Abril Vermelho começa com reocupações em São Paulo e Goiás

Por Rute Pina.

Dando início à jornada de luta no mês, movimento promove ocupações pelo país; em Santa Elena de Goiás, no entanto, famílias já foram despejadas.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) começou as atividades do Abril Vermelho com duas reocupações de terras nos estados de Goiás e São Paulo, na madrugada desta última sexta-feira (1/04).

Uma área da Usina Santa Elena, no município de Santa Elena de Goiás (GO) foi ocupada, após reintegração de posse que ocorreu na semana passada. No entanto, a Polícia Militar cercou o acampanhamento e as famílias foram despejadas já durante a manhã. Alguns militantes foram detidos e encaminhados para a delegacia do município.

“A gente havia participado do ato pela democracia em Goiânia, e, na volta, aproveitamos para reocupar a área, que é uma luta antiga e que tem dívidas com a União desde o século passado de cerca de R$ 1 bilhão”, lembra José Valdir Misnerovicz, da coordenação estadual do MST-GO.

Segundo ele, a Fazenda Santa Helena é uma área com cerca de 15 mil hectares, que pertence a uma empresa chamada UNA e também acumula passivos trabalhistas. Atualmente, a dívida vem sendo executada pela Fazenda Nacional, que destinou cerca de 5.800 hectares, equivalente a 14% da área, para fins de reforma agrária.

“Construímos uma proposta junto à Ouvidoria Agrária Nacional e à Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, composta por vários ministérios, mas o governo não fez nada depois disso”, conta Valdir.

São Paulo

No estado de São Paulo, 250 famílias reocuparam duas áreas em Marabá Paulista e Mirante de Paranapanema, no extremo Oeste do estado, e não houve nenhum conflito com a Polícia Militar até o momento.

Segundo Gerson Oliveira, coordenador do MST, a ação ocorreu com o objetivo de chamar atenção para a arrecadação e a desapropriação das áreas, que continuam paradas. “A ideia também foi lembrar o Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, onde 19 militantes do MST foram assassinados há 20 anos.

Ele afirma ainda que a ocupação pretende denunciar o golpismo pelas desapropriações de terra, “demostrando que o MST tem o compromisso com a democracia plena, inclusive com a democratização das terras”.

Desapropriações

Ao mesmo tempo em que os militantes eram despejados em Goiás, a presidenta Dilma Rousseff assinava 25 decretos que autorizavam a desapropriação de imóveis rurais para reforma agrária e a regularização de territórios quilombolas, no total de 56,5 mil hectares.

Na cerimônia no Palácio no Planalto, também foram assinados quatro decretos de regularização de territórios quilombolas, atendendo a 799 famílias no Maranhão, no Pará, no Rio Grande do Norte e em Sergipe, somando 21 mil hectares. Um hectare corresponde aproximadamente às medidas de um campo de futebol oficial.

O coordenador do MST em São Paulo afirma que nenhuma destas áreas é no Sudeste e, por isso, os militantes “seguem em luta”. “A princípio é um sinal favorável [da presidenta], visto que o governo até então não dialogava com os movimentos sociais e, sobretudo, do campo. Mesmo assim, o governo não cumpriu a meta do plano emergencial de assentar 90 mil famílias”, ponderou.

“Ela atender à pauta dos movimentos sociais foi bom, inclusive, para fortalecer o enfrentamento ao golpismo. Ela tem que conseguir uma governabilidade a partir de pautas que interessam à classe trabalhadora e ao povo brasileiro”, afirmou o coordenador.

*Edição: Camila Rodrigues da Silva

Foto: Reprodução/Brasil de Fato

Fonte: Brasil de Fato

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