A Operação Ave de Rapina completa um ano sem muitos avanços

Por Joana Zanotto.*

Vivemos um período crítico na gestão da política de nossa cidade. A um ano das eleições municipais, o prefeito acumula dívidas públicas que ameaçam o bem-estar do trabalhador. No dia 29 de outubro Cesar Souza Junior publicou o Decreto nº 15.351 que, em suma, dispõe sobre o corte de salários com redução de jornada para vários setores da PMF. Há mais de três meses o sindicato luta para que o executivo cumpra com o Acordo Coletivo de Trabalho 2015 (ACT), no que se refere a regulamentação dos plantões. Na semana passada os trabalhadores da Comcap ficaram em greve, impossibilitados de trabalhar por um dia, depois de iniciarem o mês sem receber o vale-transporte e o vale-alimentação. Até o fim deste ano, a companhia deve fechar o balanço com um déficit de quase R$ 50 milhões, que se somam a uma dívida previdenciária de aproximadamente R$ 150 milhões.

Ao mesmo tempo em que as medidas que atacam os trabalhadores são tomadas sob a justificativa de um “necessário corte de gastos”, um esquema criminoso envolvendo 41 pessoas entre vereadores – dois deles do PSD, o mesmo partido do prefeito -, empresários e funcionários públicos é responsável por um prejuízo de 30 milhões aos cofres públicos segundo informa a Polícia Federal (PF).

Exatamente um ano atrás, a Operação Ave de Rapina foi deflagrada pela PF. Estão em investigação irregularidades envolvendo o projeto de lei Cidade Limpa, os radares e semáforos do Ipuf e as licitações na Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC) e na Secretaria de Turismo do município.

No processo Cidade Limpa, foram indiciados e podem ser denunciados pelo MP-SC (Ministério Público de Santa Catarina) 13 dos 23 parlamentares do município: Erádio Gonçalves (PSD), Tiago Silva (PDT), Coronel Paixão (PDT), Marcelo da Intendência (PDT), Deglaber Goulart (PMDB), Célio João (PMDB), Dinho da Rosa (PMDB), Ed Pereira (PSB), Roberto Katumi (PSB), Aldérico Furlan (PSC), Dalmo Meneses (PP), Badeko (PSD) e Ricardo Camargo (PR). A investigação dos radares, que virou ação penal, conta com 13 réus no caso, entre eles o vereador Cesar Faria (PSD).

Ontem (dia 12 de novembro), os parlamentares aceitaram por maioria de votos as denúncias contra Badeko (PSD) e Cesar Faria (PSD)  apresentadas pelo vereador Afrânio Boppré (PSOL). De acordo com a página do vereador, Afrânio falou em tribuna que “as denúncias são muito graves e a Câmara tem a obrigação de investigar a quebra de decoro, que não se confunde, de modo algum, com o processo judicial e criminal que ambos os vereadores já estão sendo submetidos”.

A população de Florianópolis aguarda respostas mais enérgicas por parte do poder público. Desde o dia 21 de setembro, o Badeko voltou à Câmara de Vereadores, mesmo que impedido de participar de votações referentes aos casos em que é investigado. Enquanto isso, os trabalhadores pagam o preço pelas “estripulias” de seus representantes, assistindo dia após dia ao corte de seus direitos. Prefeito e legisladores, não se enganem, o povo não se esquece!

*Assessora de imprensa do Sintrasem.

Fonte: CUT-SC.

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