A lição de Tom Morello, um dos maiores guitarristas do mundo, ao pedir justiça para Marielle em show. Por Paulo Ermantino

Foto: Paulo Ermantino

O guitarrista Tom Morello, do Prophets of Rage, também conhecido por sua participação nas bandas Rage Aganist the Machine, Audioslave e por seu ativismo social, foi a principal atração de um show de blues realizado no último domingo (16/09) no Auditório do Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Morello chama a atenção por sua indumentária, com mensagens explícitas à esquerda, como a bandeira negra dos Estados Unidos, a foice e o martelo, além de adesivos gastos de grupos guerrilheiros latino-americanos e asiáticos.

Na guitarra mais usada, uma mensagem mais que direta em inglês: “Arm the homeless”, ou, em tradução livre, Arme os Sem-Teto.

Sempre atento e sensível aos acontecimentos no Brasil, Tom Morello já dedicou uma música ao MST e vestiu um boné vermelho do movimento em uma apresentação (devidamente censurada pela equipe de TV que transmitia o evento).

Depois desee episódio, retornou ao Brasil e fez uma declaração ao site do MST: “Estou em seu país demostrando meu apoio e solidariedade ao MST e a todo o povo trabalhador e pobre daqui, me colocando contra o fascismo. Nós enfrentamos o crescimento do fascismo no EUA e todos os que lutam por um mundo mais humano e justo devem se apoiar.”

Apoiou a campanha pela liberdade de Rafael Braga, preso nas manifestações de 2013 por portar uma garrafa de Pinho Sol, se posicionou contra o impeachment de Dilma Rousseff segurando um cartaz escrito “No to the coup in Brazil” (“Não ao golpe no Brasil”) e em um show dos Prophets of Rage no ano passado colou um cartaz em sua guitarra pedindo “Fora Temer” em bom português.

Em um show eletrizante cheio de sucessos e clássicos das bandas por que passou, músicas com nomes absolutamente sugestivos como It Begins Tonight, Guerilla Radio, Sleep Now in the Fire e The Ghost of Tom Joad (referência ao livro “Vinhas da Ira”, que retrata o sofrimento dos trabalhadores americanos expulsos de suas terras no período da Grande Depressão Econômica) agitaram o público, predominantemente jovem.

Morello finalizou com a icônica “Killing In The Name”, incendiando a audiência ao levantar seu instrumento e tocá-lo com a boca, como já o fizeram Jimi Hendrix e outros craques da guitarra, revelando a mensagem pedindo “Justiça para Marielle”.

Marielle Franco, a vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, executada há seis meses por tiros com seu motorista Anderson Gomes em um crime sem solução, já havia sido homenageada por Morello da mesma forma em sua apresentação do dia anterior em Porto Alegre.

Ele falou ao UOL antes da apresentação: “Como no meu país, os Estados Unidos, o Brasil vive um momento de crise democrática. O assassinato sem solução da Marielle é um exemplo que mostra isso. Eu quis mostrar meu apoio e solidariedade aos brasileiros que lutam pelos que lutam pelos pobres, pelos trabalhadores, pelo meio ambiente e contra o fascismo. É por isso que eu toco e é esta mensagem que estou levando ao palco hoje.”

Fotos: Paulo Ermantino:

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