Argentina: governo dá ultimato para Clarín adequar-se à Lei de Meios

O governo da presidenta Cristina Fernández de Kirchner foi a campo ontem (23), dia de futebol na Argentina, para colocar o Grupo Clarín na marca do pênalti. De acordo com o vídeo veiculado pela TV Pública antes da 8ª rodada do campeonato nacional, o maior conglomerado de mídia do país deve adequar-se à Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual antes do próximo dia 7 de dezembro. Se não, as autoridades vão adotar um esquema tático mais ofensivo.

“Se o Grupo Clarín continuar se negando a cumprir a lei, o Estado se verá obrigado a realizar um concurso público para repassar aquelas licenças que excedem o máximo permitido pela lei a novos titulares, que, obviamente, deverão cumprir com todos os requisitos legais”, diz o vídeo. “O Estado argentino não vai expropriar nem estatizar meios de comunicação: vai garantir os postos de trabalho e o cumprimento de uma lei que democratiza a informação na República argentina.”

Com o alerta, o governo pretende fazer cumprir o artigo 161 da legislação que ficou conhecida como Lei de Meios e que foi aprovada pelo Congresso em outubro de 2009 – ou seja, há três anos – para substituir o texto anterior, elaborado durante a ditadura (1976-1986). A lei vigente estabelece um limite ao número de licenças audiovisuais que podem ser geridas por cada grupo empresarial do país: 24 concessões de tevê a cabo e 10 abertas, sejam tevê ou rádios AM e FM. “O Grupo Clarín tem mais de 240 licenças de tevê a cabo, além de nove rádios AM, uma FM e quatro canais de televisão aberta”, diz o vídeo. “É uma verdadeira cadeia nacional ilegal.”

Acima da lei

De acordo com o governo, todas as demais empresas midiáticas, que são menores que o Clarín, já se adequaram à Lei de Meios. “No dia 22 de maio de 2012, a Corte Suprema de Justiça determinou a vigência do artigo 161 e determinou o dia 7 de dezembro como data limite para cumprir a lei”, completa, reforçando que o Grupo Clarín está ignorando os três poderes da República ao não se adequar à legislação, não aceitar as decisões judiciais e não subordinar-se à Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca), agência reguladora do setor.

O Grupo Clarín não deixou por menos e reforçou sua defesa: respondeu ao vídeo da Casa Rosada com outro vídeo, divulgado em sua página na internet. “No dia 7 não vai acontecer nada”, garante. “O Grupo Clarín impugnou judicialmente os artigos 161 e 45 por violar vários direitos constitucionais. Esse processo está em pleno trâmite. Para proteger esses direitos enquanto dure o processo, a Justiça baixou uma liminar, que foi ratificada pela Corte Suprema.”

A empresa acredita que, ao veicular uma peça de propaganda em cadeia nacional, aproveitando-se da audiência dominical do futebol, o governo kirchnerista não deseja apenas informar a torcida argentina sobre a lei e as medidas legais que serão adotadas pelo Estado. “Querem preparar o terreno para outra coisa? Querem acabar com o Estado de direito na Argentina?”, questiona.

Assista ao vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=R9mlrNpdd5w

Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br

Foto: Wikipedia.

 

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