A estranha doença que ataca o Ministério Público

jpg_scientist300Por Carlos Motta.

Um dos procuradores de destaque na “força-tarefa” da Lava Jato, Deltan Dallagnol, um rapaz de 30 e poucos anos, que em certa ocasião já havia dito que era orientado por Deus em seu trabalho, acabou de fazer outra afirmação igualmente reveladora do espírito que orienta esses justiceiros: segundo os jornalões, ele teria dito que a operação pode se tornar uma alavanca para mudar o mundo.

Vamos supor que esse moço realmente fale essas coisas porque acredita nelas e as palavras que saem de sua boca não são ditadas nem pelo diabo nem por uma deliberada intenção de se promover, ou promover a operação policial/judiciária da qual faz parte – em termos simples, de fazer o seu “marketing”.

Então, há um problema sério com esse jovem.

E com toda a instituição da qual faz parte, o Ministério Público.

Isso porque não é possível que num Estado laico se invoque Deus para atestar a lisura, ou a justeza, de uma investigação que tem abalado profundamente a economia e a política do país – e, consequentemente, todo o tecido social.

Cada um professa a crença que quiser.

Mas não pode, sob pena de incorrer num crime, colocar o seu Deus acima das leis do país.

Afinal, o Brasil não é o Irã, uma república islâmica.

Ainda…

E quando o imberbe procurador dá tons épicos à Lava Jato, considerando-a como um feito tão magnânimo e heroico, que pode até mesmo servir de “alavanca” para mudar este complexo mundo em que vivemos, ele claramente indica que a operação está acima do bem e mal, além de qualquer crítica ou da possibilidade da apresentação do contraditório – pois se não, como seria tão poderosa?

Declarações como essas do jovem procurador servem apenas como combustível para atiçar ainda mais o espírito violento da turba, essa multidão idiotizada que carrega em si o conceito de que a Justiça prescinde de ritos que incluem – que coisa extraordinária! – o exercício pleno do direito de defesa.

Já quanto ao Ministério Público…

Bem, a cada dia parece mais claro que a instituição, para servir fielmente às sua atribuições constitucionais (defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis), tem de, pelo menos, obrigar seus membros a se submeter a exames periódicos de saúde.

Isso porque, pelo que se depreende das declarações públicas de alguns de seus integrantes e pelas ações de outros, grassa entre a instituição um forte surto de uma misteriosa doença que compromete o raciocínio e a lógica, e, em casos mais graves, destrói a própria sanidade de suas vítimas.

Fonte: Crônicas do Motta.

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