Apesar da omissão do governo na tragédia do óleo no NE, Salles culpa PT por “fragilização de órgãos ambientais”

Para fugir da responsabilidade pela negligência no caso do vazamento de óleo, ministro do Meio Ambiente resolve atacar administrações anteriores.

Foto: Tomaz Silva / Agencia Brasil

A desfaçatez do governo de Jair Bolsonaro não tem limites. Apesar da omissão e negligência no caso da tragédia ambiental que atingiu dezenas de praias do Nordeste, com vazamento de óleo, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, resolveu culpar o PT pela “fragilização de órgãos ambientais” no Brasil.

“Grande parte dos problemas enfrentados sobre materiais ou dificuldades orçamentárias decorre de uma coisa: nós recebemos um Estado quebrado. Quebrado graças às políticas cujos alguns partidos estão representados aqui [na Câmara], que resultaram inclusive na prisão do presidente Lula e de tantos outros líderes políticos dessa corrente doutrinária”, declarou, em depoimento à Câmara.

Apesar da provocação, Salles disse que não queria politizar o debate com deputados da oposição, mas seguiu atacando. Ele afirmou que a “ineficiência, a corrupção e a malversação dos recursos públicos dos governos do PT não nos legaram um Estado pronto para responder”.

“Foi esse histórico, não só na parte do óleo, mas também na de Brumadinho, e certamente em tantas outras estruturas governamentais destruídas por essa visão equivocada de mundo. E por esse comportamento comprovadamente corrupto —tanto que o presidente [Lula] está preso— que nós tivemos a situação toda que nos levou a essa situação atual. Isso claro, sem querer politizar”, concluiu o ministro, arrancando risadas de vários parlamentares.

O ministro abordou, ainda, a decisão do governo Bolsonaro de extinguir dois comitês que integravam o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água (PNC). De acordo com ele, os comitês não tinham sido constituídos.

Mentira

As afirmações foram rebatidas pelo deputado João Campos (PSB-PE). Ele mostrou uma ata da terceira reunião do Comitê Executivo do PNC.

“Nessa reunião de 2018 foi aprovado o manual do Plano Nacional de Contingência. Quando o senhor fala que nenhum comitê existiu, a gente está com uma ata oficial da terceira reunião do comitê. Então, ele existiu sim. A nossa retórica não é mentirosa como o senhor disse. A sua retórica é mentirosa”, disse o deputado.

O mesmo documento levado pelo parlamentar mostra que houve, em setembro de 2017, um simulado com a participação de representantes do Comitê de Suporte do PNC, outro órgão extinto por Bolsonaro.

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