ADEH busca parceiros para projeto de economia solidária

ADEH busca parceiros voluntários para projeto de economia solidária para a população de travestis e transexuais mulheres travestis e mulheres e homens transexuais da grande Florianópolis

Por Lirous K’yo Fonseca Ávila, para Desacato.info

A ADEH – Associação em Defesa dos Direitos Humanos de Florianópolis procura parceiros voluntários que queiram auxiliar no desenvolver de um projeto de economia solidária para a população de mulheres travestis e mulheres e homens transexuais a fim de desenvolver um processo de vida digna para uma população que não recebe apoio para o ingresso no mercado de trabalho formal.

Com o fim de contornar essa situação, a ADEH em parceria com a instituição Desdobrando Arte, o estúdio Lu Medeiros e a Equipe do Vocal Completo, elaborou um projeto que pode aos poucos ir contornando essa triste realidade. Por falta de oportunidades de trabalho formal, essas pessoas acabam sendo expostas a diversos riscos a saúde, exploração sexual, e violências, que acabam levando-as a morte precoce. A expectativa de vida da população Trans no Brasil é de 30 anos.

O Brasil é o país que mais mata mulheres travestis e mulheres e homens transexuais pelo simples fato de ser Trans. Como a população Trans é expulsa da casa dos pais em torno dos 13 anos, a única solução que resta é a prostituição, pois sem qualificação somada ao preconceito, a população não consegue ser absorvida pelo mercado de trabalho.

O projeto “Empoderamento Contra a Transfobia” tem por objetivo capacitar tecnicamente travestis e transexuais com cursos profissionalizantes na área de beleza e estética ampliando as atividades do projeto de Economia Solidária da ADEH e Desdobrando Arte.

Ele insere-se como mais uma vertente do Economia Solidária, buscando neste novo momento formação técnica especializada em área onde socialmente já existe expressiva inserção de seu público-alvo: o mercado da beleza. Assim, com a devida capacitação técnica as pessoas formadas estariam instrumentadas para adentrar o mercado de trabalho formal, criando novas formas de geração de renda com possibilidade de crescimento profissional expressivo.

Muitos/as acreditam que a mudança de gênero se deve à busca de se tornar profissional do sexo, mas o que acontece é completamente o oposto. Enquanto a sexualidade em muitos casos chega a ser tolerada no ambiente de trabalho e para uma possível contratação, a busca pela sua identidade de gênero começa a ser questionada ao ponto de haver, inclusive, demissão. Poucas são aquelas que se mantêm no emprego. Aqui percebemos que a questão de gênero também tem os seus recortes de classe, pois as que conseguem se manter em um trabalho formal são aquelas que possuem poder aquisitivo para manter o próprio negócio.

Além da população de transexuais e travestis ter seus sonhos roubados quando assume sua identidade de gênero, ela é expressamente jogada na prostituição. A maioria delas relata que não gostaria de estar “fazendo programa”, que preferia estar estudando, o que vem acontecendo com aquelas que conseguem se estruturar de alguma maneira e tentam retornar às salas de aula mesmo com os problemas a enfrentar decorrentes dos preconceitos e discriminações. É uma população frequentemente marginalizada, desacreditada e estereotipada.

Esses problemas, dentre outros, são descritos pelo jornalista Neto Lucon (apud OTONI, 2014, s/p), para a Revista Fórum Digital, quando relata as dificuldades que encontrou para conseguir publicar o seu livro “Por um lugar ao Sol”. Ele afirma que as editoras não tiveram interesse em publicar um livro sobre travestis que ocupam postos no mercado formal de trabalho, mas que se ele trouxesse a história delas como garotas de programa, contando detalhes das suas relações com os clientes, aí sim este seria publicado. O desinteresse em obter uma carteira de trabalho, que provavelmente jamais será assinada, encontra neste cenário sua justificativa. E tendo esse cenário em vista é que apresentamos o presente projeto.

Contando com o seu apoio, a ADEH abriu uma campanha de arrecadação de renda no Kickante que pode ser acessado no link abaixo. Lá existe uma explicação mais detalhada do projeto. Restam apenas 58 dias para a arrecadação desse fundo que irá salvar diversas vidas.

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