Arte e política: os rastros de Bruno Barbi. Por Néri Pedroso

Pinturas de Bruno Barbi da série “Pertencimento” (2021), aquarelada em papel artesanal que ganha nova exposição na Galeria Lama Tóia Oliveria/Foto Divulgação

Por Néri Pedroso, para Desacato.info.

Um francês que nasceu em 13 maio de 1978 em Toulouse, na França, Bruno Barbi vive e atua em Florianópolis (SC). O dia de nascimento pode determinar uma linha estruturante na vida de uma pessoa? Nesse caso, parece que sim. O 13 de maio, no Brasil, serve para comemorar o aniversário do artista e para lembrar a assinatura da Lei Áurea (1988) que libertou os escravos. Ou seria mera coincidência que o seu pensamento e poética estejam em sintonia com a luta dos negros? Sua arte está colocada a serviço da luta descolonial e da resistência antirracista. Parte de sua produção poderá ser vista, a partir do dia 11 de fevereiro, na Galeria Lama, na capital catarinense, onde expõe a série “Pertencimento”, um conjunto de obras que sofreu racismo em um dos mais importantes shoppings da cidade.

Com formação em arquitetura, Barbi muda o rumo de própria vida em 2011 para adotar as artes visuais como profissão, um salto no improvável que requer sobretudo coragem em especial em Santa Catarina, onde poucos se mantêm só com os rendimentos advindos desta atividade. A celebração de dez anos neste percurso ocorreu no ano passado com o Circuito Cidade Negra que tomou conta das ruas de Florianópolis e com o qual homenageou 16 personalidades, das quais 15 afrodescendentes, com seus retratos pintados em portas de armários telefônicos. O projeto foi encerrado em novembro último com o lançamento do documentário que, agora, ganha nova versão com a inserção da tradução de libras, para ser exibido no YouTube no canal Street Art Tour e no site do artista.

As pinturas, aquarelas e ilustrações situam-se na clave de uma arte de engajamento, com o desejo de democratizar o acesso a uma produção que dá visibilidade aos excluídos que são maioria no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que 54% da população brasileira é negra. Inserido em ações afirmativas e os movimentos sociais, Barbi denuncia o abismo racial, e os programas hegemônicos e coloniais.

“Quero, como artista, deixar um legado na minha cidade, procuro realmente ser um agente da coletividade. Uns acham ingênuo, hipócrita, há quem ache idealista em excesso. É como me sinto bem, quero provocar, incomodar, ouvir, aprender, olhar nos olhos, pintar os olhares”, diz Bruno Barbi nesta entrevista exclusiva para o Portal Desacato com a qual ajuda a ampliar a compreensão sobre a sua arte e luta.

“A causa negra

sempre me

foi cara”

“É muito fácil

se fingir de

antirracista”

Você começa 2022 com a retomada da exposição “Pertencimento”, que no ano passado foi censurada pelo Shopping Iguatemi, em Florianópolis.  Dos dez trabalhos que compõem a série, apenas sete serão expostos a partir do dia 11 de fevereiro, na Galeria Lama. Conte um pouco sobre a criação, os personagens e suas expectativas com a nova exposição.

Bruno Barbi – A série é aquarelada em papel artesanal. Sua produção começou em dezembro de 2020 e foram praticamente seis meses de preparação e trabalho. Uma breve história sobre a descoberta desse suporte, o papel artesanal: meu pai Ivo e Antônio, meu irmãozinho de seis anos, em isolamento durante momentos críticos da pandemia, inventaram mil atividades para se distrair, se instruir e se divertir. Um dia, ao visitá-los, vi que eles tinham passado a semana produzindo papel artesanal de forma experimental, em pequenos formatos. Achei um trabalho lindo e me instigou a tentar pintar sobre ele, daí tive um insight “e se eu fizesse uma série aquarelada nesse tipo de suporte” e perguntei se eles conseguiriam fazer os papeis em grandes formatos. Não, porque não tinham tempo, material e conhecimento apurado para isso. Então, fui atrás de alguém que produzisse profissionalmente o papel no formato desejado e cheguei à professora Patrícia Amante que me abriu armários cheios de folhas de papel artesanal produzidos por ela e os alunos no Centro Integrado de Cultura (CIC). Adquiri a quantidade para realizar a série e comecei a trabalhar. Fiz a primeira pintura, totalmente experimental, sem saber se realmente funcionaria e deu bem mais certo do que eu esperava… essa é a história, digamos, técnica, da produção da série. Sempre que parto para criar uma figura humana, pego alguma referência de movimento em foto, de uma fonte aleatória, para me direcionar ao que pretendo como expressão corporal. Com esse fim, já cheguei até a fazer foto de celular de mim mesmo. Para construir as personagens fictícias da série, fiz o mesmo caminho para o desenho. Quando começo a pintar, elas vão ganhando vida própria e pedindo o que eu nem sei, nem planejei anteriormente. A série original era de dez quadros, mas em cada temporada, vendi um, por isso agora exponho sete.

