Acampamento Latinoamericano reúne jovens da CLOC – Via Campesina

Por Luara Del Chavion.

Noite de 25/11, 22:29: Raul anuncia a morte de seu irmão, Fidel. Ao Sul, na Venezuela, a pouco mais de 2000 km atravessando o Atlântico, mais de 250 jovens de 16 países da América Latina acabavam o primeiro dia de debates do XV Acampamento de Jovens da Coordenação Latino-Americana de Organizações do Campo (CLOC/Via Campesina), discutindo, organizando-se, compartilhando os desafios de nossos tempos.

Reunidos no estado de Vargas, distante cerca de uma hora da capital Caracas, os jovens debateram a atual conjuntura latino-americana e o como o imperialismo tem avançado no campo e na cidade e suas estratégias de desestabilização dos países latino-americanos, que tem justificado golpes – vide Brasil, Honduras e Paraguai – e a implantaçao forçada de políticas neoliberais ou a guerra econômica que vemos na Venezuela.

A escolha do país sede não foi a toa, mas para retificar o espírito internacionalista das organizações latino-americanas demonstrando solidariedade e resistência frente à tentativa de desestabilização e também para desmentir para os jovens aquilo que reverbera pela imprensa internacional a serviço do capital.

Durante três dias, foram debatidas estratégias de luta frente ao avanço do capital e elas passam necessariamente pela organização desde a base e pela articulação com a juventude da cidade, sintetizada pela palavra de ordem do acampamento: “Juventude do campo e da cidade lutando pela soberania popular!”.

A formação foi outro elemento debatido que perpassou por todas as mesas, reiterando que não venceremos nenhuma batalha se não começarmos pela batalha das ideias e que esta passa por todos os debates, seja a agroecologia, a saúde, a produção, a comunicação, a cultura etc.

Assim, Simone Zani da Pastora da Juventude Rural do Brasil, complementa: “é muito importante olharmos para o processo de formação da nossa juventude, porque só resgatando nossa identidade camponesa, nossa resistência no campo é que podemos conquistar um outro espaço de vida, ver o campo como outro espaço de vida. Lutar pelo acesso à terra, à água, à educação no campo, uma educação digna.”

Assim, durante esses três dias a juventude do campo e da cidade, reforçou o compromisso e os laços com a luta e seguiu com o legado deixado por Fidel Castro e a Revolução Cubana: de continuar sempre lutando, resistindo. De não abandonar jamais nenhuma batalha, mas sobretudo a batalha das ideias.

Assim reforça Catarina, do Movimento de Pequenos Agricultores da República Dominicana, “nos solidarizamos com todo o povo cubano e queremos deixar presente que todo o seu legado seguirá com nossa luta para construir essa grande aliança entre a juventude do campo e da cidade, para poder ter uma bandeira de luta conjunta contra o Império, contra o sistema capitalista que tanto nos golpeia, principalmente a juventude com o consumismo e com o nosso extermínio”.

Leia a declaração final na íntegra:

XV Acampamento Latinoamericano da Juventude
CLOC-VIA CAMPESINA

Caracas, Venezuela 2016.

“Revolução é o sentido do momento histórico, é mudar tudo o que dava para ser mudado”
(Fidel Castro Ruz)

Diante da dolorosa perda para juventude revolucionária do nosso comandante em chefe Fidel Castro Ruz, na noite do 25/11, a juventude da América Latina e do Caribe com a presença de 250 jovens de 16 países e 47 organizações estiveram reunidas no seu XV Acampamento Latinoamericano e Caribenho da Juventude Camponesa, da CLOC- VC na cidade Vacacional Los Caracas, no estado Vargas da Venezuela, entre os dias 25 a 27 de novembro.

Na terra de Bolivar e Chavez, debatemos a expropriação do capitalismo e como esta afeta a juventude trabalhadora, tanto no campo como na cidade, e também compartilhamos experiências e formas organizavas que a juventude tem construído nos seus países.

