva dos protestos, desde os primeiros atos de janeiro, passando pelas manifestações de junho e pelas mobilizações atuais.

Com bom humor, o grupo lembrou dos diferentes discursos da mídia em relação às manifestações, denunciou a repressão das polícias militares e criticou a tentativa de diferenciação entre “bons” e “maus” manifestantes.

Após a peça, militantes que foram agredidos e detidos durante os protestos tomaram a palavra. Dentre eles estava Elisa, conhecida como Sininho – uma militante do Rio de Janeiro que integra a Frente Independente Popular. Ela comentou sobre a situação em seu estado, onde, mesmo após junho, ainda continuam ocorrendo manifestações de rua.

“Fiquei quatro dias presa em Bangu. No dia 15 de outubro, prenderam mais de 200 pessoas e mais de 70 foram levadas a Bangu”, denunciou. Ela informa que, atualmente, dois militantes estão acorrentados e em greve de fome em frente à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e que ainda existem pelo menos seis detidos que o movimento qualifica como “presos políticos” no estado. “Nunca paramos no Rio de Janeiro. Desde junho estamos nas ruas”, afirmou.

Guilherme, um dos professores detidos no protesto do dia 26 de setembro, disse que sua prisão foi arbitrária. Acusado de ter depredado o museu Júlio de Castilhos, ele foi detido na Cidade Baixa, em frente à Nova Olaria, horas após o protesto. “Fomos presos em flagrante, depois de já ter terminado o ato, em um local muito distante”, recordou. Naquela noite, os militantes detidos seriam enviados ao Presídio Central, o que só não ocorreu porque o CPERS/Sindicato e outras organizações conseguiram reunir o dinheiro necessário para pagar a fiança, que foi estipulada em R$ 4 mil por pessoa.

Onir de Araújo, integrante da Frente Quilombola, falou sobre a mobilização indígena e quilombola no estado e lembrou do protesto em que esses povos foram reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha em frente ao Palácio Piratini. “Estamos vivendo um período de retrocessos nos direitos”, lamentou.

Foto: Ramiro Furquim/SUL21

Fonte: Brasil de Fato

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