Após 21 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, organizações do campo se unem em Belém contra violência

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São 18 mortes em 2017 somente no Pará.

Movimentos Camponeses realizaram o seminário nacional pela democracia e contra a violência no Campo, em Belém do Pará. O evento marca a retomada conjunta da unidade das lutas das organizações do campo no estado, após 21 anos do Massacre de Eldorado.

Ulisses Manassas da Coordenação Nacional do MST falou da sensibilização de todos os setores da sociedade civil organizada, especialmente do campo, de todos os movimentos e organizações que constroem esse evento, que se tornou na atual conjuntura a referência de unidade contra a violência que assombra os trabalhadores e trabalhadoras da terra. “Retomamos com força a luta pela retomada da democracia contra os desmandos desse governo golpista” afirma.

Darci Frigo, presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), destacou o sistema arbitrário da justiça, em relação a mais uma chacina. “Isso demonstra que nossa constituição está sendo rasgada, através da destruição das políticas públicas para Reforma Agrária e de uma violável destruição dos direitos humanos”, defendeu.

Com toda a destruição e criminalização contra os movimentos sociais, direcionadas aos trabalhadores do campo, hoje se iguala ao caos da violência urbana. Há uma criminalização coletiva a todo e qualquer pobre, com destruição dos recursos naturais. No Pará, totalizam 18 assassinatos. Para o deputado federal Edimilson Rodrigues, do PSOL, é uma minoria nas resistências na luta dos movimentos sociais na Câmara. É uma força contra uma hegemonia da bancada da morte.

“Valeu a luta dos meninos do Araguaia, do deputado Paulo Fonteles, deputado João Batista e tantos outros? Acreditamos que é preciso compreender o que nos une estrategicamente! Acumulação de forças pela Reforma Agrária, na luta concreta e todas as forças políticas!”, salientou. O Deputado ainda declarou que no Pará há um descontrole total no estado. “Há total falta de autoridade, perda de controle do aparelho do Estado e nós somos juntos a força e resistência com os movimentos”, afirmou.

Nas palavras de Claudeci Ribeiro, irmã de Zé Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, assassinados em Novo Ipixuna em 2011: “Meu irmão incomodava muito. Eles pediam (Zé Claudio e Maria), falavam da destruição, pois a floresta está acabando. Eles tinham esta preocupação de defesa. Os Madeireiros, fazendeiros e carvoeiros… É uma organização. A luta continua e continuaremos lutando. Pedimos justiça, como vamos viver neste país de impunidade? Que todos gritem: Justiça!”, declarou.

Ao final, do seminário, deputado Bordalo, do Comitê Paraense de combate a Violência no Campo relatou que em audiência com o Governo, foi afirmado que houve sim em Pau’Darco um massacre, chacina, e isso não há dúvida. “Mas é preciso que os comandantes sejam identificados (delegado regional, secretário de segurança). Agora vamos pra luta! A terra é pra quem trabalha!”, finalizou, entoando a canção.
Deputados federais denunciam violência no meio rural

Um grupo de parlamentares do PT, entre eles Marcon (RS), Nilton Tatto (SP), Paulão (AL), foram recebidos na tarde da segunda-feira pelo Procurador Geral de Justiça do Estado do Pará, Gilberto Valente Martins. Eles cobraram ações para diminuir a violência no campo e exigiram que os culpados pelo assassinato de 10 trabalhadores rurais no município de Pau D’Arco, no Pará, em maio desde ano, sejam responsabilizados e punidos.

De acordo com o Procurador Geral do Pará, Gilberto Martins, o Ministério Público reconhece que houve um crime de genocídio em Pau D’Arco. Ele afirmou ainda que o Ministério Público e Polícia Federal estão trabalhando em conjunto nas investigações para que os culpados sejam punidos.

Os parlamentares participaram também, juntamente com o presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos, Darci Frigo, e representantes dos Movimentos Sociais do Campo, da entrega de um documento ao vice-governador do Pará, Zeca Marinho, exigindo providências para os conflitos de terra no Pará. O texto também pede o afastamento do secretário de Segurança Pública do Estado, Jeannot Jansen.

“Só no mês de maio foram registrados 18 mortes no campo no estado do Pará.  Exigimos que parem de matar o nosso povo que luta por terra, dignidade, por cidadania e por democracia,” disse o deputado Marcon, presente no ato pela democracia e contra a violência no Pará.

Fonte: MST.

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