A Revolução através da Universidade

A Revolução Socialista através da Universidade Popular 

Por Carlos H. Pianta.

Há muito, o sonho de um pai e uma mãe neste país é que seu filho, ou filha, tenha um bom futuro e isso começa com uma vaga num bom curso de uma boa universidade. Um sonho digno, justo e compreensível. O jovem desde muito cedo é condicionado a acreditar que sem fazer uma faculdade não vai ser ninguém. Quando cresce, tem a ilusão de que a faculdade o vai proporcionar uma visão crítica do mundo, vai sair daquela mesmice do ensino médio. Ilusão. No Brasil falta a discussão sobre pra quem serve a universidade. Pra quem trabalham os professores? Pra quem está disponível a estrutura destas instituições?

   Não é difícil perceber que a universidade, seja ela pública ou privada, não serve para a transformação da sociedade, não serve para cumprir as demandas sociais do povo brasileiro. A universidade hoje serve para suprir as demandas da mão-de-obra do mercado, de ciência e tecnologia das empresas privadas, para transformar o estudante em um trabalhador acrítico. É triste ver que os cursos, principalmente os das humanas, não têm uma disciplina, ou um espaço de formação política dos alunos, é triste ver professores, com raríssimas exceções, acomodados com o status adquirido de professor universitário, reproduzindo o discurso da burguesia, e transformando os alunos em meros assistidores de aulas resumindo os momentos de discussões aos assuntos periféricos sem questionar as estruturas do sistema atual.

   É bom lembrar, que os professores, os médicos, advogados, jornalistas, são formados nas universidades, mas formados pra que? O médico não é formado para trabalhar pela saúde pública, o advogado não é formado para trabalhar pela justiça social, o jornalista não trabalha pela independência e democratização da informação, assim como o professor não se forma pra ser crítico, nem para instigar a crítica em seu aluno. Esta é a forma com que a universidade trabalha para garantir o famoso Status Quo, para reforçar o risco social, que demarca as diferenças e “o lugar de cada um” na sociedade.

   Embora o problema seja estrutural e generalizado, é fato que a universidade é o principal vetor para espalhar essa doutrina. Não há dúvidas de que o sistema que rege e se alimenta desse déficit é o mesmo sistema gerador de desigualdades e de dependências políticas e econômicas e que para resolver é necessária a revolução socialista no Brasil. Mudar as estruturas econômicas, políticas e sociais de um sistema velho, arcaico, cansado e visivelmente fracassado. A universidade deve servir ao povo, é inadmissível que, por exemplo, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tenha laboratórios financiados e exclusivos de WEG, Embraco, utilizando a estrutura pública e o currículo dos cursos da UFSC exclusivamente para o lucro.

   O Governo Federal, por sua vez, cria políticas de educação que favorecem ainda mais essa elite privatista da educação. O Prouni cria bolsas em instituições pagas de ensino, em troca de isenção fiscal. Porque não criar essas vagas em instituições públicas, gratuitas? Condenar os estudantes menos favorecidos às bolsas nas instituições pagas é condená-los a uma educação limitada ao lucro dos proprietários da instituição. É garantir que esse aluno não vai ter uma formação crítica e não vai ter condições de criticar, nem de levantar-se contra  o sistema. O Reuni cria a torto e direito Campi de Universidades Federais em outras cidades de seus estados. Em Santa Catarina, esses novos Campi estão sendo criados em cidades onde existem universidades que poderiam ser acopladas, agregadas pelas Universidades Federais.

   Devemos lutar por um modelo diferente de universidade e de expansão universitária. Construir um modelo de Universidade Popular, Gratuita e de Qualidade, que privilegie a formação para o combate a fome, pela distribuição de renda, de terra, para afrouxar os gargalos da nossa educação, da saúde, acabar com a miséria, com a pobreza e com a divisão classista a que estamos expostos. Só com uma universidade voltada a suprir as demandas populares poderemos mudar a doutrina que se estabelece hoje e rumar o país para uma revolução social, em busca de um modelo onde o estado não oprima o trabalhado, em que a propriedade privada não exista mais e que a igualdade social prevaleça.

   Para ajudar a formar e a construir esse processo de mudança, vai acontecer em Porto Alegre, nos dias 2, 3 e 4 de setembro, o 1º Seminário Nacional de Universidade Popular (Senup) www.senup2011.blogspot.com.  É muito importante a participação de todos que querem construir um Brasil diferente, justo e socialista, estudantes ou não.

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