Após casos de coronavírus, MPF e MPT recomendam que cooperativa no Paraná afaste indígenas do trabalho

Neste sábado (20) foram confirmados novos casos em aldeia de São Miguel do Iguaçu. Maioria dos testados trabalham em frigorífico em Matelândia

Indígenas fecharam a entrada de Ocoy após os casos de Covid-19 Foto: Celso Japoty Alves

Após a confirmação de pelo menos 13 casos de coronavírus na comunidade indígena de Ocoy, em São Miguel do Iguaçu (PR), sendo a maioria dos diagnosticados funcionários da Cooperativa Agroindustrial LAR, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério Público Federal (MPF) recomendou nesta sexta-feira (19) que a empresa afaste de forma remunerada os trabalhadores indígenas enquanto durar o período de pandemia da covid-19.

Segundo o cacique Celso Japoty Alves, 45 indígenas da comunidade são funcionários da LAR. Todos são moradores da aldeia Ocoy, uma terra indígena com cerca de 400 indígenas da etnia Avá-Guarani. Apesar de considerados “grupo de risco”, os indígenas que atuam no frigorífico, com sede em Matelândia, tiveram negados o afastamento prévio de seus postos de trabalho. Todos os casos positivos estão em isolamento na aldeia e outros moradores da comunidade aguardam resultados de exames.

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Diante do risco de um surto na comunidade, o MPT e MPF instauraram um procedimento e expediram recomendações à Cooperativa Lar, onde destacam a condição de risco dos povos indígenas. Os procuradores alertam que doenças respiratórias são as principais responsáveis pela mortalidade infantil em terras indígenas. O primeiro teste positivo em Ocoy foi em um bebê de pouco mais de 1 ano. A criança foi encaminhada na quinta-feira (18) ao hospital e no mesmo dia liberada para isolamento na aldeia.

O Ministério Público do Trabalho tem feito uma série de recomendações aos frigoríficos, locais considerados de alto risco de propagação do coronavírus. Tratam-se de ambientes fechados, com baixa circulação e renovação de ar, que não seguem regras de distanciamento, contam com pontos de aglomeração entre funcionários, como transporte coletivo, refeitórios, salas de descanso, vestiários e barreiras sanitárias.

No documento expedido nesta sexta-feira (19), os procuradores do MPT e MPF recomendam que a Cooperativa Lar adote a medida de afastamento remunerado dos indígenas no prazo de 5 dias. Além disso, é recomendado que não se proceda rescisões contratuais dos trabalhadores, pois isso será considerado ato discriminatório.

Ameaças

Desde a confirmação dos casos de Covid-19, os líderes de Ocoy adotaram medidas de isolamento, como o fechamento da entrada da aldeia. Na madrugada deste sábado (20), um homem invadiu a área e ameaçou as lideranças da comunidade. Segundo o cacique Celso Japoty Alves, o homem estava bastante alterado e embriagado. Após ameaçar indígenas, ele abandonou seu veículo na aldeia.

Após ameaçar indígenas, homem abandou carro na aldeia. Foto: Celso Japoty Alves

O cacique registrou o fato e entrou em contato com à polícia ainda na madrugada. Segundo Japoty, a situação aconteceu por volta das 3h da manhã. Até a manhã deste sábado (20), o automóvel permanecia abandonado na comunidade.

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