As caras da pobreza no próspero Canadá

Por Yolaidy Martínez Ruiz.*

(Português/Español).

Havana (Prensa Latina) O provérbio “nem tudo que brilha é ouro” seria ideal para falar do Canadá porque sua fama de ser próspero e ostentar um alto nível de vida periga diante de um aumento sustentado da pobreza.

Um recente estudo mostra o fracasso do governo federal em frear e resolver as persistentes desigualdades socioeconômicas que enfrentam setores tão vulneráveis como crianças, jovens, mulheres e idosos desde os anos 90.

A organização independente Junta de Conferência do Canadá (CBC, por suas siglas em inglês) pesquisou 17 nações industrializadas e mediu o desempenho de suas administrações em diferentes parâmetros relacionados com o bem-estar dos cidadãos.

Dita indagação localizou ao país do Norte no décimo quinto posto dessa listagem com uma nota baixa (C) quanto à luta contra a pobreza infantil, cuja proporção passou de 12,8 por cento para 15,1 na atualidade, ou seja, 1 a cada 7 menores.

Canadá tristemente conserva tal classificação desde 1989, justo quando todos os partidos políticos com representação na Câmera dos Comuns se comprometeram em erradicar esse flagelo social para o ano 2000.

Os pesquisadores da Junta consideram o dado um mau augúrio para o futuro porque também detectaram que a cada vez há menos jovens que assistem com regularidade às escolas e estão motivados por se superar.

No caso dos adultos, o material ilustrou que 1 em cada 10 pessoas em idade trabalhista vive em condições abaixo da pobreza, o que representa uma alta de 9,4 a 11,11 por cento no período estudado.

Também mostrou uma brecha maior entre os canadenses mais ricos com os das classes média e baixa.

Segundo a Junta, os segmentos populacionais mais golpeados pela pobreza no Canadá são as comunidades indígenas, os imigrantes, as minorias étnicas e as famílias monoparentais encabeçadas por mulheres, cujos salários são inferiores aos dos homens ainda que ocupem o mesmo posto trabalhista.

Esses resultados acenderam o alarme entre meios de imprensa e analistas, que qualificaram a situação de vergonhosa e abusiva para um país que se orgulha de se livrar com sucesso da recessão de 2008 e avançar com passos sólidos em matéria financeira.

A indignação foi maior devido ao alto índice de pobreza infantil, resumido pelo lugar informativo Rabble como “um crime diário infligido aos infantes de uma sociedade endinheirada que prometeu há anos eliminá-lo pela raiz mas continua sem fazer nada a respeito.”

O estudo da CBC corroborou também um alerta emitido em dezembro passado pela vice-presidenta do Comitê de Direitos da Criança da ONU, Marta Mauras, sobre a resposta ineficaz das autoridades de Ottawa a essa tendência social, ainda que disponha dos meios para revertê-la.

“Trata-se de um deterioramento em relação há 10 anos”, disse a servidora pública ao citar estatísticas do Fundo de Nações Unidas para a Infância (Unicef) que posicionam a Canadá no posto 24 dos 35 países industrializados com as piores políticas de atenção aos menores desabrigados.

O relatório da Unicef também destacou aos aborígenes como o setor mais afetado, porque tem um em cada quatro menores na pobreza.

A agência mundial detectou um número significativo de crianças com baixo peso corporal, mecanismos inadequados e uma coordenação insuficiente entre diferentes organismos do governo canadense para monitorar o bem-estar da população infantil, entre outras irregularidades.

CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS

Vários agrupamentos defensores dos direitos civis alertaram há anos no Canadá sobre o impacto nos cidadãos de poucos rendimentos econômicos das férreas políticas fiscais e monetárias do Estado para compensar seu déficit sobre impostos.

Segundo a Coalizão Ecumênica pela Justiça Econômica, a estratégia de Ottawa contra o débito federal resultou em uma erosão gradual dos programas sociais, a atenção médica e a educação para os filhos de trabalhadores com baixos recursos financeiros.

Essas drásticas medidas implicaram a um aumento de 31 por cento dos canadenses dependentes dos programas públicos para comer durante o último período, como uma opção a fim de tentar chegar a fim de mês e pagar as faturas domésticas.

