A Venezuela e a luta por sobreviver. Por Elaine Tavares.

Foto: Reprodução, via Elaine Tavares.

Por Elaine Tavares.

O estrangulamento econômico da Venezuela tem provocado muitos prejuízos à vida da população. Mas, para os Estados Unidos, esse é o jogo: causar tanto problema, tanto caos, tanto dano, pra que as gentes se levantem em rebelião contra o governo de Maduro. Desde 2015, quando foi desatada a chamada “guerra econômica” as coisas não têm sido fáceis para os venezuelanos. Primeiro, o ataque veio desde dentro, com a burguesia comercial importadora escondendo produtos. Compravam, traziam para dentro do país, mas não distribuíam, fazendo com que tudo faltasse nos supermercados. Então, faziam uma aparição aqui e ali, causando filas enormes e desespero para abocanhar o que faltava em casa. No começo, funcionou, mas depois, com a ação do governo, fortalecendo os centros de compra e distribuição de produtos, a coisa arrefeceu.

Então, países europeus e os Estados Unidos decidiram roubar os recursos da Venezuela que estavam nos bancos fora do país. Bilhões de dólares foram surrupiados do povo para que o governo não tivesse condições de comprar comida, remédios e energia. Um golpe e tanto, que foi acompanhado da criação de um “presidente” títere, que tenta provocar insurreição desde dentro e fora. Várias tentativas de golpe foram feitas, mas todas sistematicamente rechaçadas pela população e pelo governo. A última foi uma invasão pelo mar do Caribe que acabou abortada pela população armada. Tudo isso feito às claras, com anúncio nas televisões do mundo, como se nada de anormal existisse nessa ação. A mídia comercial mundial seguiu chamando Maduro de ditador e isso, por si só, parece ser o bastante para que todos aceitem o roubo das reservas venezuelanas. Bom, se fosse normal roubar riquezas de “ditadores”, porque não roubar a grana da Arábia Saudita, por exemplo? Ah, não, para. Arábia Saudita é amiga dos EUA.

Ocorre que Maduro não é ditador. Ele foi eleito duas vezes. E eleições limpas, comprovadas por observadores internacionais. Pode não ser um bom governo, pode ter problemas, pode ser uma série de coisas, mas ditador, não é. E tanto não é que lá a imprensa comercial segue atacando sistematicamente, o tal presidente títere segue sua vidinha organizando golpes e a população – a maioria – está disposta a defender com a vida a revolução bolivariana.

A mais recente cartada dos Estados Unidos contra a Venezuela é o bloqueio da gasolina. Apesar de o país ser um grande produtor de petróleo, suas refinarias não ficam na Venezuela, e a gasolina, por exemplo, precisa vir de fora. Como os Estados Unidos decidiu bloquear economicamente a Venezuela, os países vizinhos, completamente de joelhos diante do império, não prestam qualquer ajuda e se recusam a vender gasolina. E, a falta de combustível tem causado sérios problemas internos, inclusive algumas manifestações populares e revoltas pontuais. Não têm sido fácil para a Venezuela lidar com todos esses dramas e ainda proteger o povo durante a pandemia. Mas, apesar de tudo, o governo, por ter um já consolidado sistema de saúde, a partir das missões, conseguiu controlar de maneira muito eficaz o problema do novo vírus. A população está protegida e poucas têm sido as mortes.

Essa semana, a questão da gasolina começou a ser resolvida com a compra do produto ao Irã, outro país também bloqueado comercialmente pelos EUA. Uma coisa totalmente absurda, visto que a gasolina tem de vir do outro lado do mundo, custando mais caro, atravessando mares, enfrentando possibilidade de roubo por parte dos Estados Unidos e tudo mais. Mas, ainda assim, as duas nações conseguiram definir os problemas técnicos e de defesa e o primeiro barco carregado de gasolina, o Fortune, chegou hoje à Venezuela. Veio acompanhado de outros barcos venezuelanos para que pudesse chegar em segurança. Outros quatro carregamentos de gasolina devem chegar até o começo de junho. “Esse foi um acordo de paz entre os povos rebeldes do mundo. A luta continua pela soberania verdadeira”, afirmou Maduro na televisão. “Temos o direito de comerciar livremente, de comprar e vender produtos, temos o direito da liberdade de navegação, liberdade econômica. Venezuela tem amigos nesse mundo e amigos valentes. Obrigada ao povo do Irã, e saibam, amor com amor se paga”.

Com esse acordo que trará gasolina à Venezuela, mais um passo do golpe contra o país foi abortado. A revolução bolivariana segue.

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Elaine Tavares é Jornalista em Florianópolis.

 

 

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