A guerra da água na Bolívia e a luta dos atingidos no Guapiaçu

Na tarde de ontem (20), os atingidos pela barragem do Guapiaçu receberam a visita de Oscar Oliveira, liderança da guerra da água, na Bolívia. O encontro aconteceu na comunidade de Serra Queimada, em Cachoeiras de Macacu/RJ, em virtude do Dia Mundia da Água, celebrado no dia 22 de março, e foi uma entre as várias atividades que acontece no estado com a presença do lutador boliviano, cuja vinda para o Brasil foi articulada pelo vereador da cidade do Rio de Janeiro, Renato Cinco.

Entre os atingidos também estiveram deputados estaduais, assessores de deputados federais e estaduais, secretários municipais, o chefe do gabinete do prefeito de Cachoeiras de Macacu, professores e estudantes universitários, sindicato dos trabalhadores rurais, etc…

Entre os temas debatidos estiveram a luta contra a privatização da CEDAE e como a luta da barragem se insere nesse novo contexto estadual. No entanto, o depoimento mais esperado foi o de Oscar Olivera, que fez um resgate da luta que a população de Cochabamba travou contra a privatização da água naquela região, onde até a água da chuva foi privatizada.

Segundo ele, o mesmo que acontece agora no Rio de Janeiro e no Brasil, aconteceu na sua cidade no ano 2000. A ganância das transnacionais foi tanta que lhes tiraram tudo, inclusive o medo de lutarem contra o que estava acontecendo. Mesmo com o exército reprimindo as manifestações, a população, ao invés de pagar as tarifas de água, colocou fogo nas contas em praça pública durante os cinco meses em que estiveram em luta.

“Os idosos faziam barricadas com suas cadeiras de rodas, as crianças com seus brinquedos, e ninguém deixava a companhia cortar a água em suas casas. Depois da privatização, o preço da água aumentou 300% e ninguém conseguia mais pagar”, afirmou Oscar.

Entre outros pontos importantes do relato, Oscar mencionou a importância da unidade entre os trabalhadores. “Sejam urbanos ou camponeses, estudantes ou operários, todos foram igualmente atingidos e se uniram, pois entenderam que a privatização faz mal ao povo”, concluiu.

Ao final do debate, depois da intervenção do público, os atingidos reentregaram aos deputados a pauta de reivindicação, que agrega, entre outros pontos, a criação, no âmbito da Assembleia Legislativa estadual, da Política Estadual de Direitos dos Atingidos por Barragens, e a criação de medidas para a recuperação e educação ambiental na região, terra, assistência técnica e saneamento básico para as famílias e apoio para a juventude, medidas estas apontadas no projeto para a recuperação ambiental do Vale do Guapiaçu.

Fonte: MAB. 

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