Só em março de 2012, mais de 882 mil pessoas foram a centros desse tipo, o que representa um incremento de 2,4 por cento com respeito ao ano precedente, segundo o relatório anual dos Bancos de Alimentos, que recolhem produtos de comércios, empresas ou particulares para os repartir aos precisados.

Dessa cifra -denunciou o texto- 93 mil cidadãos recorreram pela primeira vez a instituições onde elaboram, servem ou distribuem comida gratuita, e 38 por cento dos usuários são crianças e jovens procedentes de famílias pobres.

A investigação da CBC valida todos esses argumentos, augura funestas consequências para os que nascem e crescem em lares com carências materiais, mas também para a capacidade do país de manter o crescimento econômico no futuro.

“As crianças que experimentam a pobreza estão mais propensos a sofrer problemas de saúde, transtornos de conduta e no desenvolvimento físico. Ademais, terá repercussão negativa no rendimento escolar e nas futuras oportunidades que possam encontrar na vida,” indica a nota.

Segundo os especialistas, os custos em longo prazo para a sociedade serão um elevado número de jovens sem educação e desempregados, maiores despesas sociais, mais adolescentes grávidas, um incremento da delinquência e um alto consumo de drogas.

A CBC alerta que essa situação persistirá e poderá se agravar no Canadá enquanto continue a distribuição desigual da riqueza.

Para revertê-la, seus especialistas sugerem ao governo do premiê Stephen Harper implementar estratégias trabalhistas realmente efetivas, garantir empregos bem remunerados, ampliar os centros de cuidado infantil e introduzir incentivos fiscais para os trabalhadores com salários baixos.

Também recomendam o investimento em moradias mais acessíveis para que a população não se veja obrigada a eleger entre pagar o aluguel ou comprar alimentos, bem como melhorar a formação das novas gerações e aumentar as pensões dos idosos a fim de que possam manter acima do nível da pobreza.

*Jornalista da redação da América do Norte da Prensa Latina.

Las caras de la pobreza en la próspera Canadá

Por Yolaidy Martínez Ruiz. *

La Habana (PL) El proverbio “no todo lo que brilla es oro” sería ideal para hablar de Canadá porque su fama de ser próspera y ostentar un alto nivel de vida peligra ante un incremento sostenido de la pobreza.

Un reciente estudio muestra el fracaso del gobierno federal en frenar y resolver las persistentes desigualdades socioeconómicas que enfrentan sectores tan vulnerables como niños, jóvenes, mujeres y ancianos desde los años 90.

La organización independiente Junta de Conferencia de Canadá (CBC, por sus siglas en inglés) pesquisó a 17 naciones industrializadas y midió el desempeño de sus administraciones en diferentes parámetros relacionados con el bienestar de los ciudadanos.

Dicha indagación ubicó al país norteño en el décimo quinto puesto de ese listado con una nota baja (C) en cuanto a la lucha contra la pobreza infantil, cuya proporción pasó de 12,8 por ciento a 15,1 en la actualidad, o sea, uno de cada siete menores.

Canadá tristemente conserva tal clasificación desde 1989, justo cuando todos los partidos políticos con representación en la Cámara de los Comunes se comprometieron en erradicar ese flagelo social hacia el año 2000.

Los investigadores de la Junta consideran el dato un mal augurio para el futuro porque también detectaron que cada vez hay menos jóvenes que asisten con regularidad a las escuelas y están motivados por superarse.

En el caso de los adultos, el material ilustró que una de cada 10 personas en edad laboral vive por debajo de la pobreza, lo cual representa un incremento de 9,4 a 11,11 por ciento en el periodo estudiado.

Además, mostró una brecha mayor entre los canadienses más ricos con los de las clases media y baja.

Según la Junta, los segmentos poblacionales más golpeados por la pobreza en Canadá son las comunidades indígenas, los inmigrantes, las minorías étnicas y las familias monoparentales encabezadas por mujeres, cuyos salarios son inferiores a los de los hombres aunque ocupen el mismo puesto laboral.

