A crise se chama Bolsonaro, afirmam movimentos ao pedir impeachment já

Além de dezenas de entidades, abaixo-assinado leva nomes de Chico Buarque, Laís Bodanzky, Deborah Duprat, Lucélia Santos, Dira Paes, Gregorio Duvivier e Casagrande. Documento foi recebido por deputados petistas, que devem entregá-lo a Rodrigo Maia

Manifestantes fizeram ato simbólico diante do Congresso para marcar entrega de mais um pedido de impeachment. Já são 49. Foto: Reprodução Rede Brasil Atual

O nome da crise brasileira é Jair Bolsonaro, afirmam representantes de movimentos sociais, que nesta terça-feira (14) formalizam a entrega de pedido de impeachment na Câmara. No documento, afirmam que ao não considerar a gravidade da pandemia de coronavírus e entrar em conflito com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o presidente da República tornou-se o principal responsável pelo agravamento da crise – econômica e sanitária. Para o presidente da CUT, Sérgio Nobre, o governo leva o país para uma “pandemia social”, com aumento ainda maior do desemprego e falência de empresas, principalmente as pequenas.

“Se ele não for impedido, vamos viver uma crise social sem precedentes”, afirmou o sindicalista. “Hoje, estamos dando este passo importante, mas ainda é preciso muita pressão social.”

O objetivo era entregar o pedido pessoalmente ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cuja agenda oficial não previa o encontro. Às 10h, por exemplo, quando começaria o ato diante do Congresso, Maia participaria de live com fundos de investimentos estrangeiros. Como representantes dos movimentos não foram recebidos, foi feita uma entrega simbólica, no gramado diante do parlamento, aos deputados petistas Carlos Zarattini (SP), Erika Kokay (DF), Natalia Bonavides (RN) e Paulo Pimenta (RS). O deputado gaúcho lembrou que se trata do pedido de número 49.

Adesões aumentam

Assinam o documento, além da CUT, entidades como Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), ISA – Instituto Socioambiental, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Negro Unificado (MNU), União Nacional dos Estudantes (UNE), Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) e Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).

Além dos movimentos, a lista tem centenas de assinaturas de personalidades, como o cantor e compositor Chico Buarque, a cineasta Laís Bodanzky, as atrizes Lucélia Santos e Dira Paes, o jornalista e escritor Fernando Morais, o padre Júlio Lancelotti, o humorista Gregorio Duvivier, a desembargadora Kenarik Boujikian, o economista Eduardo Moreira, as juristas Carol Proner e Deborah Duprat, o ex-jogador e comentarista Walter Casagrande Junior, a ex-jogadora de vôlei Vera Mossa e o jornalista Juca Kfouri, entre outros.

“Logo nós vamos bater a marca dos 100 mil mortos”, disse ainda Sérgio Nobre. “Mortes que poderiam ter sido evitadas, não fosse a irresponsabilidade dele (Bolsonaro) e de seus ministros”, acrescentou. “Não tem como o país sair da crise com Bolsonaro, porque Bolsonaro é a crise.”

Só com pressão

Ele avalia que o pedido só tramitará de fato no parlamento com pressão da opinião pública. “Os crimes de responsabilidade do Bolsonaro, e de irresponsabilidade, são inúmeros”, afirmou, diante do Congresso. “O maior deles, nós estamos dizendo desde março, no início da pandemia, que se o governo não tomasse medidas iríamos viver um genocídio.”

Sérgio afirmou que o governo, além de “desdenhar” da crise, tem “menosprezo aos pobres”. E dirigiu as principais críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que insiste no discurso do ajuste fiscal e da venda de patrimônio público. Ao mesmo tempo, disse que se não houver pressão popular não haverá impeachment. “Não temos nenhuma ilusão de que vamos entregar o pedido formal e o Congresso vai aprovar. O passo mais importante é a partir de já mobilizar nossas categorias, nossas bases”, afirmou.

Integrante da direção nacional do MST, Alexandre Conceição disse durante o ato que se trata de um governo “que não se comove com mais de 72 mil mortes no Brasil”. Além disso, “destrói o meio ambiente, a soberania popular, a soberania alimentar, a reforma agrária, a Amazônia, que assassina indígenas, negros, nossos quilombolas”.

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