Alguns veículos da mídia distorcem protesto dos servidores da saúde

A factualidade cega deixa de lado as verdadeiras causas que repercutem no movimento atual da saúde. 

Sindsaúde SC.- Descontentamento, preocupação com as contas no final do mês e a vida após a aposentadoria. A análise de uma mobilização não pode ser medida pelo imediatismo da compreensão de apenas uma hora de cobertura jornalística, às vezes, muito menos que isso. Mais uma vez os trabalhadores da saúde têm desconsiderada sua luta e suas angústias como servidores. O ato que ocorreu no Hospital Regional de São José, na última terça-feira (04), reforçou uma preocupação da categoria. A perda da Hora Plantão e sua repercussão na vida de todos. Há casos de trabalhadores que têm 75% do salário complementado pela hora extra e dependem essencialmente disso para equilibrar as finanças. Revolta? Também, mas a melhor palavra para resumir o momento é desespero.

A mobilização da saúde, de forma alguma, é contra a reposição dos trabalhadores nos hospitais públicos estaduais. Pelo contrário, partiu sempre do SindSaúde, sindicato que representa a categoria, a cobrança pela realização do concurso público, o cumprimento das 30 horas semanais e condições de trabalho para os servidores. A admissão de mais trabalhadores da saúde é considerada conquista para todos e não veio de graça. Foram anos erguendo essa bandeira para sensibilizar o Governo. Apesar da contratação, que alivia, a defasagem no quadro de pessoal persiste e interfere no pleno funcionamento dos serviços.

Com a redução ou possível corte da HP, muitos trabalhadores estão realmente preocupados. A Hora Plantão foi criada como alternativa do Governo para suprir a falta de pessoal nas instituições. Com o passar de muitos anos, e com os salários baixos na saúde, foi inevitável a dependência estabelecida com o valor no contracheque. A saída adotada de complementar a renda (HP) tornou-se escravidão, o que significa jornadas excessivas de trabalho. E com consequências graves para muitos trabalhadores, vários adoeceram nesta logística, os índices de afastamento por doença ou tratamento de saúde estão aí para comprovar.

Portanto, o ato da saúde encabeçado nesta semana reaviva uma reivindicação da categoria: salário digno. Legítima e comprovada causa de uma classe que sofre dificuldades até para negociar as perdas salariais que se acumulam com os anos. Amparada por lei pela garantia da data-base, vê ignorado o direito por um Governo que não explica muito e dita medidas de corte sem considerar os anos de dedicação quando a necessidade era extrema. O SindSaúde pede a incorporação destes valores aos salários, para que se faça valer o discurso de prioridade de qualidade nos serviços de saúde, que passam por condições de trabalho, carga horário e salário justo. Hoje, o piso da saúde vale: R$958,27 no nível fundamental, R$1.034,02 no nível médio e R$1.513,21 no nível superior.

Um pouco mais de humanidade na avaliação dos fatos de quem tem o poder de aprimorar o debate, estes também trabalhadores que devem passar pelas mesmas angústias de quem é tratado como descarte ou mero produtor. Trabalhadores se reconheçam nos olhos dos outros, no fundo, estamos do mesmo lado e temos desejo pelos mesmos ideais.

1 COMENTÁRIO

  1. A retirada da hora plantão, sem uma compensação, vai provocar um caos social nos trabalhadores da saúde, pois na sua grande maioria, essa remuneração já está no orçamento familiar, e tem mais quando precisaram de nós para suprir os hospitais e mante-los funcionando ofereceram e em alguns casos fomos convocados a fazer a tal hora plantão, e na sua grande maioria houve dedicação exclusiva para tal .
    E tem mais um fator preocupante pois com a hora plantão a nossa margem consigada aumentou e a grande maioria dos trabalhadores tem em seus contra cheques emprestimo junto as instituições bancarias.

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