A “captura” de Jean Wyllys pela propaganda sionista israelense

Por Alessandre Argolo.

Causou muita polêmica nas redes sociais, nos últimos dias, a viagem que o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) fez a Israel, finalizada no dia de hoje (12/01/2016), supostamente a convite da Universidade Hebraica de Jerusalém, para participar de uma conferência intitulada “Brasil e Israel: desafios sociais e culturais”, que aconteceu nos dias 5 e 6 de janeiro de 2016, conforme ele mesmo havia inicialmente divulgado em sua página no Facebook num post publicado no último dia 05/01. As polêmicas aconteceram basicamente na página do deputado no Facebook, nos comentários feitos aos “relatos” que Jean Wyllys publicou depois das visitas e atividades que realizava em Israel.

No primeiro relato publicado na data de 06/01/2016 em sua página do Facebook, intitulado “CIDADE DOS POVOS”, Jean Wyllys afirmou, logo no início do texto, que a viagem “não custou um único centavo ao erário público, já que eu viajei a convite de uma universidade e meus dois assessores pagaram suas próprias passagens”, omitindo o fato de que a iniciativa havia sido custeada diretamente por membros da comunidade judaica do Rio de Janeiro, como divulgou a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ) em notapublicada em sua página no Facebook no dia 07/01/2016.

Num tom professoral, muitas vezes ingênuo e desinformado, visivelmente exibindo pouca aproximação com o assunto da questão palestina-israelense, Jean Wyllys causou perplexidade a muita gente, inclusive ao autor destas linhas, ao repetir, em pontos importantes, um discurso padrão do status quo israelense quando este tenta defender a legitimidade da sua política beligerante que oprime os palestinos, ainda que Wyllys tenha identificado o seu discurso com o de uma esquerda sionista específica que existiria em Israel e com quem ele diz ter se encontrado. Por exemplo, ao narrar, nesse primeiro relato, o encontro com umaONG intitulada Ir Amin (“Cidade dos povos”), que, segundo Jean Wyllys, “defende a solução pacífica para o conflito entre judeus e palestinos”, o deputado federal do PSOL afirma literalmente o que se segue:

“Visitamos bairros israelenses e palestinos e tivemos a oportunidade de ver com nossos próprios olhos o que a frieza dos mapas com as diversas fronteiras (as anteriores e as posteriores à guerra dos seis dias, e também as que impõe o muro construído por Israel para impedir os atentados terroristas, com efeitos desumanos para os palestinos) e dos livros e artigos que eu já tinha lido, com diferentes opiniões sobre o conflito, não poderiam mostrar.

Contra os preconceitos de muita gente, que acha que todos os judeus israelenses têm as mesmas posições políticas, os ativistas do Ir Amin me explicaram que se opõem à política do governo Netanyahu (para quem não pouparam qualificativos), são solidários com o povo palestino que vive nos territórios ocupados e acreditam que Israel deve reconhecer o estado palestino e negociar um acordo definitivo de paz que reestabeleça fronteiras próximas às de 1967, acabe com os muros e assentamentos, a militarização e a segregação social (a diferença entre os bairros judeus e palestinos é semelhante à que separa a zona sul e as periferias no Rio de Janeiro) e permita construir condições para a coexistência pacífica entre ambos os povos, com dois estados soberanos.

Eles acreditam, como eu, que a paz não pode ser construída sem o reconhecimento mútuo da existência e dos direitos do outro: tanto Israel quanto Palestina têm direito a existir, tanto judeus quanto palestinos têm direito à sua terra. Dois povos, dois estados, em paz. Claro que a partilha não é fácil, como não é fácil acabar com uma guerra continuada durante décadas, mas a paz deve ser um imperativo, um objetivo vital a ser alcançado. A ultra-direita israelense, hoje no governo, e os grupos terroristas e fundamentalistas islâmicos conspiram contra a paz e o medo ajuda ambos os extremos a manter muito poder, mas ainda há muita gente sensata tentando construir pontes de diálogo. Há esperanças!”

Como se observa, filtrando todo esse elogio feito aos membros da ONG Ir Amin,o que sobra no discurso do Jean Wyllys é a ideia de que todo o problema que impede o estabelecimento da paz entre palestinos e judeus israelenses são os extremistas de ambos os lados, a extrema-direita israelense e os grupos terroristas e fundamentalistas islâmicos. Inegável que Jean Wyllys, ao afirmar isso, criou uma espécie de relação simétrica e proporcional entre palestinos e judeus israelenses em termos de responsabilidades pelo conflito, ainda que atribua isso aos grupos extremistas que existem no seio dos dois povos. Para ele, os palestinos são tão culpados pelo conflito quanto os judeus israelenses.

A seguir, Jean Wyllys fala que, na palestra que proferiu na Universidade Hebraica de Jerusalém, fez assertivas sobre as relações similares que ele consegue encontrar entre homofobia e antissemitismo, tendo afirmado que “sempre senti empatia pela dor do povo judeu, que enfrenta, como nós, homossexuais, um ódio antiquíssimo e os preconceitos e incompreensões da direita e da esquerda” e que “Falei da dificuldade de parte da esquerda (e falei isso como militante de esquerda) para enxergar e combater o antissemitismo e a homofobia em suas fileiras, assim como do oportunismo da ultra-direita, que tenta acusar o conjunto da esquerda (como se houvesse uma só e não, como eu vejo, esquerdas, no plural) por esses desvios”. Como se observa, Jean Wyllys deixou claro que faz parte da esquerda que não possui os vícios das outras “esquerdas” que seriam, segundo ele, “homofóbicas” e “antissemitas”.

Nessa linha, ele passa a acusar os críticos, que já haviam se manifestado contrário à viagem desde o primeiro post em que ele anunciou que estava em Jerusalém, de reproduzirem “argumentos sobre o “sionismo” que parecem tirados dos discursos antissemitas mais anacrônicos”, o que fez repetindo um argumentostandard dos sionistas que justamente implementam a política beligerante de Israel contra os palestinos, que sempre acusam os críticos desse tipo de atuação política de Israel de serem “antissemitas”.

