A defesa da Guerra do Iraque por Obama terminou sua metamorfose em Bush

obamabushPor Kiko Nogueira.

Barack Obama fez um discurso em Bruxelas, num encontro com líderes da União Euopeia, em que condenou a Rússia pelas ações na Crimeia. Do jogo. Mas, ao atacar Putin, ele fez questão de se dirigir àqueles que acusam os EUA de hipócritas.

“A Rússia tem apontado para a decisão dos Estados Unidos de invadir o Iraque como um exemplo de hipocrisia ocidental. É verdade que a guerra do Iraque foi tema de um debate vigoroso, não apenas no mundo todo, mas nos Estados Unidos também. Eu participei desse debate e me opus à nossa intervenção militar.

Mas, mesmo no Iraque, a América procurou trabalhar dentro das regras internacionais. Nós não reivindicamos ou anexamos o território iraquiano. Nós não tomamos os recursos deles para o nosso próprio benefício. Em vez disso, nós terminamos a guerra e deixamos o Iraque para o seu povo como um estado plenamente soberano que pode tomar decisões sobre seu próprio futuro”.

Se alguém ainda acreditava que Obama fosse uma alternativa a George W. Bush, o sonho acabou definitivamente.

A declaração é errada moral e factualmente. A invasão iraquiana custou em torno de 1 milhão de mortos. Quantos morreram na Crimeia? Matt Harwood, membro de uma associação chamada Veteranos do Iraque Contra a Guerra, veio a público responder que o governo americano, naquela ocasião, passou de uma mentira, que era a existência de armas de destruição em massa, para outra, a libertação do povo. “Essa ideia de que foi uma ‘guerra boa’ é ridícula”, disse.

Em relação a “não ter tomado os recursos” do Iraque, os EUA privatizaram o petróleo, abrindo caminho para as companhias americanas. Empreiteiras encheram as burras “reconstruindo” o país. Uma delas era a Halliburton, cujo CEO era Dick Cheney, vice de Bush.

A metamorfose de Obama como seu antecessor foi lenta, gradual e segura. Há 12 anos, ele chamou a guerra no Iraque de “estúpida” e disse que lhe faltava “uma razão clara e um forte apoio internacional”. Na presidência, viriam suas posições sobre o uso de drones, a defesa da espionagem, Guantánamo, as torturas (ou “técnicas de interrogatório avançadas”) etc. Apesar do marketing, a transformação está completa.

“Em questão de estilo, os dois presidentes acabaram tendo muito mais em comum do que eu esperava”, disse o ex-secretário de defesa Robert Gates. “Os dois parecem alheios a tudo, distantes”.

Talvez seja um pouco pior do que isso. O segundo mandato de Obama é o quarto de Bush.

Fonte: Diário do Centro do Mundo.

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