A escola respeita a cultura afro-brasileira?

As crianças e jovens negros não se identificam com os conteúdos do currículo escolar. Diante desse quadro, educadores defendem que o caminho para a inclusão passa por valorizar os patrimônios culturais africanos e afro-brasileiros no espaço da escola – o que, no entanto, ainda é feito de forma tímida. Esta é uma das análises feitas por José Carlos Gomes, doutor em ciências sociais pela Unicamp, professor da Unifesp e organizador do livro Cultura Afro-Brasileira – Temas Fundamentais em Ensino, Pesquisa e Extensão (Editora Alameda, que pode ser baixado gratuitamente aqui), ao responder “A escola respeita a cultura afro-brasileira?”, na Aula Pública realizada na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em Guarulhos.

Gomes explica que, durante a ditadura militar, os livros didáticos e os currículos escolares, quando mencionavam a população negra, se referiam somente ao contexto da escravidão. Quando a comunidade era representada nos livros didáticos, era sempre relacionada ao trabalho manual. Ou seja, a escola estava a serviço da reprodução do racismo e da ideologia do branqueamento. Segundo o professor, a partir de 1978, com o início da transição democrática no Brasil, “as lideranças negras disputam o espaço político desses governos tentando implementar propostas de educação progressistas. Ou seja, que incluíssem conteúdos étnicos-raciais nos currículos escolares”.

Veja o primeiro bloco, onde o professor José Carlos Gomes discute: a escola respeita a cultura afro-brasileira?

No segundo bloco, o professor José Carlos Gomes responde perguntas dos alunos da Universidade Federal de São Paulo.

Segundo Gomes, a implementação de um currículo escolar que respeite a cultura negra não é uma “dádiva do Estado”. Para ele, essa implementação é feita “em momentos de muita luta, de muito enfrentamento”.

“Embora tenhamos conquistado os marcos legais, o que de certa forma nos garante e nos permite disputar esses espaços, temos problemas muito complexos para enfrentar. Embora o institucional seja um lugar importante de conquista, a educação é feita por pessoas, por seres humanos”, afirma Gomes.

Fonte: OperaMundi

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