As ruas são do povo. Por Douglas Kovaleski.

O abraço emocionante entre Santa Catarina, Paraná e Argentina. Foto: Claudia Weinman, para Desacato. info.

Por Douglas F. Kovaleski para Desacato. info.

Precisamos, mesmo em meio à pandemia ocupar as ruas, pois as ruas são do povo. As ruas não são de abobados, inconsequentes que vestem as camisetas amarelas da seleção. Se essa pequena burguesia pensa que a classe trabalhadora vai assistir sentada às manifestações, está enganada. Corre-se o risco de aumentar a repressão policial, militar ou quem sabe um novo golpe militar, sim. O futuro é incerto, mas a única certeza que temos é lutar, é manter a clareza política de que estamos no caminho correto ou a praga do nazi-facismo pode se alastrar como já aconteceu em vários outros países no passado.

Mais do que nunca é preciso mostrar a força do povo nas ruas de maneira pacífica e organizada, com direção, com coordenação. A esquerda nas ruas deve demonstrar acima de tudo a elegância que os facistas nunca terão, pois não possuem clareza sobre seus atos. Precisamos nos diferenciar deles porque defendemos a vida, defendemos os direitos sociais e humanos. Precisamos ir às ruas com a certeza de que esse é um ato perigoso, pois estamos em meio a uma grave pandemia e o correto é que todos ficassem em casa. Entretanto, vivemos um dilema terrível: ficar em casa e esperar que todos os direitos, nossa dignidade e os cofres públicos sejam saqueados, enquanto o capital dita o melhor momento para “flexibilizar” a quarentena, matando aos milhares, enquanto Bolsonaro corta recursos do bolsa família para fazer propaganda do seu governo facista; ou mostrar a indignação dos debaixo, daqueles que estão vivendo o desemprego, a fome, o endividamento, a precarização da saúde, da educação e do transporte públicos? Essa é a questão.

Sou sanitarista, sei que esse posicionamento é extremamente contraditório, sei também, como tenho escrito nessa coluna, que vivemos e ainda viveremos uma grande tragédia humana por conta do “desgoverno” diante da pandemia do novo coronavírus como nenhum outro país viveu, mas hoje sou a favor da mobilização nas ruas. Por favor, usando máscaras, com distância de pelo menos 1,5m, com muito álcool gel e de maneira pacífica.

“Os trabalhadores não se rebaixam a ocultar suas opiniões e os seus propósitos. Declaram abertamente que os seus objetivos só poderão ser alcançados pela derrubada violenta de toda ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução. Nela, os trabalhadores nada tem a perder a não ser suas correntes, tem um mundo a ganhar. Trabalhadores de todos os países, uni-vos!“ (Karl Marx, em O Manifesto Comunista, escrito em 1847).

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Douglas Francisco Kovaleski é professor da Universidade Federal de Santa Catarina na área de Saúde Coletiva e militante dos movimentos sociais.

 

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