A revolução das mulheres dentro da Revolução Cubana

Nas vésperas do 10º Congresso da Federação das Mulheres Cubanas, um reencontro com as realizações das mulheres cubanas nestes anos de Revolução. Desde a luta na Serra Maestra contra a ditadura militar de Fulgêncio Batista, a mulher cubana esteve presente.

Foto: Fidel e Raúl, ladeados pelas heroínas Vilma Espín (à esquerda) e Celia Sánchez Manduley. Foto: Arquivo do Granma

Um exército de mulheres que amam e constroem

Por Carolina Aguilar Ayerra.

“Mulheres desta terra digna e invencível! (…) Com a satisfação das contundentes realizações atingidas na batalha pelo exercício pleno da igualdade da mulher e com a decisão de continuar em frente a novas conquistas, convocamos hoje ao 8º Congresso da Federação das Mulheres Cubanas.”

Assim escreveu a sempre presidenta da Federação das Mulheres Cubanas (FMC) Vilma Espín Guillois, em março de 2004. Com essas palavras expressava sua análise imparcial sobre os manifestos resultados de uma consciência revolucionária que, desde a sua criação e com uma vontade inquestionável, soube articular os conhecimentos acumulados na área dos sentimentos com as ideias da ciência.

A isso se soma o desenvolvimento de políticas públicas oportunas e coerentes, conduzidas por seu principal arquiteto: o visionário e humanista Fidel, nosso comandante-em-chefe.

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Esta profunda convicção do líder da Revolução Cubana para promover um processo necessário, reivindicativo, fundamental para a construção de um mundo melhor, que propiciasse a conquista de toda a justiça e os direitos das cubanas, marcaram o início do fim da desigualdade, da discriminação e da antiga condição de inferioridade, que identificou metade da população: as mulheres, muitas delas também mães, que começaram a entender e a aderir a um processo libertador e de empoderamento.

Foi Vilma a mais tenaz, fiel e intérprete criativa das ideias e aspirações de Fidel, que escreveu aquele texto de convocatória que, à luz das realidades que hoje assume e enfrenta a mulher cubana, parece concebido para este momento em que as afilhadas realizam seu 10º Congresso: um exemplo de continuidade e de exercício permanente da democracia e inclusão.

É este importante encontro uma homenagem das mulheres cubanas ao 60º aniversário da Revolução. Elas também honram a sabedoria de Vilma e seu trabalho extraordinário, que continua recriando a memória histórica de uma nação que tem nas mulheres vozes autóctones e um exército de construtoras, vencedoras de obstáculos, entusiastas para enfrentar as dificuldades e se tornando cada dia mais preparadas e conscientes.

Segue vigente aquela bela avaliação de nossa querida Vilma em favor das mulheres: continua sendo este um tempo em que !”o gênio floresce e o engenho se multiplica”.

Nós, as cubanas, também comemoramos com legítimo orgulho o 150º aniversário da Assembleia Constituinte de Guaimaro. Foi em abril de 1869, quando foi inscrita para sempre na história da nação a condição de corajosas patriotas, inteligentes e lutadoras, em todos os destaques do processo revolucionário cubano.

Ali, nesse lugar histórico, nessa importante reunião para redigir e aprovar a Constituição da Pátria independente e soberana, destacou a posição principal da heroína Ana Betancourt, atitude valorizada pelo Pai da Pátria, Carlos Manuel de Céspedes, como expressão das ideias avançadas de uma mambisa antecipada a seu tempo. E que, com clareza, sua voz vibrou nessa abordagem constitucional premonitória:

“Cidadãos: a mulher cubana no canto escuro e silencioso do lar, espera pacientemente e resignada esta hora sublime, quando uma revolução justa quebra seu jugo e desencadeia as asas. Aqui tudo era escravo: o berço, a cor e o sexo. Vocês querem destruir a escravidão do berço lutando até a morte. Vocês destruíram a escravidão da cor ao emancipar o servo. Chegou a hora de libertar a mulher!”

Lembrar aquele evento heroico é uma reverência merecida às origens da ascendente trajetória revolucionária das cubanas. E nestes dias de debates, mudanças e busca de soluções, é válido salientar a realidade como uma realidade conclusiva da Revolução Socialista, a participação ativa e consciente das mulheres, a cultura política e o nível técnico, profissional e científico que hoje as identificam. Essa é uma verdade inquestionável, que apesar das adversidades e do preconceito, foi planejada, promovida por Fidel, fervoroso martiano, e conquistada em cada etapa.