Aprofundando os seus argumentos, o deputado federal Jean Wyllys, que ano passado foi escolhido pela revista inglesa The Economist como uma das 50 personalidades que defende a “diversidade” no mundo, passa a discorrer sobre as diferentes correntes de pensamento político que convivem em Israel, afastando generalizações especificamente descabidas, afirmando sobre isso que “Acusar todo sionista (ou todo israelense, ou todo judeu) pelas barbaridades praticadas pelo governo de Israel nos territórios palestinos é tão equivocado como acusar todo muçulmano (ou todo palestino, ou todo árabe) pelos crimes do terrorismo do Hamás ou do ISIS ou de outras facções criminosas” e que “É possível repudiar o terrorismo do Hamás e os crimes de Netanyahu, ser a favor do reconhecimento do estado palestino e do direito a existir do estado de Israel e almejar a paz e a coexistência entre ambos os povo”.

Nada disso é exatamente novidade. Só para citar um exemplo do lugar comum que é essa alegação de que em Israel existem pessoas contrárias à política israelense opressora imposta aos palestinos, esse tipo de postura pode ser encontrada naqueles jovens que se recusam a servir ao exército israelense por questões políticas (objetores de consciência), atitude que foi divulgada, acredito, pela primeira vez de forma mais abrangente em termos internacionais, em 2008, num vídeo que mostrava o que significa, em hebraico, ser um “shministim”:

Omer Goldman, que é filha de uma liderança do Mossad (o serviço secreto israelense), foi talvez a mais conhecida desses ativistas. Chegou a dar entrevistas à imprensa internacional e à própria mídia israelense, como se pode ver aqui:

Por fim, no primeiro relato, ao abordar o ponto mais sensível de sua viagem a Israel, Jean Wyllys afirma, sobre o movimento BDS, sigla em inglês para Boycott, Divestment and Sanctions Movemento movimento que defende um boicote internacional a Israel nas mais diversas áreas, a exemplo do boicote feito contra a África do Sul na época em que este país implementava o regime do apartheidcontra os negros sul-africanos, uma vez que muitos analistas internacionais visualizam o mesmo problema na postura de opressão israelense imposta ao povo palestino, o que se segue:

“Por último, muita gente me questionou sobre o “boicote a Israel” ou BDS. De acordo com esse boicote, para ser solidário com os palestinos, eu não deveria ter aceitado um convite de uma universidade israelense (a mesma pressão foi feita para que Caetano e Gil não fizessem um show em Israel). Eu sou contra boicotes contra qualquer povo. Acho equivocado confundir governo, estado e população. O boicote detona as pontes e favorece os extremistas de ambos os lados, seja o Likud ou o Hamás.

E vou repetir aqui o que falei no final da minha palestra na universidade: da mesma forma que sou contra o boicote a Israel, acho uma contradição imperdoável que o governo israelense apoie na ONU o bloqueio norte-americano a Cuba!”

Ou seja, Wyllys refutou a validade do movimento BDS porque enxerga nisso uma injusta sanção imposta ao povo israelense, que não pode se confundir com o governo do Estado de Israel. Além disso, Wyllys considera que isso seria uma política equivocada, pois impediria a construção do diálogo em busca da paz e favoreceria os extremistas de ambos os lados, seja o Likud, seja o Hamás. Por fim, ele faz uma analogia do boicote a Israel com o bloqueio americano imposto à Cuba, afirmando ser ambos equiparáveis e igualmente injustos ou inválidos, argumento notoriamente inválido, pois Cuba é quem assume a figura de parte oprimida na questão do bloqueio imposto pelos EUA, enquanto Israel é opressor em relação aos palestinos.

Se a reação ao primeiro dos posts, que tão-somente havia anunciado a visita a Israel, já tinha, por si só, detonado inúmeras críticas de setores importantes da esquerda brasileira, esse primeiro relato publicado pelo deputado Jean Wyllys deu início a uma das maiores polêmicas nas redes sociais brasileiras nos últimos tempos. Muitos militantes da esquerda brasileira ou que simplesmente se declaram como sendo de orientação política “de esquerda” discordaram veementemente das posições assumidas pelo deputado, apesar de muita gente ter manifestado apoio às palavras de Jean Wyllys, entre eles inúmeros judeus da comunidade judaica brasileira, muitos deles que vivem em Israel.

A polêmica somente se aprofundou mais ainda com a publicação do segundo relato sobre a viagem a Israel, intitulado “VER: AMOR”, em que Jean Wyllys começa descrevendo uma visita ao Museu do Holocausto (Yad Vashem), tendo como guia a pessoa de Vraham Milgram, o “Tito”, identificado por Wyllys como “inteligente, sensível e generoso historiador e pesquisador sênior da instituição (…) organizador dos “Fragmentos de memórias” escritos pelos veteranos do movimento juvenil sionista-socialista Dror, fundado em 1945.” De acordo com Wyllys, Vraham Milgram seria um “corajoso” crítico das políticas de Benjamin Netanyahu e da direita israelense em relação aos palestinos e seus territórios ocupados por assentamentos de judeus e que teria declarado a ele que “o povo judeu, vítima de tamanha atrocidade, não tem o direito de ser insensível às violências perpetradas pelo governo de Israel contra os palestinos.”

Depois de relatar um encontro com o escritor David Grossman, que Wyllys disse ser um dos intelectuais judeus cujas obras mais contribuíram para a sua formação (o título do segundo relato, aliás, seria o mesmo de uma obra de Grossman), Jean Wyllys passou a descrever um encontro que ele disse ter tido com representantes do “FFIFP”(cuja verdadeira sigla parece ser FFIPP, segundo informou o jornalista Andrew Fishman, no artigo que escreveu sobre a polêmica envolvendo a visita de Jean Wyllys a Israel no site The Intercept), organização que faz parte do movimento BDS.

O encontro com representantes do FFIPP, que seria um grupo internacional sem fins lucrativos que se denomina uma “rede educativa de direitos humanos Palestina/Israel”, foi descrito por Jean Wyllys nos seguintes termos:

“Depois da visita ao museu e antes do encontro com Grossman, encontrei também com representantes do FFIFP, organização que faz parte do BDS (campanha de “boicote” contra Israel). Conversei com eles porque, embora eu seja contra o boicote (como Grossman e Milgram também o são!), queria ouvir seus argumentos. Eu sempre tento atuar com discernimento, ouvindo diversas opiniões e consultando diversas fontes de informação.

