A supremacia do ocidente sobre o resto do mundo. O que explica esse fenômeno? (1/2)

Por Almir Albuquerque.

Quase 16 anos depois do que é conhecido como o “maior atentado terrorista de todos os tempos”, fruto, em grande parte, do relacionamento historicamente hostil entre o Ocidente e o resto do mundo, nos propusemos a debater o 11 de Setembro e seus antecedentes por um outro ângulo: por que o Ocidente domina o mundo, às vezes de forma violenta, gerando ódios que resultam em atentados e guerras? Superioridade racial, como pensam alguns? Democracia desenvolvida? Tecnologia avançada? Missão divina? Nada disso. A resposta pode estar simplesmente na geografia.

“Eu estou usando suas roupas, falo sua língua,
assisto a seus filmes, e hoje é a data que é porque você determinou que fosse assim.”

Shad Faruki, advogado malaio a Martin Jacques, jornalista britânico, numa entrevista em 1994

Terça-feira, 11 de setembro de 2001. Naquela manhã, nos Estados Unidos, aviões são jogados nos prédios do World Trade Center e no Pentágono (um quarto avião com destino ao Capitólio foi abatido antes do alvo por passageiros). Começava o maior atentado terrorista da história, que sensibilizou o mundo Ocidental e fomentou uma rápida e agressiva reação. Grande parte da motivação para uma ação de tamanhas proporções é o ressentimento, o ódio contra países ocidentais que impõem seu modo de vida ao resto do mundo. Parece que o Ocidente — quando dissermos “Ocidente” aqui estaremos nos referindo especialmente à Europa e aos Estados Unidos — sempre esteve na vanguarda da civilização, devendo impor sua visão de mundo a regiões menos avançadas, numa espécie de missão civilizadora dada por deus. De fato, o Ocidente hoje domina, mas será que sempre foi assim mesmo?

Ao longo do tempo muitas teorias concorreram para explicar esse fenômeno: superioridade racial; dinamismo da civilização; democracia forte; cristianismo que incentiva a disseminação de preceitos universais, etc. Mas nada disso se justifica. Sabemos hoje, que, não obstante a política de racialização dos arautos do multiculturalismo, a humanidade é praticamente igual no mundo inteiro; não existe tal coisa como superioridade racial ou intelectual. Portanto, teorias racistas para explicar o domínio do ocidente hoje estão descartadas por estudiosos sérios.

Muitos pesquisadores afirmam que o Ocidente tem algo de único e especial, como seu avançado conhecimento e produção intelectual. Sócrates, Newton, Leonardo Da Vinci são exemplos dessa característica ocidental de genialidade. Só mesmo uma visão altamente eurocêntrica poderia sustentar tal ideia. Existem tantos pensadores brilhantes fora desse nicho europeu que chega a colocar o continente como um mero ponto isolado no mapa, dentre tantas outras regiões de cultura que floresceram na história do mundo em várias épocas. Enquanto a Europa vivia a queda da civilização greco-romana e um período de declínio cultural, o Oriente médio produziu grandes matemáticos, astrônomos, médicos, enquanto a China de Confúcio mais tarde teve seus próprios “homens do Renascimento” — 400 anos antes da Europa! O que dizer de Shen Kua (1031-1095), autor de obras pioneiras sobre agricultura, arqueologia, cartografia, meteorologia, literatura, filosofia, etnografia, geologia, matemática, medicina, metalurgia, música, pintura e zoologia? O próprio Leonardo Da Vinci ficaria impressionado.

Segundo o historiador e professor da Universidade de Stanford, Ian Morris, “os humanos podem ser todos quase iguais onde quer que estejam, mas os lugares em que ele vive não são”. Ou seja, fatores geográficos e climáticos podem influenciar o desenvolvimento de certas regiões em detrimento de outras. A geografia, segundo este historiador,  é a chave para entendermos por que determinadas civilizações prosperam e decaem ao longo do tempo. É o que vamos ver em breve na segunda parte desse artigo.

Fonte: Panorâmica Social.

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