“Pertencimento”, personagens ficcionais para dar visibilidade a quem sofre os violentos efeitos do racismo estrutural no Brasil. Fotos: Divulgação

A censura pelo Shopping Iguatemi, em 2021, resultou numa exposição na Galeria de Arte do Mercado Público. Fora isso, você enfrenta provocações racistas na rua enquanto pinta representações expressivas afrodescendentes como ocorreu no projeto Circuito Cidade Negra. Conte um pouco sobre essas experiências?

Barbi – Tentam me inserir num mercado hegemônico, provinciano típico local. Nos últimos anos, as pautas dos direitos sociais dos negros, indígenas, mulheres e LGBTs têm ganhado espaço nas discussões em todos os lugares. Logo o neoliberalismo se apropria, massifica, deixa o debate raso, chama de identitário, procura transformar em mercadoria e tenta me colocar num lugar romântico de herói de alguma coisa, um tipo de “princeso isabel”. Quando o shopping mais burguês da cidade convida para expor, já sabem o que vou levar, mas provavelmente chamem mesmo por causa disso. Só se enganam quando pedem para abordar o assunto “de forma leve”’, no País que mais se utilizou do trabalho escravo legalizado, que teve uma abolição totalmente fajuta, que nunca assumiu sua história escravista e racista, que é desonesto com o povo e sua memória quando não promove discussões nas escolas, universidades, museus e galerias. Pregam uma democracia racial que faz todos acreditarem que não existe racismo e segregação, em nome de não se comprometerem com a mudança necessária para mover as estruturas e romper privilégios, como os meus que deveriam ser apenas direitos de todos e outros, privilégios dos super ricos que detêm o domínio sobre o inconsciente coletivo e os projetos de País. Quando levo para dentro do shopping, além de dez quadros de rostos de mulheres negras aquarelados, a voz real com as dores, angústias e demandas de uma mulher negra de origem periférica, isso os incomoda e o racismo aparece em forma de censura. A exposição foi cancelada sem justificativa honesta 40 horas antes da abertura oficial. Com isso, a série de quadros, a discussão proposta e o tal racismo velado, no fim das contas, ganharam a projeção necessária. Fiquei feliz, satisfeito em poder provocar tudo isso, por que é muito fácil se fingir de antirracista. Com o episódio, recebi muito apoio de organizações, imprensa alternativa, galerias, locais públicos e privados de exposição, artistas, militantes e os artistas Cazão e Hugo Rubilar, que entrariam no espaço do shopping, na sequência da minha temporada. Eles suspenderam suas datas em solidariedade. Quando recebi um convite da Galeria de Arte do Mercado Público, achei que seria um bonito contraponto, convidá-los para uma coletiva lá, onde fomos lindamente acolhidos e respeitados.

Sobre as manifestações explicitamente racistas que presencio, as reflexões são basicamente duas: se eu pintando negras e negros ouço isso, imagina só a dor desse povo que passa diuturnamente por coisa pior. E outra, suponho que essas pessoas, em sua grande maioria homens brancos heteros velhos, me veem como alguém que será condescendente, que vai entender, afinal também sou um deles. Sentem-se autorizados de certa forma a serem racistas na minha frente, porque afinal, o que tem demais, só estão defendendo “nossa” hegemonia. Sempre reajo com firmeza e combatividade, sempre!

O artista e, ao fundo, pintura do Circuito Cidade Negra homenageando JB Costa, ator e boêmio, operário da cultura, com 30 anos de serviços prestados ao movimento cultural de Florianópolis

O fato de ser um francês – que significado isso assume na sua vida? Faz diferença? Tem dupla cidadania?