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Essa previsão de Fidel é uma evidência tangível de sua capacidade visionária e fé na mulher cubana, reafirmada na 5ª Reunião Plenária Nacional da FMC, na cidade de Santa Clara, em 9 de dezembro de 1966, com sua definição e contribuição concreta à teoria e à prática:

“Quando chegamos esta noite aqui, eu disse a um colega que este fenômeno das mulheres na Revolução era uma revolução dentro de outra revolução. E se nos perguntassem que é o mais revolucionário que está fazendo a Revolução, responderíamos que o mais revolucionário é precisamente isto, a Revolução em curso nas mulheres do nosso país.”

Esse pensamento e sua ação são realidades que penetraram profundamente nas cubanas, prova disso são as intervenções inteligentes e enriquecedoras das deputadas da Ilha nas últimas sessões de Assembleia Nacional do Poder Popular dedicadas à discussão do projeto de Constituição, e que o povo cubano aprovou com um “sim” categórico no referendo de 24 de fevereiro.

Impressionou a intervenção da deputada Mariela Castro Espín, diretora do Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex), continuadora das ideias e práticas humanistas avançadas de Vilma, sua mãe, inspiradora permanente da FMC.

Igualmente, comoveu aquele abraço com seu pai, o querido e admirado companheiro Raúl, gesto de amor que nos trouxe a presença de Vilma, paradigma de firmeza, de entrega, cubanidade para cada afilhada, que na “distância” mais próxima continua persuadindo para desafiar as novas batalhas que estão por vir.

Defendemos as bandeiras mais bonitas

Sem dúvida, uma das circunstâncias importantes de todo o futuro revolucionário aconteceu no 5º Congresso da FMC, em 7 de março de 1990. Precisamente, em seu discurso de encerramento, o comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz, informou ao povo sobre a possibilidade de iniciar uma etapa difícil e complexa, que devia ser enfrentada sem demora.

Ali expressou:

“As ideias revolucionárias nunca morrerão, aconteça o que acontecer. E devemos saber que esta luta pode ser na área da economia, pode ser resistindo, resistindo e resistindo. Na guerra, resistir é a vitória; mas também em paz e em período especial em tempo de paz, resistir é a vitória… Por isso as bandeiras da unidade devem ser levantadas mais do que nunca… Defendemos as mais belas bandeiras que tremularam jamais na terra, os sonhos mais elevados do ser humano..”.

Fidel recomendou a nós, as mulheres afilhadas, defender a justiça conquistada e continuar trabalhando para avançar na luta pela igualdade.

No seu Relatório ao 5º Congresso da organização feminina, a presidenta Vilma, com suas ideias e objetivos estratégicos sempre compartilhados com Fidel, transmitiu às federadas as orientações precisas para tais momentos:

“Estamos conscientes dos tempos difíceis em que vivemos, e sentimos o profundo orgulho de defender nossa ideologia marxista-leninista, de defender os princípios do socialismo… sem o socialismo, a imagem da mulher nunca tinha sido digna e seria invisível aos olhos da história.”

“As mulheres cubanas, deste Congresso, reiteramos ao nosso comandante-em-chefe que não estamos dispostas a dar um passo atrás. Nós nunca seremos escravas de uma potência estrangeira ou de um empregador capitalista. Nós escolhemos em plena consciência: socialismo, aconteça o que acontecer.”

Alguns anos depois, em 8 de março de 1997, Dia Internacional da Mulher, Fidel enviou uma calorosa carta de parabéns às mulheres federadas. Nela afirmou:

“… Com a Revolução veio para sempre a dignidade plena da mulher… Além disso, sem a mulher a obra enorme da Revolução não teria sido possível… Nem as palavras nem as homenagens, podem refletir em sua devida perspectiva a grandeza da mulher cubana, conquistada pelo seu exemplo incomparável.

“… Ninguém como ela fez os maiores sacrifícios no período especial que ainda estamos vivendo, nem se levantou tão alto até tornar em façanha o esforço diário.”

Na carta de felicitações que Vilma escreveu a Fidel para saudar seu 70º aniversário, disse:

“Que privilégio para nós vivermos no seu tempo e compartilhar com você os imensos altos e baixos desta luta por defender a justiça conquistada! (…) Quantos nobres e profundos sentimentos desejaríamos transmitir-lhe nesta data, mas o que mais lhe devemos, o que desejamos que você tenha com todo o nosso amor, é a eterna gratidão de toda mulher cubana, que chegou ao lugar social que você reivindicou para nós com o seu projeto visionário do futuro que já está presente!”

Esse presente nos convoca.

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