Esos resultados encendieron la alarma entre medios de prensa y analistas, quienes calificaron la situación de vergonzosa y abusiva para un país que se enorgullece de sortear con éxito la recesión de 2008 y avanzar con pasos sólidos en materia financiera.

La indignación fue mayor debido al alto índice de pobreza infantil, resumido por el sitio informativo Rabble como “un crimen diario infligido a los infantes de una sociedad adinerada que prometió hace años eliminarlo de raíz pero continúa sin hacer nada al respecto.”

El estudio de la CBC corroboró también una alerta emitida en diciembre pasado por la vicepresidenta del Comité de Derechos del Niño de la ONU, Marta Mauras, sobre la respuesta ineficaz de las autoridades de Ottawa a esa tendencia social, aunque dispone de los medios para revertirla.

“Se trata de un deterioro en relación con 10 años atrás”, dijo la funcionaria al citar estadísticas del Fondo de Naciones Unidas para la Infancia (Unicef) que posicionan a Canadá en el puesto 24 de los 35 países industrializados con las peores políticas de atención a los menores desamparados.

El informe de la Unicef también señaló a los aborígenes como el sector más afectado, porque tiene uno de cada cuatro menores en la pobreza.

La agencia mundial detectó, asimismo, un número significativo de niños con bajo peso corporal, mecanismos inadecuados y una coordinación insuficiente entre distintos organismos del gobierno canadiense para monitorear el bienestar de la población infantil, entre otras irregularidades.

CAUSAS Y CONSECUENCIAS

Varias agrupaciones defensoras de los derechos civiles alertaron desde hace años en Canadá sobre el impacto en los ciudadanos de pocos ingresos económicos de las férreas políticas fiscales y monetarias del Estado para compensar su déficit presupuestal.

Según la Coalición Ecuménica por la Justicia Económica, la estrategia de Ottawa contra el débito federal resultó en una erosión gradual de los programas sociales, la atención médica y la educación para los hijos de trabajadores con bajos recursos financieros.

Esas drásticas medidas conllevaron a un aumento de 31 por ciento de los canadienses dependientes de los programas públicos para comer durante el último lustro, como un opción a fin de intentar llegar a fin de mes y pagar las facturas domésticas.

Solo en marzo de 2012, más de 882 mil personas acudieron a centros de ese tipo, lo cual representa un incremento de 2,4 por ciento respecto al año precedente, según el informe anual de los Bancos de Alimentos, que recogen productos de comercios, empresas o particulares para repartirlos a los necesitados.

De esa cifra -precisó el texto- 93 mil ciudadanos recurrieron por primera vez a instituciones donde elaboran, sirven o distribuyen comida gratuita, y 38 por ciento de los usuarios son niños y jóvenes procedentes de familias pobres.

La investigación de la CBC valida todos esos argumentos, augura funestas consecuencias para quienes nacen y crecen en hogares con carencias materiales, pero también para la capacidad del país de mantener el crecimiento económico en el futuro.

“Los niños que experimentan la pobreza están más propensos a sufrir problemas de salud, trastornos de conducta y en el desarrollo físico. Además, habrá repercusión negativa en el rendimiento escolar y en las futuras oportunidades que puedan encontrar en la vida,” indica el reporte.

Según los expertos, los costos a largo plazo para la sociedad serán un elevado número de jóvenes sin educación y desempleados, mayores gastos sociales, más embarazos de adolescentes, un incremento de la delincuencia y un alto consumo de drogas.

La CBC alerta que esa situación persistirá y podría agravarse en Canadá mientras continúe la distribución desigual de la riqueza.

Para revertirla, sus expertos sugieren al gobierno del primer ministro Stephen Harper implementar estrategias laborales realmente efectivas, garantizar empleos bien remunerados, ampliar los centros de cuidado infantil e introducir incentivos fiscales para los trabajadores con salarios bajos.

También recomiendan la inversión en viviendas más asequibles para que la población no se vea obligada a elegir entre pagar el alquiler o comprar alimentos, así como mejorar la formación de las nuevas generaciones y aumentar las pensiones de los ancianos a fin de que puedan mantenerse por encima del nivel de la pobreza.

*Periodista de la redacción Norteamérica de Prensa Latina.

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