A energia e a geopolítica em debate

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Texto e fotos: Marcela Cornelli, para Desacato.info, direto do Hotel Cambirela, Florianópolis.

Este foi o tema da primeira mesa dos debates do Seminário região sul para a Política Energética, que acontece nestes dias 20 e 21 de agosto em Florianópolis. O assessor do Dieese Gustavo Teixeira coordenou a mesa. O Professor Doutor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Igor Fuser, falou sobre as disputas mundiais para dominar o setor de energia. “Justamente aqueles países que consomem mais energias e são mais industrializados não são capazes de produzir a energia que necessitam e precisam importar esta energia”.

“Estados Unidos, extremo oriente e Europa são os maiores produtores em termos industriais no mundo e precisam receber combustível de fora, o que torna o controle de fontes de energia uma estratégia. A disputa pelo controle da energia tem desempenhado um papel cada vez mais importante no mundo. Grande parte dos conflitos internacionais têm a sua principal explicação na questão energética, o que está em jogo é o controle da reservas de petróleo no mundo, isto explica os conflitos na Líbia, Iraque e toda a crise internacional em torno do Irã”, explicou o professor.

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Foto: Auditório cheio no Hotel Cambirela, durante o Seminário da Região Sul para Política Energética

O palestrante disse ainda que os Estados Unidos estão preocupados com a Venezuela, porque o país é dono da maior reserva de petróleo do mundo. Outro ponto ressaltado pelo professor é que não só as reservas de energia estão na mira dos capitalistas, mas também o controle das vias de distribuição destes recursos, sobretudo do gás natural. “Aí se entende porque a Ucrânia se tornou o foco de uma disputa importante, porque naquele país passa o gasoduto que levam gás para a Europa. A Síria também é ponto estratégico importante de passagem de gasodutos”, disse.

O Presidente da Itaipu, Jorge Miguel Samek, disse que “o que é estratégico tem que estar na mão do Estado e tem que ser definido pela população”. “O melhor negócio do mundo é uma usina hidrelétrica bem administrada”. Ele observou que a Itaipu produz 20 por cento da energia do Brasil e 80 por cento da energia do Paraguai.

“O Brasil com todas as suas hidrelétricas somadas às barragens ocupa 0,4% do seu território para abastecer os 200 milhões de brasileiros. Podemos crescer muito ainda”.

Ele ponderou ainda que a segurança energética do país não pode ser garantida em cima dos direitos das famílias atingidas pelas barragens. Há que se respeitar os direitos da população.

“Ainda não conseguimos ser a América Latina soberana e independente sonhada por Bolívar. Hora prosperarmos, hora retrocedemos. Precisamos construir uma pátria onde caibam os 200 milhões de brasileiros, sem exclusão e com soberania energética”, finalizou.

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Foto: Participantes de diversos estados e países da região tomaram nota dos debates.

Pedro Uczai, Deputado Federal e titular do Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados, também compôs a mesa e defendeu que “a energia é um direito da sociedade e um direito coletivo”.

O deputado enfatizou que o desafio é garantir a soberania energética e ao mesmo tempo não expropriar os direitos do povo. “Acho uma irresponsabilidade do governo explorar o gás de Xisto neste momento, por exemplo. É uma irresponsabilidade política e social. O que é mais importante: o gás de Xisto ou a água para consumo humano? Pois este recurso energético vai poluir nossas águas”, afirmou.

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