A  juventude revolucionaria está consciente do avanço do capital na América Latina e como a ofensiva do capital se apodera da  nossa juventude com os internamentos da dominação através do consumismo e da comunicação. Na atualidade essa expropriação se coloca de forma muito mais violenta. Estamos vivendo um processo de perda dos direitos, historicamente conquistados e da ofensiva contra todos os movimentos sociais que lutam.

A crise mundial que vive o capitalismo na atualidade, afeta diretamente as nossas economias. Temos vigente um processo de golpe e retomada do território em toda América Latina, pelo capitalismo internacional, e com isso um avanço do agronegócio no campo, a privatização da terra, das águas, sementes e toda a natureza.

A partir deste cenário, se apontam os principais desafios e tarefas da juventude:

Seguir construindo o internacionalismo e a solidariedade da juventude com os povos dos trabalhadores do mundo;

Seguir fortalecendo a articulação e lutas unitárias da juventude no campo e na cidade, como uma estratégia que seja eficaz;

Criação de uma estratégia metodológica para atrair a juventude dos nossos países pra luta;

Seguir impulsionando a campanha contra a violência do capital contra a juventude, que inclui a militarização, a opressão contra a diversidade de gênero, o extermínio da juventude, entre outras violências;

Seguir construindo o debate do feminismo camponês popular como eixo transversal nas nossas bases, com nossa militância e todas as nossas organizações;

Reafirmamos a agroecologia como alternativa ao agronegócio e a sua construção como bandeira prioritária de luta da juventude;

Seguir impulsionando a formação política e ideológica nos processos de luta da juventude;

Denunciamos os meios de comunicação que buscam a alienação da juventude e nos comprometemos a construir meios de comunicação alternativos e populares que tenham como objetivo a análise crítica;

Reafirmamos o dia 8 de outubro como Dia Internacional de Luta da  Juventude, em honor ao nosso líder revolucionário Ernesto Guevara de la Serna, El Che;

Reafirmamos o dia 25 de novembro como o Dia de luta contra toda forma de violência contra as mulheres, uma bandeira de luta prioritária da juventude;

Manifestamos a nossa solidariedade e denunciamos:

Repudiamos a perseguição e a criminalização da luta social em países como: Paraguai, Guatemala, Argentina, Panamá e outros países da nossa América Latina. Além disso, nos solidarizamos com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-Brasil) que tem sofrido ataques da polícia e da burguesia brasileira, que tem sofrido perseguições, prisões e assassinatos contra seus militantes. Com todas e todos os presos políticos que estão privados da liberdade por lutar pelas reivindicação dos povos: Exigimos a libertação imediata. Lutar não é crime!

Solidarizamo-nos com os 1000 camponeses e camponesas processados em Honduras e repudiamos os assassinatos de dirigentes de movimentos sociais;

Solidarizamo-nos com os movimentos sociais e populares da Colômbia que hoje tem as esperanças de construir a paz e o fim da guerra. Repudiamos os assassinatos de dirigentes camponeses e urbanos.
Solidarizamo-nos com o povo venezuelano e a Revolução Bolivariana, diante das ofensivas do império norteamericano e a burguesia venezuelana, que busca a instabilidade econômica do país, através da política golpista implantada na América Latina. Chavez vive, e a luta continua!

Exigimos a saída imediata da Minnustah do Haiti, que desde o ano 2012 tem militarizado o território;

Repudiamos o bloqueio imposto pelo império norteamericano contra Cuba e a sua Revolução;

Comprometemo-nos a lutar sempre e combater todas as formas de violência, discriminação e opressão contra as trabalhadoras e trabalhadores do mundo. Continuar o legado do nosso comandante em chefe Fidel Castro Ruz em construir uma América Latina Livre;

Fidel Castro Ruz: Presente, hoje e sempre!!!

Caracas, Venezuela, 27 de novembro do ano 2016.

Fonte: MST. 

 

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