Contudo, se a minha disposição era ouvir, a deles era me “ensinar” aquilo que eles achavam que eu não sabia e me mostrar que eu estava sendo “ingênuo” e ouvindo apenas “o outro lado”. Primeiro preconceito: a subestimação. Segundo: todos os representantes da comunidade judaica (tanto brasileiros quanto israelenses) com os quais conversei nesses dias falaram contra a ocupação dos territórios palestinos, contra (e muito críticos do) governo Netanyahu e a favor da solução dos dois estados, inclusive no debate na Universidade Hebraica de Jerusalém. Terceiro preconceito: eles achavam que, por ser homossexual, eu seria influenciado pela “propaganda” de Israel, que eles chamam de “lavagem rosa”, que supostamente busca seduzir lideranças LGBT mostrando que o país tem políticas de igualdade de direitos, para que apoiem seu governo e sejam “contra” os palestinos. Quanta teoria da conspiração e quanto desrespeito a nós, LGBTs!

Eu ouvi e depois falei a minha opinião. E acho que consegui convencê-los, em primeiro lugar, de que parte da esquerda precisa abandonar seu maniqueísmo e sua visão dicotômica do mundo, dividindo-o em “bons” e “maus”, “heróis” e “vilões”. A realidade costuma ser muito mais complexa. Há muito mais do que dois lados no conflito israelense-palestino, porque ambos os povos, como qualquer outro, são diversos. E há israelenses e palestinos que querem a paz e a coexistência e outros que conspiram contra elas. Eu falei que a minha atuação política sempre tenta construir pontes e que acredito que não haja solução que negue a existência e os direitos de um desses povos, seja qual for. A paz e a justiça social deverão ser construídas por ambos. Por isso, a política do boicote a Israel (ou seja, contra o seu povo) é um equívoco: só produz mais ressentimento, fortalece os extremistas de ambos os lados, detona as pontes e impede o diálogo. Se eu tivesse aderido ao BDS, não teria viajado a Jerusalém e não teria podido conversar com ninguém, inclusive com eles! (Aliás, por que não há boicote contra a Síria, cujo governo é responsável por dezenas de milhares de mortes, ou contra a ditadura iraniana, que enforca homossexuais? Será porque não são judeus?).

Concordamos também que parte da esquerda precisa superar sua homofobia. Se outro deputado do PSOL tivesse viajado a Israel, não teria sido subestimado e visto como sensível à “lavagem rosa”. E que conceito horrível! Os direitos conquistados pelos LGBTs israelenses são uma luz numa região dominada pelo fundamentalismo, o totalitarismo, a misoginia e a homofobia, e eu parabenizo esse povo por seus avanços. Contudo, isso não me impede de ser solidário com outros oprimidos nessa terra, como os palestinos, por exemplo, da mesma forma que muitos judeus israelenses o são. E a solidariedade com os palestinos não deveria impedir a esquerda de denunciar a opressão que (por exemplo) os homossexuais sofrem nos países islâmicos, ou reconhecer as conquistas democráticas em Israel! De fato, eu também gostaria de ir a outros países do Oriente Médio, mas não posso, porque em muitos deles poderia ser enforcado ou preso por ser gay. A esquerda também precisa ver isso (e ver a barbárie do terrorismo e dos regimes teocráticos e as ditaduras da região) e parar de priorizar umas causas em prejuízo de outras e subestimar o sofrimento de tanta gente.

Muitos querem que compremos seu discurso pronto, fechado, cheio de “verdades” inquestionáveis e imperativas. E se não o fizermos, atacam-nos nas redes sociais, ofendem-nos e nos desqualificam, exigindo obediência a suas posições. Eu procuro ver, escutar, dialogar, analisar e discernir. Amanhã irei visitar Belém e talvez Hebron, na Cisjordânia, e depois viajarei a Tel Aviv. E continuarei, como até agora, com a cabeça aberta, sem preconceitos e imune às pressões e insultos dos que querem me impor suas “verdades perfeitas”.” (sic)

A partir daí, as críticas às posições de Wyllys, externadas em seus relatos sobre a viagem a Israel, somente se aprofundaram. Quem puxou o coro das críticas nas redes sociais foi o diplomata brasileiro, ex-secretário dos direitos humanos do governo FHC e um dos ex-presidentes da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, que, em seu perfil no Facebook, publicou um vídeo, que pode ser assistido na página do Facebook intitulada “Rede Social Comunistas” (ver aqui:https://www.facebook.com/200699703303905/videos/vb.200699703303905/1133600520013814/?type=2&theater), afirmando que as notas de Wyllys sobre sua estadia no país são “lamentáveis e deploráveis” e que o deputado revela “uma crassa ignorância e uma total desinformação sobre a política de direitos humanos em Israel.”, conforme também divulgou matéria publicada no site da Caros Amigos.

Em outra parte de seu pronunciamento, Pinheiro afirmou que “Se já é temerário um lutador de direitos humanos visitar, hoje, Israel, é ainda mais lamentável que não visite a Palestina ou Gaza ou se refira a ocupação (da Palestina por Israel)”. Por fim, o diplomata brasileiro afirmou que “Há vários temas que o deputado poderia ter tratado, como as 800 crianças, desde os nove anos, presas por Israel por jogar pedras em forças de ocupação. A romancista que teve seu livro proibido por tratar de uma relação entre um judeu e um árabe. A censura do beijo entre um árabe e um judeu e de outros casais do mesmo sexo. A censura que está sendo impostas às organizações de direitos humanos em Israel. É tudo isso que o deputado Jean Wyllys desconheceu e deveria ter levado em conta na sua visita.”

Quem também chegou a participar da polêmica, tendo publicado um belo comentário na página de Jean Wyllys no Facebook junto ao primeiro relato por ele publicado, que foi replicado em outros sites e por inúmeras outras pessoas nas redes sociais, foi o militante histórico da esquerda brasileira, Waldo Mermelstein, fundador da “Convergência Socialista” e do PSTU, assim como chegou a militar no Chile, durante a época do governo Salvador Allende, sendo ele próprio filho de pais judeus e, portanto, judeu que chegou a morar em Israel num kibutz. O comentário, evidentemente, foi publicado originalmente na data de 07/01/2015, um dia depois da publicação do primeiro relato por Jean Wyllys em sua página no Facebook e, portanto, antes de Jean Wyllys anunciar que visitaria os territórios palestinos ocupados por Israel (algumas pessoas chegaram a trabalhar com a hipótese de que o deputado somente decidiu visitar os territórios palestinos ocupados por causa da reação crítica que sofreu nas redes sociais diante dos seus dois primeiros relatos sobre a viagem a Israel, isto é, essa agenda não estaria prevista desde o primeiro momento, apesar do professor doutor americano James Green ter desmentido isso, como se verá adiante). O texto foi publicado primeiramente num dos comentários registrados no primeiro relato sobre a viagem, mas logo foi publicado em outros lugares da Internet, a exemplo do site VIOMUNDO, do jornalista Luiz Carlos Azenha, como pode se observar no link a seguir: http://www.viomundo.com.br/politica/waldo-mermelstein-jean-wyllys-e-a-velha-cartada-do-antissemitismo.html.

