A greve em Blumenau

Por Valmor Schiochet.

Transporte Coletivo.

Novamente a cidade de Blumenau se depara com a questão do transporte coletivo e da mobilidade urbana. Após uma importante vitória da sociedade com a suspensão do reajuste das tarifas no inicio do ano a situação mudou com a implantação do novo reajuste e modalidade de cobrança e agora com a incapacidade de gestão dos diversos interesses em jogo que impossibilita o acordo sindical. De fato parece-me que não houve avanços quanto ao enfrentamento desta questão. Apesar das tentativas cosméticas de apresentar soluções o poder público local não apresentou elementos estruturais que pudessem sinalizar para um futuro melhor para os/as usuários/as do transporte coletivo.

Poder Público.

Não tenho acompanhado mais de perto o atual processo de negociação envolvendo os trabalhadores do transporte coletivo. Tive apenas a oportunidade de ver algumas entrevistas concedidas pelo presidente do SETERB, que expressam as posições do poder público local. Elas expõem um grave equívoco no tratamento do conflito trabalhista. O poder público é o único responsável pelos serviços de transporte coletivo. Cabe a ele garantir este direito à população. A opção de terceirização do serviço (por meio de concessão) à iniciativa privada é opção do poder público. A ele caberia exigir que as empresas cumprissem o estabelecido no regime de concessão. Portanto, sê há conflito de interesses este se situa no âmbito do interesse público (dever do estado) e do privado (resultados econômicos das empresas permissionárias). O conflito sindical é de outra ordem e não cabe ao poder público interferir impondo condições aos trabalhadores. Tais equívocos aprofundam os conflitos que envolvem o transporte coletivo no município.

Greve.

Independentemente do que acontecer no final (mais cedo ou mais tarde) vamos constatar que um acordo envolvendo as partes (com as devidas mediações) será possível. A pergunta que fica diz respeito às razões pelas quais os empresários resistem a apresentar uma proposta adequada para resolver de imediato o conflito. Em verdade, este processo não está orientado por alguma racionalidade pública, mas por interesses privados devidamente organizados. O resultado dependerá da correlação de forças. Portanto, quanto mais fortalecidas as partes mais difícil um consenso. Sinto que o que está em jogo de fato é a utilização da situação para enfraquecer a organização sindical dos trabalhadores. O resto será conseqüência.

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