Barbi – A minha família é toda catarinense, da parte materna, toda do centro da cidade. Meus irmãos também são todos daqui. Nasci em Toulouse, na França quando meu pai fazia doutorado em 1978 e vim para Florianópolis em 1980. No meio artístico e jornalístico as pessoas gostam de mencionar esse fato e até explorá-lo. Lembro da primeira nota que saiu no jornal ainda em 2011, em que o jornalista dizia “Bruno Barbi, o artista francês que escolheu Florianópolis para viver”, quando na verdade não foi nada disso..(risos). Meus pais eram muito jovens, eu passei boa parte do meu primeiro ano de vida hospitalizado na França. Foi um período difícil, sem nenhum glamour. Nunca fui estimulado a manter laços com Toulouse. Nesses dez anos de arte conheci dois artistas de lá, mas não conheço a cidade.

O artista que nasceu em Toulousse, na França, mas não conhece a cidade natal

De que modo se constitui o artista?

Barbi – Já na primeira infância, até os seis anos, era notável a vocação natural para o desenho artístico, em especial para o desenho da figura humana, de forma intuitiva, criativa, com riqueza de detalhes e proporções realistas. Nesta fase, o desenho fazia parte do desenvolvimento de toda criança (ou pelo menos deveria), fui demonstrando essa habilidade, me destacando em atividades escolares e concursos de desenho. Meus pais sempre fomentaram arte em cultura de forma geral em casa e com seus olhares atentos, identificavam meu pendor pelas artes. Ainda nesse período, eu e meus irmãos fomos apresentados ao universo da música, tanto popular quanto erudita e isso também contribuiu na formação e lapidação cultural. Lembro de duas passagens marcantes da pré-adolescência no que diz respeito ao desenho: um grande amigo do meu pai, engenheiro civil, ainda quando os projetos de arquitetura e engenharia eram feitos à mão, tinha em sua casa um ambiente de trabalho com prancheta, réguas, lápis canetas e croquis, algo absolutamente fascinante para mim, e um tio materno que sempre gostou de desenho artístico por hobby. Ele tinha um caderno com desenhos de carros e rostos de celebridades da época feitas por ele à caneta.

O artista é fruto de todas as vivências que forjaram minha personalidade e identidade artística. Passei por problemas sérios de saúde ao longo da vida, que me deixavam extremamente vulnerável, exigindo serenidade, força e resiliência contínuas, e também constantes cuidados, tanto por meu núcleo mais próximo quanto por pessoas com as quais nunca mais tive contato, como profissionais de saúde, por exemplo. Isso fez o artista que sou, porque hoje vejo a oportunidade de usar a arte como agente para retribuir ao mundo tudo o que recebi, como uma corrente que recebe de um lado e oferece de outro. Toda essa vivência me colocou sensível à dor das pessoas e acho que essa humanidade move minha arte.

Quais são suas ambições enquanto artista?

Barbi – Curioso que, na minha infância, sempre fui visto como alguém sem ambição, por que a ideia de ambição disseminada pelo capitalismo me interessa pouco. Nunca fui um bom competidor, alguém de investidas agressivas. Eu gosto mesmo é de gente, de abraços, de oferecer, de receber, de troca. Quero, como artista, deixar um legado na minha cidade, procuro realmente ser um agente da coletividade. Uns acham ingênuo, hipócrita, há quem ache idealista em excesso. É como me sinto bem, quero provocar, incomodar, ouvir, aprender, olhar nos olhos, pintar os olhares. Quem me conhece desde a infância sabe que o artista não se afasta do cidadão. Trata-se de uma postura humana, que valoriza a humanidade.

Barbi e a sua cachorra Preta, resgatada há oito anos de situação de maus tratos. “Hoje ela é a minha sombra”, diz o artista

Como explica a sua aguda sensibilidade social e antirracista? Vem de berço?