O deputado do PSOL do Rio de Janeiro reagiu às críticas de Paulo Sérgio Pinheiro da pior forma possível, o que provavelmente influenciou o diplomata inclusive a apagar o seu perfil no Facebook. Em dois posts consecutivos publicados, respectivamente, no dia 08/01/2016 e 09/01/2016, Wyllys, levando as críticas desproporcional e irrazoavelmente para o lado pessoal, atacou o diplomata, inclusive insinuando, no primeiros dos posts, que ele teria motivos “obscuros” que precisavam ser “investigados” para ter feito as críticas que fez contra ele, além de atacá-lo como “invejoso” e “desonesto intelectual”.

De fato, assim se pronunciou Jean Wyllys na primeira vez em que responde às críticas de Paulo Sérgio Pinheiro, o que aconteceu no segundo relato sobre a viagem a Israel:

“Enquanto eu concluía essa viagem, recebi, de uma amiga, uma intelectual do Rio cujo nome vou preservar para poupá-la dos insultos e outros ataques vis por parte da legião de imbecis de direita e de “esquerda” que vigora na internet; recebi, dela, um texto de Paulo Sérgio Pinheiro tecendo considerações sobre minha vinda a Israel que são quase um ataque pessoal e gratuito. Só estive na presença de Paulo Sérgio Pinheiro uma única vez, de modo que não existe, entre nós, nenhum episódio específico que justifique sua atitude.

Embora afirme que leu as crônicas anteriores e as chame de “constrangedoras”, está claro que Paulo Sérgio Pinheiro não leu nada, uma vez que, se tivesse lido, saberia que o programa da viagem ainda não se encerrou e que este incluía a viagem de hoje para além dos muros erguidos por Israel. Sendo assim, então a que interesses corresponde esse ataque de Paulo Sérgio Pinheiro? Quais forças o movem? É algo a se investigar…

Ora, um intelectual da envergadura de Paulo Sérgio Pinheiro não se prestaria a se ocupar da viagem de um parlamentar como eu de modo tão vulgar e desonesto intelectualmente se não houvesse motivo maior (e oculto!) que o aparente! Até porque, ao meu lado na atividade da Universidade Hebraica, estavam dois intelectuais que Pinheiro conhece bem (James Green e Renato Lessa), mas sobre os quais não teceu qualquer comentário. Fico até lisonjeado de um intelectual como Pinheiro se prestar a me patrulhar ideologicamente pelo Facebook (Ele, que recentemente integrou a Comissão da Verdade, que teve, por objetivo, resgatar a memória da patrulha ideológica, assédio moral, censura e violências físicas perpetradas pela Ditadura Militar contra intelectuais, ativistas e parlamentares como eu entre 1964 e 1985; aliás, o que seriam dessas pessoas se os intelectuais e artistas europeus e americanos não aceitassem, à época, convites das universidades e intelectuais de esquerda brasileiros para saberem o que se passava de fato no Brasil? É no mínimo curioso que, hoje, Pinheiro exija que eu me negue a aceitar convite semelhante da esquerda israelense e chame minha viagem de “turismo histórico deslumbrado”!). Fico lisonjeado, mas não deixo de lamentar que um intelectual da envergadura de Paulo Sérgio Pinheiro suje sua biografia com texto tão constrangedor (este adjetivo agora cabe de fato!) porque eivado de má fé, desonestidade intelectual e inveja.”

Na sequência desse trecho, ele ainda faz comentários desairosos a Emir Sader e a Milton Temer (que foi deputado federal pelo PT no período de 1995-2002 e hoje é membro da Executiva Estadual do PSOL no Rio de Janeiro, mesmo partido de Jean Wyllys e do qual Temer foi um dos fundadores quando rompeu com o PT por discordar de algumas políticas implementadas no primeiro governo Lula), de quem ele disse sempre ter defendido das “acusações de antissemitismo”, apesar de achar “horrorosas” algumas expressões que ele supostamente usa a respeito, pois sempre pensou que fosse por “desinformação” e não por “maldade”, tendo ainda atribuído a Temer a culpa por ter influenciado que supostos “homofóbicos de esquerda” engrossassem o ataques contra ele pelos seus relatos sobre a sua viagem a Israel.

Milton Temer chegou a responder num dos comentários ao post que veiculou oquarto relato da viagem, nos seguintes termos:

