Artista travesti tem exposição cancelada pela Aliança Francesa por ser “inadequada”

Foto: Convenção de Malabarismo e Circo de Florianópolis

A artista e travesti Vulcanica Pokaropa recebeu a notícia nessa quinta-feira, 23, que sua exposição marcada para 8 de fevereiro havia sido cancelada. Vulcanica havia sido selecionada através de edital de Arte Contemporânea da Aliança Francesa de Florianópolis, alcançando a 3ª colocação, o que lhe daria o direito, dentre outros, a uma exposição individual no Memorial Meyer Filho. Porém, a empresa entrou em contato com a artista informando que a exposição havia sido cancelada, pois a gerencia julgou “inadequado vincular o nome dos patrocinadores a tal conteúdo”.

O trabalho selecionado, intitulado “Desaquenda”, produzida pela Cucetas Produções, que está disponível no youtube (https://www.youtube.com/channel/UCWL4Key_oqqWkVAqS-AMrwg) consiste na exibição de episódios da série homônima que Vulcanica produz e que reúne entrevistas com diversos artistas trans, travestis e não-binários. As entrevistas versam sobre arte, performance, teatro, processos de formação, vulnerabilidades, entre outros temas que Vulcanica pesquisa em seu trabalho de mestrado em Teatro, pela Universidade do Estado de Santa Catarina.

“É muito significativo que meu trabalho tenha sido ‘desclassificado’ mesmo após selecionado”, diz Vulcanica. Ela alega, ainda, que não lhe foi dada nenhuma alternativa – como, por exemplo, informar no local a classificação indicativa do trabalho; para que a exposição pudesse acontecer. Completa: “Para mim é evidente que se trata de transfobia”.

Frente a tal situação, Vulcanica divulgou o acontecido em suas redes sociais e rapidamente alcançou centenas de compartilhamentos. A Aliança Francesa de Florianópolis, então, lançou uma nota afirmando que “de forma nenhuma buscou-se impedir a apresentação artística de uma artista transexual” e alegou que o conteúdo da exposição não correspondia ao material enviado ao júri e alertou sobre a impossibilidade de a artista expor cenas sexuais explícitas, porém no está previsto no edital que a exposição não poderia ter classificação etária maior de 16 ou 18, ou seja, por vias legais, a exposição poderia sim acontecer.

“Enviei todos os materiais no formulário de inscrição, que, aliás, foi analisado e selecionado, portanto é evidente que o problema não é por divergência de conteúdo, o júri sabia do que se tratava desde o princípio”, respondeu Vulcanica e disse que irá entrar com processo judicial contra a empresa.

Matéria Enviada por Vulcanica Pokaropa.

 

1 COMENTÁRIO

  1. Lamentável que em 2019 ainda tenha casos de censura e preconceito!!
    Alem disso esse concurso não é confiável, em todas as ediçoes acontece algum problema e o juri não é confiável. Vários artistas reclamaram que não tiveram nem os trabalhos vistos pelo juri…. que concurso é esse que nem olha os formulários para escolher os vencedores???
    Lamentável. Forças para a artista!!

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