As sacolinhas malditas

Por Lidiane Ramos Leal.

Hoje fui ao mercado e enquanto empacotava os produtos tive uma lamentável constatação. Decerto que já estava indignada com a situação de estar empacotando, pois os responsáveis pelos mercados aboliram o cargo de empacotador na maioria desses estabelecimentos. Assim, o cliente precisa ficar encarregado de embalar os produtos, até que o caixa termine de passá-los na leitora para contribuir com o cliente nessa tarefa. Nesse momento fui surpreendida pela moça do caixa, com um discurso voltado para o bem estar do meio ambiente. Ela me perguntou se eu gostaria de adquirir uma sacola ecológica. Essa sacola custa “somente” R$ 10, me disse a moça junto a um moldado discurso “ecológico”. A moça me pareceu bastante otimista e esperançosa de que o não uso das sacolinhas plásticas realmente poderia ser importante para o cuidado com o planeta. Após a  minha recusa, ela se demonstrou muito indignada com ela mesma pelo insucesso da venda da sacola “salvadora”.  Pois bem, tive a prova que mais uma vez o sistema conseguiu fazer com que o trabalhador se sentisse responsável pela destruição do meio ambiente. Um grande engano.

Esse discurso hipócrita, que alega que o governo e empresas tem a mesma responsabilidade que os trabalhadores, é uma forma estúpida de dividir a culpa com a sociedade. Como eu posso ter a mesma responsabilidade que uma empresa que consome grande quantidade de recursos naturais? Meia dúzia de sacolinhas plásticas causam o mesmo dano ao planeta? Ou será que aqueles produtos acondicionados em potes plásticos que eu embalei nas malditas sacolinhas não fazem mal ao planeta? Muito estranho! Será que se eu pagar R$ 10 na sacola salvadora eu vou ter desconto de R$ 10 nas compras? Sim, deveria pela lógica, pois se sabe que o preço das sacolinhas malditas está embutido nos produtos. E estes não tiveram redução do preço.

Não tenho intenção de incentivar o uso de plásticos, muito menos alegar que não temos responsabilidades com o planeta. O que se trata é de deixar esclarecido que a classe trabalhadora não pode acatar com esse discurso enganoso de que temos tanta responsabilidade quanto os grandes empresários. Não acho nada ruim o fato de regularmos o uso de plásticos, pois sabemos que demora muito tempo para se decompor, e isso certamente é prejudicial ao planeta, porém é interessante também se pensar estratégias para que grande parte dos produtos que compramos sejam menos  prejudiciais ao meio ambiente. Ou seja, ambos os lados tem que ter responsabilidades pelo mal já causado ao planeta. O que não pode acontecer é a classe trabalhadora, mais uma vez, ter que arcar com a culpa e aceitar ser responsabilizada por esse mal histórico.

Foto: www.humorcombobagem.com/post-1958/nao-vai-dar-sacola-plastica-beleza-entao.html

7 COMENTÁRIOS

  1. Muito bem amiga!o estabelecimento é que deveria dar sacolas retornáveis e não cobrar por isto! concordo e acho também que as garrafas plásticas, como as de coca-cola poluem muito mais o meio ambiente., mas porque será que até hoje ninguém cobrou isso da poderosa empresa que produz a coca-cola!!! beijos

  2. Esta ação é mais uma amostra do “Gatopardismo” . Fazer algo para não fazer nada. Dos destrutores do ambiente, talvez esta questão das sacolinhas seja a mais inocente. Embora não carregarmos os produtos comprados nas sacolas do supermercado, logo estaremos levando outros produtos fechados em plásticos (farinhas, arroz,pão, frutas, carnes, lavalouças, …,…). E. Não obstante, continuemos a levar a sacola caseira de tela de algodão porque isso vai da mão com a nossa consciência, e talvez nos redime de aquel uso permanente de plásticos que quase não podemos evitar..

  3. Meia dúzia de sacola plastica multiplicada por cada Cidadão …. + Garrafas PET’s mais potes plasticos, Bem eu era da época que ia na padaria e recebia um saquinho de papel para carregar os pães e muitas lojas estão voltando a vender a granel, precisamos sim nos responsabilizar pelo lixo que produzimos ou compramos aquilo que achamos ecologicamente correto.

    Mas para pessoas que não querem se preocupar com o lixom que geram o governo federal esta obrigando as empresas a se responsabilizarem pelas embalagens que estão produzindo que para mim é um absurdo, afinal eles fabricam porque tem gente que compra !!!!!

    Abraços

  4. Alguém quer escrever “IDIOTA” na sua testa!

    Essa questão das sacolas plásticas vai muito além das questões governamentais e ambientais. Tendo em vista que o governo quer dividir sua responsabilidade com a classe trabalhadora, ai pergunto, por que o governo não cria alternativas gratuitas para a substituição de tais sacolas? Muito engraçado, mas essa questão se estende aos grandes empresários de supermercados. Essas sacolas, por durante anos, foram embutidas nos valores dos produtos, não havendo mais custo aos clientes. Como a concorrência vem aumentando nos dias atuais e é preciso baixar os custos de tudo que é forma para ser competitivo. Nada mais fácil que diminuir os custos das sacolinhas, que de certa forma, oneram bastante no fim das contas. O custo delas é repassado como “desconto” nas promoções e você, “IDIOTA”, fica bem feliz. Ai eu coloco a pergunta no ar: Por que é permitido a venda de sacolas plásticas para lixo? Será que as mesmas também não agridem o ambiente? Pensem nisso, a questão é tão política quanto econômica, evidenciando o lucro acima de tudo…
    Lidiane, você sempre abordando assuntos importantes, parabéns pelos seus artigos! Abraço

  5. Faço compras em um mercado que quando não se faz uso de sacolas se ganha um desconto no valor das sacolas que deixei de usar, R$0,04 a cada 08 ítens, achei um modo mais justo de motivar um uso alternativo.

  6. Vamos aderir a campanha contra a abolição da sacolinha, não podemos pagar mais essa conta. Nós os trabalhadores valorizamos nosso dinheirinho, reutilizamos as sacolinhas para descarte de lixo, portanto já estamos contribuindo com a natureza não comprando sacos plasticos de lixo.

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