“Fico feliz com a iniciativa da sua visita à Cisjordânia. Houvesse sido anunciada já nos primeiros dias, não me deixaria dúvidas quanto a ser consequência das manifestações múltiplas dos que, mesmo se inscrevendo entre seus partidários, se sentiram agredido com a empolgação de suas crônicas iniciais. Espero que tenha convencido você de que o existente nessa ocupação de uma Nação, onde os corajosos resistentes são taxados de terroristas, da mesma forma que comunistas e judeus o foram na resistência à ocupação nazista na II Guerra Mundial, não é política de uma “minoria extremista”. É, sim, um terrorismo de Estado conduzido por um governo xenófobo, racista e imperialista. Afinal, Netanyahu não é líder de grupúsculos. Ele é primeiro-ministro eleito por sufrágio universal. Minoria, mas minoria mesmo, quase insignificante da sua corajosa luta é a dos judeus que têm olhar fraterno em relação ao povo palestino. Sobre eles, aliás, eu já escrevia no “Teoria &e Debate”, revista da Fundação Perseu Abramo, lá nos anos 90, após visita oficial a Ramalah, na Cisjordânia, onde Arafat estava preso e cercado pelas tropas israelenses em sua própria residência oficial. No artigo, eu deixava claro o quanto de falacioso havia em que definia a situação como “conflito entre dois países”. Até porque o próprio Israel não reconhecem Palestina como tal. O que havia, repito o que escrevi então, era a ocupação atroz de um País equipado inclusive com armamento nuclear, com apoio financeiro e bélico dos EUA , sobre um povo encarcerado em seu próprio território nacional. Você acha que alguma coisa melhorou para os palestinos após tantos anos decorridos? Quanto à sua admiração pela forma como LGBTs têm tratamento digno em israel, vale te informar que, na realidade brasileira, são exatamente os seus principais adversários homofóbicos no Parlamento que têm pelo país a idéia de que seja “democrático”. Se vc quiser detalhes, segue o que acabei de postar, a propósito de nota na coluna do Ilimar, no Globo: “a Frente Parlamentar Evangélica decidiu se posicionar a favor da nomeação da Dany Dayan para embaixador no Brasil. Em nota, diz que a indicação é de um País “democrático e amigo” e que o conflito não interessa a ninguém”. Fica um PS final. Não preciso de sua defesa contra os que me chamam de antissemita por minha solidariedade expressa ao povo palestino. Sou semita de origem e sei quanto de simpáticos ao autoritarismo fascista existe entre os detratores.” (sic)

O deputado Jean Wyllys retomou os ataques aos seus críticos no dia seguinte, 09/01/2016, dessa vez valendo-se de um vídeo gravado pelo professor doutor James Green, da Universidade de Brown e um dos que acompanham a visita de Wyllys a Israel, especificamente à sua palestra na Universidade Hebraica de Jerusalém. Green trabalha na mesma universidade americana na qual o diplomata Paulo Sérgio Pinheiro lecionou como professor visitante. Green tão-somente questiona as declarações de Paulo Sérgio Pinheiro na parte em que ele teria omitido saber, por informações prestadas pelo próprio James Green quando supostamente teria estado em sua residência, que a visita de Jean Wyllys a Israel abrangeria os territórios palestinos ocupados por Israel. Green se diz atônito com o comportamento de Paulo Sérgio Pinheiro e chega a perguntar ao final “O que é isso, companheiro?”.

Ao comentar o vídeo, Jean Wyllys escreveu o seguinte em sua página no Facebook:

“O professor doutor James Green pergunta ao mentiroso e hipócrita tucano Paulo Sérgio Pinheiro (afinal, ninguém nunca viu ou ouviu Pinheiro dizer um “ai” publicamente acerca dos pastores evangélicos fundamentalistas brasileiros, para os quais políticos tucanos e petistas se ajoelham em altares, e que fazem trilha pra Israel a fim de fazerem alianças espúrias com a direita israelense islamofóbica!); Green lhe pergunta no vídeo abaixo: “O que é isso, companheiro?” “

Nesse momento, a polêmica havia atingido o seu clímax. No entanto, se Wyllys esperava que esse vídeo tivesse o efeito de desmentir ou refutar as críticas do diplomata Paulo Sérgio Pinheiro, o máximo que ele conseguiu foi exibir um constrangedor destempero pessoal no debate, desequilibrado até, pois o vídeo era pura tergiversação quanto ao que exatamente havia criticado Pinheiro.

A mensagem gravada pelo professor doutor James Green NADA TEM A VER com o o cerne das críticas veiculadas, também por vídeo, pelo diplomata Paulo Sérgio Pinheiro em seu perfil no Facebook, que foram pontuais e muito claras (ele depois apagou o perfil, provavelmente contrariado pela reação destemperada do deputado, e o vídeo, obviamente, foi junto).

O diplomata Paulo Sérgio Pinheiro foi muito claro ao classificar os relatos que o deputado Jean Wyllys vem publicando em sua página no Facebook como “lamentáveis” e “deploráveis”, além de exibir “crassa ignorância” sobre as violações aos direitos humanos praticadas pelo estado de Israel contra o povo palestino, sendo esse o verdadeiro cerne das críticas que ele fez. Em nenhum momento do vídeo que divulgou no Facebook, o diplomata Paulo Sérgio Pinheiro se atém ao que estava programado para a viagem do deputado Jean Wyllys a Israel. Portanto, nada do que foi abordado no vídeo gravado pelo professor doutor James Green se refere, com exatidão, ao teor da crítica feita por Paulo Sérgio Pinheiro, a qual se dirigiu especificamente ao conteúdo deplorável, ignorante e não menos lamentável dos relatos que o deputado Jean Wyllys vem publicando em sua página no Facebook sobre a sua visita a Israel. Tanto isso é verdade que, mesmo com Jean Wyllys cumprindo a suposta agenda “programada” da visita, que incluiria os territórios ocupados por Israel, a linha política dos relatos que ele vem publicando se manteve. Ou seja, a visita que ele fez aos territórios palestinos ocupados por Israel não mudou em nada as críticas que o diplomata Paulo Sérgio Pinheiro dirigiu aos relatos do deputado.

Ridículo foi constatar o deputado Jean Wyllys partir, mais uma vez, como costuma fazer, para a desqualificação pessoal desfundamentada contra aqueles que criticam suas ideias e posicionamentos políticos, como fez contra o diplomata Paulo Sérgio Pinheiro, chamando-o de “mentiroso e hipócrita tucano” supostamente omisso em relação aos pastores evangélicos brasileiros que, quando visitam Israel, fariam alegadas “alianças espúrias com a direita israelense islamofóbica”.

Ora, Jean Wyllys não vai se defender validamente das corretas e pertinentes críticas feitas pelo diplomata Paulo Sérgio Pinheiro atacando uma alegada omissão em relação ao que supostamente pastores evangélicos brasileiros fazem ou deixam de fazer em Israel. Pelo próprio teor da crítica que Paulo Sérgio Pinheiro fez aos relatos do deputado sobre a sua visita a Israel, ficou muito claro qual a sua posição política em relação ao tema da causa palestina. Se ele deixou de falar sobre as viagens dos pastores evangélicos brasileiros, muito provavelmente foi porque não tomou conhecimento ou porque isso não teve e não tem qualquer importância na conjuntura política brasileira e internacional, algo muito diferente quando um deputado federal brasileiro como Jean Wyllys, que vem ocupando espaço na mídia nacional e internacional como proeminente defensor de direitos humanos, publica uma visão distorcida da questão em sua página no Facebook, quando, para a perplexidade geral, chegou a estabelecer uma relação de simetria entre palestinos e israelenses como causa do problema, esquecendo a muito maior responsabilidade de Israel enquanto opressor e violador sistemático de vários direitos humanos da população palestina, que sofre há décadas com uma ocupação criminosa perpetrada pelo estado sionista, notoriamente racista em suas políticas beligerantes, instituidor de um verdadeiroapartheid na região, principalmente na Cisjordânia e em Gaza.

