A pressão dos religiosos fundamentalistas em Israel

(Português/Español).

Por Enric González.

A imagem da mulher tem sofrido inúmeros abusos na história da publicidade. Tornou-se objeto sexual, bobinha doméstica ou simples enfeite. Em Jerusalém, e em outras áreas de Israel, isso está superado. O problema é outro: resulta muito difícil ver um rosto feminino em um anúncio. os judeus ultraortodoxos consideram pecaminosa a reprodução gráfica da imagem feminina (um jornal ultraortodoxo publicou faz uns meses uma fotografia de grupo em a que aparecia Hillary Clinton e foi um escândalo enorme), e as agências publicitárias preferem não enfrentar-se a um coletivo cada vez mais numeroso e mais influente.

Os resultados são curiosos. Um exemplo: na liberal Tel Aviv, os fabricantes de roupa Honigman anunciam sua coleção de inverno com uma modelo que veste um vestido de lã; em Jerusalém, a mesma foto é mutilada para que só se vejam o braço da modelo e sua bolsa.

Esta semana começaram a aparecer em Jerusalém, pendurados das sacadas e janelas, retratos de seis mulheres. São imagens perfeitamente comuns de seis voluntárias que decidiram protagonizar uma campanha cidadã destinada a reintroduzir o rosto e o corpo feminino na paisagem urbana.

Parece estranho? Ainda mais estranho é assistir a uma manifestação em que se reclama o direito das mulheres a cantar, a passear pela mesma rua que os homens, a poder escolher qualquer assento em no ônibus e, evidentemente, a aparecer em anúncios. Essa aconteceu na sexta-feira passada em Jerusalém, Haifa, Beersheva e Kiriat Tivon.

Os preceitos do judaísmo ultraortodoxo em relação às mulheres resultam cada vez mais conflitivos em Israel. Afetam já à convivência no exército, a instituição suprema do país. Em setembro, o mês com mais festas religiosas, quatro soldados ultraortodoxos abandonaram uma cerimônia porque nela participava um coral feminino (ouvir cantar as mulheres é pecado). Em outra cerimônia, o alto comando militar decidiu prevenir o problema e acomodar a tropa feminina longe da tropa masculina e oculta por unas cortinas, por se alguma estava afim cantarolar; as mulheres, indignadas, foram embora.

O assunto resulta altamente problemático porque desde faz alguns anos sucessivos Governos israelenses têm feito esforços para que os ultrarreligiosos cumpram o serviço militar (a princípio são isentos, como esto isentos também de trabalhar para poder se concentrar em estudar a Torá e procriar), e agora que se começa a conseguir que vistam o uniforme resulta que erodem a convivência no exército.

Na segunda dia 19, ex-generais enviaram uma carta ao Ministério da Defesa em que exigiam ao ministro respeitar os direitos das mulheres “frente às exigências de um setor da população religiosa” porque, diziam, “o serviço conjunto e igualitário de homens e mulheres constitui a base de um exército popular e cidadão”.

As comunidades ultraortodoxas (que em Jerusalém são quase a metade da população judia) alegam que seu respeito à mulher é máximo, e que por isso rejeitam que se a situe em situações “indignas” ou “pecaminosas”. Como cantar, anunciar um abrigo o sentar na parte dianteira dos ônibus, que, em sua opinião, Yehová reservou em exclusiva para os homens.

Versão em português: Tali Feld Gleiser.

La presión de los religiosos fundamentalistas en Israel

Por Enric González.

La imagen de la mujer ha sufrido innumerables abusos en la historia de la publicidad. Se la ha convertido en objeto sexual, en tontita doméstica o en simple adorno. En Jerusalén, y en otras zonas de Israel, eso está superado. El problema es otro: resulta muy difícil ver un rostro femenino en un anuncio. Los judíos ultraortodoxos consideran pecaminosa la reproducción gráfica de la imagen femenina (un diario haredi publicó hace unos meses una fotografía de grupo en la que aparecía Hillary Clinton y se armó un escandalazo), y las agencias publicitarias prefieren no enfrentarse a un colectivo cada vez más numeroso y más influyente.

Los resultados son curiosos. Un ejemplo: en la liberal Tel Aviv, los fabricantes de ropa Honigman anuncian su colección de invierno con una modelo que luce un vestido de lana; en Jerusalén, la misma foto es mutilada para que sólo se vean el brazo de la modelo y su bolso.

Esta semana han empezado a aparecer en Jerusalén, colgados de balcones y ventanas, retratos de seis mujeres. Son imágenes perfectamente corrientes de seis voluntarias que han decidido protagonizar una campaña ciudadana destinada a reintroducir el rostro y el cuerpo femenino en el paisaje urbano.

¿Suena extraño? Aún más extraño es asistir a una manifestación en la que se reclama el derecho de las mujeres a cantar, a pasear por la misma calle que los hombres, a poder elegir cualquier asiento en el autobús y, evidentemente, a aparecer en anuncios. Eso ocurrió el viernes pasado en Jerusalén, Haifa, Beersheva y Kiriat Tivon.

Los preceptos del judaísmo ultraortodoxo en lo que se refiere a las mujeres resultan crecientemente conflictivos en Israel. Afectan ya a la convivencia en el Ejército, la institución suprema del país. En septiembre, el mes con más fiestas religiosas, cuatro soldados ultraortodoxos abandonaron una ceremonia porque en ella participaba un coro femenino (oír cantar a las mujeres es pecado). En otra ceremonia, los mandos militares decidieron curarse en salud y acomodar a la tropa femenina lejos de la tropa masculina y oculta por unas cortinas, por si a alguna se le ocurría canturrear; las mujeres, indignadas, se largaron.

El asunto resulta altamente problemático porque desde hace años sucesivos Gobiernos israelíes han hecho esfuerzos para que los ultrarreligiosos cumplan el servicio militar (en principio están exentos, como están exentos también de trabajar para poder concentrarse en estudiar la Torá y procrear), y ahora que empieza a conseguirse que vistan el uniforme resulta que erosionan la convivencia en el Ejército.

El lunes, 19 ex generales enviaron una carta al Ministerio de Defensa en la que exigían al ministro que respetara los derechos de las mujeres “frente a las exigencias de un sector de la población religiosa” porque, decían, “el servicio conjunto e igualitario de hombres y mujeres constituye la base de un Ejército popular y ciudadano”.

Las comunidades ultraortodoxas (que en Jerusalén son casi la mitad de la población judía) alegan que su respeto a la mujer es máximo, y que por eso rechazan que se la sitúe en situaciones “indignas” o “pecaminosas”. Como cantar, anunciar un abrigo o sentarse en la parte delantera de los autobuses, que, en su opinión, Yahvé reservó en exclusiva para los hombres.

Fuente: http://blogs.elpais.com/mujeres/2011/11/cuando-la-publicidad-es-pecaminosa.html

 

 

 

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