Barbi – Quando inicio a trajetória profissional nas artes visuais em 2011, tomado por uma ansiedade com a reviravolta na minha vida e a possibilidade de me reconectar com a arte depois de tantos anos, reacendendo o desejo de infância de ser efetivamente um artista, me jogo com uma pintura extremamente imatura e incipiente, mas com a nitidez de que precisava ir em busca de uma marca. Nesse processo três desdobramentos paralelos: treino, experimentação e a apuração das técnicas, o interesse de me aprofundar na compreensão da história negra brasileira e a percepção de que, de alguma forma, a causa negra sempre me foi cara. Mesmo sem ter consciência e em muitos momentos da vida tive ligações fortes com pessoas, situações, vivências que me colocaram sensível a ela. Em primeiro lugar, nasci no dia 13 de maio de 1978, data em que essa abolição (escravatura no Brasil) inacabada e mal contada completava 90 anos. Lembro de nos primeiros anos de escola, me causar desconforto de que o meu aniversário era o único dia em que se falavam de negros na sala de aula, sempre de uma perspectiva europeizada que humilhava e constrangia amigas e amigos negros. Eu estudei no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) num tempo em que integralmente os alunos eram filhos de professores ou funcionários. Ali eram visíveis as diferenças de quem morava próximo à escola – vinha de carro, com uniforme limpo, tênis de grife, bem alimentado, que no recreio nem passava perto da fila da merenda -, e de quem morava longe que vinha de ônibus, a pé, com uniforme muitas vezes sujo, já passado de geração em geração, de chinelos, no intervalo não perdia por nada o risoto, porque possivelmente era sua primeira refeição do dia. Isso me tocava. Não lembro de corroborar com os grupos segregadores que faziam piadas preconceituosas com os amigos negros, com as meninas, com xingamentos homofóbicos. Outra coisa importante é que passei a infância e adolescência sempre cercado de cuidados de muita gente. A gente sabe que o corpo docente primário e as equipes de enfermagem têm uma predominância feminina porque estruturalmente as mulheres sempre estiveram mais ligadas ao cuidado do que os homens. No caso da enfermagem há muitas mulheres negras. Isso se internalizou e me colocou sensível à essas pessoas sem nunca perceber. Nesse processo de aprofundamento da arte e da consciência antirracista fui me vendo nessas situações e notando como tudo formou meu caráter e identidade. Essa tomada de consciência me despertou para a história profunda do Brasil, para a leitura, para uma escuta ativa, para perceber a urgência e a centralidade do assunto. Ao mesmo tempo, o quadro político, que vinha de uma série de avanços na discussão mais profunda, com políticas públicas de educação, direitos sociais, cultura e saúde, começa a ser golpeado em anos subsequentes de ataques à democracia, soberania e direitos. Em retaliação, o quadro social degradou muito. Nesse momento eu já estava totalmente imerso no compromisso assumido de saber de onde a gente vinha, onde a gente está e de que forma eu poderia contribuir com as lutas do povo negros e de todas as minorias representativas.

Última arte mural feita em 2021, na parede de entrada do Franz Cabaret, lugar referencial de entretenimento, cultura e gastronomia em Florianópolis

Você crê no movimento afro feminista como um radical propulsor para a evolução no Brasil e no mundo. As mulheres negras estão em destaque dentro da sua produção. Qual o lugar que elas efetivamente ocupam em sua vida e trajetória?

Barbi – As mulheres negras é que estão capitaneando os movimentos mais efetivos, a revolução se dará pelas mãos da mulher negra. Angela Davis, liderança histórica e referência de luta afro feminista estadunidense, diz que quando uma mulher negra se movimenta, toda a sociedade se movimenta com ela, e acredito muito nisso. A representação da mulher negra me ensina todos os dias. Ali tem cuidado, força, coragem, resistência, afetividade, conhecimento ancestral e acadêmico, porque a posição da mulher negra hoje nas universidades, nos movimentos sociais, na renovação da política institucional é de liderança, potência e voz. Esse protagonismo, inclusive, perturba os movimentos hegemônicos e tenta a todo custo reverter os avanços do período progressista, entre outras coisas. A gente sabe que a história é cíclica e que todas as vezes que tiveram projetos mínimos de inclusão da base social de cidadania e dignidade, de educação, cultura e poder de compra, ameaçando a hegemonia branca, masculina, capitalista, fomos submetidos a golpes de Estado e retomadas autoritárias, como no momento vigente. Viva a mulher negra! É daqui para frente e eu sei onde estarei. Quem não se posiciona diante desse quadro atual, já escolheu um lado.

Aquarelado em papel canson, criação sob encomenda em homenagem à vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018

Você integra a banda The Dolls. Como as artes visuais e a música se aproximam dentro de sua vida? Pelo underground?

Barbi – A The Dolls, banda de rock com 18 anos de serviços prestados ao underground mané, encerrou definitivamente suas atividades em 2019. Durante a pandemia, convidei dois amigos de vida, de 30 anos de amizade para formar um projeto novo que se chama Cicatrice.