De fato, essa postura totalmente agressiva e inadequada de Jean Wyllys passou uma péssima impressão a todos, ainda que não fosse exatamente uma novidade, mas algo que sempre foi uma característica da forma dele debater os assuntos com quem discorda dele.

Por exemplo, nas respostas que deu a Milton Temer, a impressão que se teve foi a de que o deputado Jean Wyllys era desonesto demais e arrogante demais em sua ignorância sobre a causa palestina para se convencer do óbvio, qual seja, que os crimes contra a humanidade praticados por Israel contra os palestinos não são coisas de uma “minoria extremista”. Ele está imbuído em mostrar para as pessoas que os dois lados padecem dos mesmos problemas, de uma forma simétrica. Os palestinos são tão culpados quanto os israelenses. Impossível não construir a visão de que essa é a opinião de um pelego que deve ter motivos inconfessáveis para agir dessa maneira vergonhosa para alguém que se declara “de esquerda” (sem qualquer passado de uma verdadeira e autêntica militância de esquerda, frise-se).

Em seus relatos, o deputado tem se notabilizado por ser um leitor superficial que vende uma falsa ideia de conhecedor de temas como esse. A postura esnobe e professoral que ele exibe no post em que atacou Milton Temer, Emir Sader e Paulo Sérgio Pinheiro, ao achar que estava descrevendo corretamente a “realidade” da situação ao ouvir uma ou outra pessoa, seria inaceitável com toda a pesquisa, estudos, reportes, matérias jornalísticas, relatos, livros e teses acadêmicas a respeito, se antes não fosse simplesmente patética. O que ele fez? De forma surpreendente em sua megalomania, pretende afirmar a verdadeira situação a partir de parcas experiências que remetem à mais manjada propaganda sionista que distorce os fatos (marca tradicional dos argumentos sionistas beligerantes é sempre ter uma explicação “aceitável” ou “justificativa” sobre os massacres e crimes que perpetram). Jean Wyllys é sionista (defende a existência do Estado de Israel no Oriente Médio, como pregavam os sionistas seminais) do tipo que enxerga legitimidade na ação “defensiva” israelense. Ele apoia essa ideia e está difundido isso entre os seus leitores no Facebook.

A questão não é apenas ele ter ido a Israel ou dizer que nem todo israelense apoia os crimes contra a humanidade praticados pelos sionistas israelenses beligerantes que comandam o país. A questão é relativizar tais crimes, buscando igualar os lados e tentando enxergar uma “complexidade” que justifica e até mesmo torna admissíveis os crimes praticados pelo estado sionista contra os palestinos.

Foi isso que o deputado do PSOL, de forma nitidamente deslumbrada, o midiático amigo de celebridades da Rede Globo, comentarista de redes sociais que exibe, vez ou outra, um insistente complexo de inferioridade (exemplo disso foi o segundo relato que ele publicou sobre a sua viagem a Israel, que é uma prova constrangedora disso, pois ele achou que representantes da organização FFIPP que apoiam o boicote a Israel tentaram “lecionar” para ele e isso não pode, agindo como um juiz de direito que fica com raiva ao ler uma petição bem fundamentada de um advogado porque, de forma despeitada, enxerga nisso uma tentativa do advogado de dizer que ele não sabe o assunto ou que sabe mais do que ele), que usa “cafona” como argumento contra as mulheres que o contrariam (a apresentadora de telejornais Rachel Sheherazade já foi alvo desse tipo de ataque em sua página, sim, isso mesmo, Jean Wyllys, defensor dos direitos humanos das mulheres e de outras minorias, se vale desse tipo de argumento para atacar uma interlocutora mulher, como se pode constatar num artigo de sua autoria intitulado “A subsombra desumana de Raquel Sheherazade“, publicado no site VIOMUNDO), cheio de hype, fez. Ele quis estar entre os judeus sionistas de Israel, porque ele, dentre outros motivos, acha isso cool e politicamente correto. Jean Wyllys exibe esporadicamente esse tipo de comportamento.

Em muitos momentos, ele foi completamente desonesto nesse debate, intelectualmente falando, faltou com a verdade (o que aconteceu quando, por exemplo, omitiu o fato da viagem dele a Israel ter sido financiada por membros da comunidade judaica do Rio de Janeiro, segundo divulgou a própria FIERJ emnota publicada em sua página no Facebook), desvirtuou as coisas, mudou o foco das críticas, acusou indevidamente pessoas sérias de serem homofóbicas, burras, desonestas, críticos de má-fé, que agiam por motivos obscuros, tudo isso com a intenção imatura de manter uma aparência de conhecedor dos temas que muito superficialmente domina. Ao agir assim, infelizmente Jean Wyllys emulou praticamente uma postura em tudo compatível com a de um farsante, cuja arrogância só aumentou com a popularidade midiática que vem alcançado nos últimos tempos.

De fato, é de se questionar sim esse ponto: por que deputado Jean Wyllys, no primeiro relato que publicou em sua página no Facebook sobre essa viagem a Israel, não tornou público que o financiamento da viagem foi feito por membros da comunidade judaica do Rio de Janeiro, como divulgou a FIERJ em recente nota publicada em sua página no Facebook? Por que ele omitiu esse fato e se limitou a dizer que não tinha viajado com dinheiro público e que seus assessores que lhe acompanham tinham pago as passagens?

É uma omissão importante que até agora não foi explicada.

Além de tudo isso, inúmeros internautas que comentavam os relatos sobre a viagem a Israel publicados em sua página no Facebook reclamaram de que posts tinham sido apagados ou perfis haviam sido bloqueados, ou pelo próprio Jean Wyllys ou pela sua assessoria de comunicação, que muitas vezes responde aos comentários publicados pelas pessoas em geral.

