Alerta! Alerta! Os comunistas também são contra o fascismo!

Por Leonardo Cechin, para Desacato.info.

As classes dominantes se asseguram de diversos meios e instrumentos para garantir seu poder hegemônico na sociedade. A cultura, a educação, a moral, são meios superestruturais de controle, pode se dizer que “indiretos”; a repressão das forças policiais, os regimes políticos e etc, são meios diretos e objetivos. Os regimes democrático-burgueses existem em determinado país quando a correlação de forças entre a burguesia e o proletariado está equilibrada, até tendendo um pouco para essa ou aquela classe, mas equilibrada. É um momento onde é permitida, por exemplo, a liberdade de agitação e organização dos trabalhadores, a circulação de imprensa e eleição direta para cargos do governo. Agora, se a balança começa a pesar muito favorável ao proletariado, num ascenso de massas, greve geral ou tentativa de insurreição, a burguesia precisa utilizar todos os recursos à sua disposição: propaganda para iludir os trabalhadores, repressão armada, alteração no formato do regime… Nesse último caso, as classes dominantes podem convocar eleições ou depor um governante para dar uma cara limpa ao regime, legitimá-lo, ou podem instituir outro por meio da força direta, da repressão brutal.

O fascismo surgiu na Europa na década de 20 a partir de fortes crises econômicas, políticas e sociais. A inquietação se espalhava pelo conjunto das populações, e isso causava insegurança ao capitalismo. A Revolução russa e o comunismo colocavam uma alternativa aos regimes europeus, portanto estes agiram com a força para garantir sua existência. Primeiro na Itália, depois na Alemanha, os fascistas se alçaram sob o discurso de salvadores do povo, prometendo o fim do desemprego, da miséria e da pobreza. Mas como a extrema direita chegou ao poder com essas bandeiras?

Os partidos comunistas europeus atuavam sob ordens diretas de Moscou, quando existia a III Internacional ou Komitern, a ação dos comunistas nos demais países era guiada pela conveniência soviética, ou seja, os comunistas militavam não pela emancipação da classe trabalhadora de seu país, mas sim em detrimento da política externa da URSS. Isso fez com que os partidos comunistas primeiro, recusassem uma aliança com a social-democracia (reformistas) para impedir o avanço do fascismo – enquanto Hitler chegava ao poder, o PC alemão fechava os olhos, caindo num sectarismo sem tamanho; depois, construíssem a Frente Popular, projeto de conciliação de classes, onde os partidos comunistas se aliaram eleitoralmente com partidos burgueses para disputar a direção do Estado capitalista, dando um giro de 180° para o oportunismo completo e abandono da perspectiva revolucionária. Isso tudo quer dizer, que o fascismo não venceu por mérito próprio, mas sim graças à traição das direções da própria classe trabalhadora nesses países, que ao invés de organizarem a classe pela conquista do poder, atuavam como diplomatas de Stalin.

O fascismo se caracteriza pelo armamento da classe média, com o objetivo de destruir as organizações operárias. Os partidos foram postos na clandestinidade, suas sedes destruídas e incendiadas, a imprensa censurada, militantes comunistas e anarquistas presos, torturados e mortos. Existe um simbologismo acerca da segunda guerra mundial, quando o mundo em tese se dividiu entre as forças do bem contra as do mal, o que não é verdade, mas também não é mentira. O fascismo havia mergulhado os países na barbárie política e social, mas preservara sua estrutura capitalista, portanto o verdadeiro mal ainda era o capital, havia que se destruir o fascismo e o nazismo com um projeto socialista de sociedade, e isso não aconteceu graças, novamente, aos interesses externos do stalinismo, que sabotou todas as revolucões posteriores à russa para preservar seus privilégios com o “socialismo num só país”. O combate foi apenas militar, e seu mérito deve ir para o Exército Vermelho soviético e seus soldados, que resistiram heroicamente no cerco nazista à Stalingrado, e em 1945 marcharam pelas ruas de Berlim, selando a derrota de Hitler e eliminando a barbárie nazista da Europa. Diferente do que a grande mídia das classes dominantes fala quando se refere ao conflito, dando honras aos norte-americanos que não fizeram nada além de exterminar as populações de Hiroshima e Nagazaki com suas bombas atômicas.

No Brasil, a revoada dos galinhas verdes e tantos outros casos onde os comunistas combateram o fascismo são históricos, infelizmente contrapostos à situações como o apoio de Luiz Carlos Prestes ao ditador reacionário Getúlio Vargas, que mandou a própria companheira de Prestes, Olga Benário, para morrer nos campos de concrentração nazistas na Alemanha, além de proibir e perseguir as organizações operárias, censurar a imprensa e atacar o sindicalismo com políticas reacionárias que perduram até hoje, como o atrelamento dos sindicatos ao Estado.

No último período, com a derrocada da União Soviética e os governos de Frente Popular, grande parte dos partidos que reivindicam o socialismo se adaptou à legalidade burguesa, às disputas parlamentares e eleitorais. A crise histórica de direção do proletariado deixou os trabalhadores à mercê de qualquer projeto reformista que apenas retrocede a consciência de classe para a superação do capitalismo. E com o apassivamento das organizações, alguns combates foram deixados de lado.

As marchas antifascistas que acontecem pelo mundo significam mais que impedir o reforno desse tipo de regime, a luta contra o fascismo hoje é, fundamentalmente, em defesa das liberdades políticas da classe trabalhadora, de seus direitos historicamente conquistados e contra a barbárie aberta e declarada da burguesia decadente. A luta defensiva contra o fascismo deve se transformar em luta ofensiva pela sua superação e do capitalismo, e isso só pode acontecer a partir da classe trabalhadora organizada por um projeto classista, revolucionário e socialista que derrube as velhas estruturas que perduram hoje. Os partidos da esquerda precisam alterar seu norte, da institucionalidade para a luta de classes. Como nenhuma central sindical, sindicato ou partido chama e organiza massivamente estas manifestações? São os direitos do proletariado que estão sendo ameaçados! E nesse momento é necessário lembrar que a bandeira antifascista é metade vermelha também.

Dia 13 de maio, em todo o Brasil, os comunistas precisam se somar às manifestações contra a barbárie e o retrocesso, levantando a bandeira do internacionalismo proletário, em solidariedade aos trabalhadores da França contra a ameaça de Le Pen, dos Estados Unidos contra Trump, e do Oriente Médio contra toda e qualquer intervenção estrangeira!

 Imagem:  Cartaz soviético de 1941, “Derrotar a besta fascista”

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