A necessária mudança

Foto: Bruno Gilioli

Por Dinovaldo Gilioli.

Seguir uma ideia, sem nenhuma visão crítica, nos coloca próximo do papel de ventríloquo, de papagaio domesticado. Em tempos de neoliberalismo, onde há endeusamento do mercado e coisificação das relações humanas, é profícuo o exercício da dúvida, das ações questionadoras.

Em tempos de caminho único, é urgente construir atalhos, desconfiar de ruas bem delineadas que nos levam sempre ao mesmo lugar. Caminhos que não propiciam o encontro, mas o mero ajuntamento de pessoas; que não estimulam o diálogo das curvas, mas impõem a palavra final das retas.

Quando tudo parece derradeiro, acabado, aí; bem aí, deve residir o confronto das ideias, onde o cruzar de vozes possa estabelecer o grito da mudança. Onde a solidariedade não seja açodada pela selvagem competição e o exacerbado individualismo.

A necessária mudança não virá do acaso, é preciso lutar para alterar a realidade que nos é imposta. Mudar para melhorar a casa, o sindicato, o trabalho, a igreja, a associação, a vida e o país; enfim, não é tarefa de “salvadores da pátria”. Esses não passam de  charlatões, travestidos de “pessoas de bem”, travestidos de mito.

Para mudar de verdade é preciso questionar os grandes meios de comunicação, geralmente a serviço da classe dominante. Para mudar de verdade é  necessário enfrentar os que tentam, sem nenhum escrúpulo, dominar corações e mentes. Os que, com sua falsa moral, querem cercear a livre expressão.

Só a rebeldia, a inquietude e o inconformismo, aliados à consciência crítica e à disposição de luta coletiva, são capazes de se contrapor ao atual sistema. Esses gestos podem forjar novas relações entre os humanos e com a natureza. Podem propiciar trocas, que nos ajudem a valorizar mais a vida.

Quando deixarmos a condição de espectadores, mais preparados estaremos para o protagonismo da história. Oxalá sigamos construindo uma sociedade que viva, de fato, com respeito e dignidade!

Dinovaldo Gilioli é escritor e poeta

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