Sempre que ele esteve acuado, ele usou a acusação de homofobia. Nisso ele se assemelha com os sionistas: sempre que estão acuados, usam a acusação do antissemitismo, valendo-se inclusive da eterna “carta nas mangas” do Holocausto. Aliás, não foi por acaso que ele, no primeiro relato que publicou sobre a viagem, disse que existiam semelhanças entre os homossexuais e os judeus em termos de perseguição. Isso já era um prenúncio do que estava por vir.

Nessa linha, antes de escrever o quinto relato sobre a viagem a Israel, Jean Wyllys continuou a colocar lenha na fogueira da polêmica, em post publicado no dia 09/01/2016, no qual transcreveu texto de Michel Gherman, professor da UFRJ e pesquisador do NIEJA, cuja íntegra reproduzo abaixo o que foi publicado pelo deputado em sua página no Facebook:

“São dias difíceis pra mim. A ideia de que um parlamentar da esquerda brasileira pode vir a Israel para apresentar ao público brasileiro multiplas formas de resistência e combate a ocupação tem sido desafiada por setores dessa mesma esquerda. Despejando dogmas e preconceitos, colegas a quem repeito e intelectuais que são referência pra mim destlilam ódio e simplificação nas redes sociais. Para eles, não basta ser contra Bibi, combater a ocupação e denunciar o fascismo que cresce em Israel; para eles a “Verdadeira Esquerda” deve ir além. Ela deve entender todo como um e a um como todos.

Nessa perpectiva Eu, Bennet, Dov Chanin, Yeshaihau Leibowitz, Meir Kahane, Amós Oz, David Grossman, Nitzan Horowitz, Charle Biton, Yosi Yona e outros seríamos a mesma coisa. Não importa nossa posição, o que pensamos, o que publicamos e o que fazemos; somos todos alvos de um boicote (não me refiro somente ao BDS) e trabalhamos para o governo a ocupação… sei lá pra quem.

Me sinto aqui invisível e imagino que tambem outros colegas que estão aqui comigo. Entendam, diferente daqueles que vomitam regras no facebook, o caso, para mim, é de outra ordem. Defender Jean Wyllys é garantir minha sobrevivência. E sabem o quê? Sei que não conto com vocês para isso.

Pior: não posso acusar vocês pela chacina de Vigário Geral, não posso dizer que vocês são todos bolsonaros, nao posso dizer que o menino da favela de manguinhos foi morto por vocês… sei que voces são o “outro lado”. Sei que vocês denunciam esses assasinos e esses assassinatos. Assim, se eu acusasse vocês de estarem do mesmo lado destas bestas, por serem brasileiros, eu seria desonesto. Vocês parecem não ter essa preocupação.

Por fim, acho estranho que o BDS seja mais importante que a denúncia da ocupação, acho estranho que o BDS seja mais importante que um relato de um palestino de Belém, ou que seja mais importante que a corajosa fala de Grossman. Tendo a desconfiar de posições dogmáticas e parece que apoiar o BDS é uma delas. Aliás, me estranha a forma de tratar tal deputado de alguns colegas e de alguns intelectuais. Eles tem chamado seus posicionamentos de “deslumbre”. Será que estes setores da esquerda resolveram sair do armário? Será que quando um deputado gay aponta uma posição diferente podemos acusá-lo de “deslumbrado”, sem sermos acusados de homofóbicos?”. (sic)

A coisa ficou pior a cada post. Agora, a postura de quem deixou de criticar os crimes contra a humanidade praticados por Israel, porque viu nisso um reflexo da “complexidade” da situação, que não permite falar em “bem” contra o “mal”, que viu nisso uma consequência das ações extremistas que existiriam, em igualdade de condições, frise-se, dos dois lados (palestinos e israelenses), como se os palestinos pudessem ser comparados, em pé de igualdade, com Israel, enfim, porque viu nisso uma forma de construir “pontes” entre as duas partes, pode ser comparada validamente a uma autorização para que se acuse os brasileiros que apontaram esses erros nos relatos do deputado Jean Wyllys de serem coniventes com os massacres perpetrados contra alguns grupos desfavorecidos no Brasil (o cidadão, colocando a cereja no bolo de sua falácia estúpida, chega a citar a chacina de Vigário Geral, vejam vocês).

Onde está a falácia? A falácia está no fato de que nenhum dos críticos que apontaram os erros nos relatos do deputado Jean Wyllys compactua ou deixou de fazer as críticas necessárias contra atos como o que foi praticado em Vigário Geral, ao passo que o deputado exibiu uma postura condescendente e lamentavelmente ignorante em relação à causa palestina, silenciando em relação aos crimes praticados contra os palestinos pelo estado sionista e vendo nisso um mero reflexo da “complexidade” do conflito, deixando claro que coloca os palestinos e Israel no mesmo patamar em termos de responsabilidades.

A comparação feita acima por Michel Gherman, portanto, é improcedente, é falaciosa e falsa, sem valor algum. Quem criticou Jean Wyllys jamais viu em chacinas como Vigário Geral um ato “justificável”, como a esmagadora maioria dos israelenses procura justificar os crimes que Israel pratica contra os palestinos, vide os comentários de muitos sionistas que aportaram na página do deputado no Facebook e transformaram-na num posto avançado de defesa da política beligerante israelense. Não se pode enxergar nos crimes praticados por Israel algo inerente à “complexidade” da situação, ao ponto dessa tal “complexidade” se tornar a panaceia que serve para absolver moralmente e legalmente Israel dos crimes que ele pratica. É para esse cenário que os relatos do deputado Jean Wyllys se dirigem, o cenário da condescendência e aceitação subserviente dos crimes praticados por Israel. Se ele não quer ser visto dessa forma, que mude a sua postura e passe a fazer as críticas a Israel que um verdadeiro defensor dos direitos humanos deve fazer.

De outra banda, chamar a postura de Wyllys de “deslumbrada” não tem nada de homofobia. É o uso de uma palavra que se ajusta perfeitamente a quem foi para Israel, financiado por membros da comunidade judaica do Rio de Janeiro, como divulgou em nota a FIERJ, para defender ideias que são em tudo pura propaganda sionista. Aí ele aparece nas fotos fazendo “turismo político”, posta nas redes sociais dizendo-se “emocionado” por estar visitando o país pela primeira vez, ganha atenção e posa de “racional” e “pacifista”, esquecendo todo o sofrimento que Israel impinge aos palestinos. Tudo isso em nome de quê? De ter conseguido estreitar laços com a comunidade judaica carioca? Para posar de amigo da comunidade judaica carioca? O que é isso, se não é deslumbramento?