Cicatrice, escrevi num release, é cura e convergência. “Em meio à pandemia, o encontro virtual de ideias e visões de mundo de pessoas que têm em comum uma história dedicada à arte marginal, forma Cicatrice, que é esse lugar onde fica uma marca condicionada pela influência do que vem de todos os lados, que amarra os tecidos, que conta uma história e abre possibilidades. Nunca é apenas arte pela arte, é sempre uma forma de se colocar politicamente, de manifestar descontentamento e resistir. Essa ideia surge como aqueles encontros bêbados nos balcões dos inferninhos, mas sem aquele idealismo besta de que vai mudar o mundo e, no dia seguinte, nem lembra do que falou, atitude típica da juventude. Essas pessoas se encontram sem a certeza das coisas, fazem da dúvida a revolução e o legado. O inesperado, a surpresa e o afeto colocam esse som onde ele chegou, sem classificação que o impeça de se mover em todas as direções a qualquer tempo, em nome da liberdade que nos move. Com elementos do rock puro, do pós-punk, da música eletrônica e outros universos que orbitam nossas histórias, Cicatrice não propõe um fim, mas o que pode ser mais instigante do que não ter saída?” De alguma maneira sempre foram dois movimentos independentes na minha história, que nunca se cruzaram, mas pensando onde eles se encontram, é na arte contra hegemônica, original e combativa. No underground.

Quais foram os impactos da pandemia da covid-19 na sua atividade e rendimentos?

Barbi – Como, de alguma forma o público que consome arte, pôde fazer isolamento social, pôde manter sua renda, isso de alguma forma impactou positivamente no meu trabalho, num primeiro momento, na medida em que as pessoas passando mais tempo em suas casas, buscaram mais pinturas para decorar seus espaços. O impacto negativo da pandemia se deu mesmo no âmbito da saúde, porque precisei parar momentaneamente atividade física que eu fazia na academia do bairro e o tratamento regular que o centro de saúde me oferecia, para não me expor ao contágio (ambos, absolutamente indispensáveis pra minha disposição física), com isso, praticamente o último semestre de 2021 foi bastante afetado, prejudicando substancialmente meu trabalho é minha renda. Agora com três doses de vacina contra a covid-19, estou retomando aos poucos…

Você conta agora com a consultoria da produtora cultural Francine Goudel? Poderia falar desta parceria?

Barbi Em 2015, trabalhei com a Fran pela primeira vez. Realizamos muitas coisas juntos entre exposições, ações de divulgação e criação de espaços virtuais, como o site brunobarbi.com, e-mail e redes sociais voltadas especificamente para a minha arte e ativismo. No ano seguinte ela seguiu seus projetos pessoais e eu os meus. Com isso, o site aos poucos desatualizou, visto o volume de realizações de lá para cá e a minha filha inabilidade com esse universo. Em meados de 2021 voltamos a conversar sobre a reformulação e atualização do site, com todas as realizações mais recentes. Francine fez e continua fazendo ali um trabalho brilhante.

O seu trabalho é caro? Quanto custa uma aquarela, um retrato?

Barbi – Muitas vezes as pessoas deixam de sondar, por achar que possa ser inacessível. Hoje, trabalho basicamente em três frentes: encomendas em aquarela sobre papel canson, nos tamanhos padrão de papel A4, A3, A2 e A1 partem de R$ 200 e vão até R$ 600,00, com possibilidades inclusive de parcelamento, dependendo do caso; as artes murais que dependem de muitos fatores para orçar como dimensão, superfície, altura, e outros mais subjetivos, relacionados à sua função social, o que é determinante para flexibilizar ou não os valores. E, por fim, ilustrações em livros, desenvolvimento de identidades visuais, coisas eminentemente ligadas ao ativismo, o que induz muitas vezes a orçamentos mais flexíveis e negociáveis.

SERVIÇO

O quê: Exposição “Pertencimento”

Quando: 11.2 (abertura às 19h) até 2.3.2022

Onde: Galeria Lama, av. Hercílio Luz, 1364, centro, Florianópolis (SC)

Quanto: Gratuito

SAIBA MAIS:

www.brunobarbi.com

@artedobrunobarbi

[email protected]

aartedobrunobarbi (Facebook)

(48) 9641-9422 (tel.)

Néri Pedroso é Jornalista, integrante da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Entrevista produzida especialmente para o Desacato como reconhecimento da importância desta plataforma de comunicação.

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