Jean Wyllys visivelmente evitou fazer as críticas a Israel que deveria fazer porque, dentre outros motivos ainda não exatamente claros, tornou-se próximo à comunidade judaica carioca. Virou algo pessoal para ele. Ele não ia ser financiado para viajar para Israel por judeus que apoiam o sionismo e depois aparecer criticando a política beligerante israelense. Daí você entende o tom que ele exibiu em seus relatos sobre a viagem a Israel. Aliás, basta olhar para o quê se tornou a página dele no Facebook: um posto avançado de defesa do sionismo beligerante israelense, considerando a quantidade de judeus sionistas brasileiros que por lá aportaram para defender a política militar israelense, vista e apontada em muitos comentários como algo “legítimo” em termos de autodefesa.

Foi a isso que se juntou Jean Wyllys nessa viagem e isso ficou claro nos relatos que ele escreveu até aqui. Seus eleitores de esquerda e muitos que respeitavam a sua militância pró-direitos humanos, especialmente do movimento LGBT, estão decepcionados, inclusive eu, que cheguei em algumas ocasiões a exortá-lo em sua página no Facebook a assumir posições mais incisivas e menos coadjuvantes em termos de liderança política. Lamentável. No entanto, ainda dá tempo para aprender com a experiência, refletir e rever uma série de fatos e posições equivocadas. Reconhecer o erro da postura, fazer a autocrítica. Caso contrário, a impressão que ficará comprometerá inclusive a pessoa dele, não apenas a do político.

Um dos aspectos presentes no texto de Michel Gherman, professor da UFRJ e pesquisador do NIEJA, citado por Jean Wyllys em sua página no Facebook é um que critica o boicote por enxergar nisso um fator prejudicial ao tipo de militância política contrária às ocupações promovidas por Israel nos territórios palestinos. Por enxergar nisso uma injustiça que teria motivações um tanto obscuras, ele insinua, ao questionar o que exatamente estaria por trás dessa posição que colocaria inclusive em risco a sobrevivência dele e de outras pessoas que são contra as ocupações dos territórios palestinos por Israel, que a verdadeira motivação por trás do boicote internacional apoiado por pessoas com as quais ele não pode contar seria o sempre recorrente argumento do antissemitismo. Em outras palavras, é possível extrair da argumentação de Gherman que, quando as pessoas que apoiam o boicote internacional assim o fazem mesmo sabendo que atingirá pessoas da esquerda israelense que são solidárias à causa palestina, isso acontece porque é um problema derivado de um sentimento contrário aos judeus, independentemente de suas posições políticas em relação aos crimes praticados contra os palestinos.

Esse argumento deve ser combatido veementemente, porque ele, em última análise e por via indireta, estabelece uma superioridade ou prioridade dos direitos humanos dos judeus que são contra a política beligerante criminosa imposta aos palestinos, quando comparados os direitos humanos de que são detentores tais pessoas aos direitos humanos dos próprios palestinos vítimas desta opressão. Ou seja, os judeus israelenses que são contrários aos crimes praticados pelo Estado de Israel não merecem sofrer os efeitos do boicote internacional, independentemente da situação dos palestinos, que podem continuar a sofrer os efeitos da opressão israelense.

Para ilustrar esse desdobramento do argumento de Michel Gherman, imagine que o país “A” se considera em “guerra” com um determinado povo que forma, senão um país, uma “nação” ou algo muito semelhante a isso. Imagine ainda que esse pais “A” ocupa vários territórios onde reside esse povo. Quando os conflitos bélicos começam, você acha que as diferenças políticas entre a esquerda e a direita do país “A” tem algum peso quando bombas e tiros são disparados/detonados na realidade contra o povo contra o qual o país “A” se considera em guerra?

Na prática, esquerda e direita nessa hora não significam nada, absolutamente nada, ainda mais num país como Israel. Na prática, em toda situação de Guerra ou semelhante, esquerda e direita se tornam uma coisa só contra o inimigo externo. Para ilustrar mais ainda aonde eu quero chegar, imagine que o Brasil entre em guerra com um outro país. Se isso acontecer, as diferenças entre o PT e o PSDB, os dois principais adversários da política brasileira, nessa hora, não significarão nada. Ambos os partidos e seus militantes se unirão contra o inimigo externo, assim como todos os setores da população farão o esforço de guerra, sob pena de traição, “quinta colunismo” etc.

A particularidade de Israel é que se alega existirem setores da esquerda, certamente amplamente minoritários, que seriam contra essa “Guerra”, considerada “injusta”, “errada”, “uma política contrária à segurança do próprio Israel”. Mas não tem poder nenhum, não muda a política beligerante de Israel, que sempre foi a mesma e se tornou expansionista ao longo do tempo.

Em suma, se em situações normais, direita e esquerda, por mais parelhas que sejam num determinado país, se juntam contra o inimigo externo em caso de guerra, isso acontece de um modo muito mais avassalador em Israel, porque a presença da esquerda, que, segundo alegam, poderia fazer a diferença, é ínfima. Por isso que o argumento contrário ao boicote internacional que diz que ele prejudica a esquerda israelense é ruim, não tem qualquer força, é dissonante da realidade.

Na verdade, é justamente o contrário: a legitimidade do boicote internacional está precisamente na falta de poder político da esquerda israelense que, segundo alegam, poderia fazer a diferença. É por isso que é preciso lançar mão do boicote internacional, sob pena de contribuir para que a situação de opressão contra os palestinos perdure indefinidamente, sem que nada de efetivo possa ser feito para mudar a situação.

Ressalte-se que nada disso muda em virtude de existir uma oposição ao Likud que quase venceu as últimas eleições israelenses, pois, segundo alegam alguns, a vitória de Benjamin Netanyahu foi apertada nas urnas. Em razão disso, alguém pode alegar que é falsa a premissa de que a esquerda israelense que poderia fazer a diferença em favor dos palestinos é inexpressiva ou ínfima.

Esse argumento conflita com os fatos e com a lógica, uma vez que eles apontam para a conclusão de que a oposição israelense que quase bateu Netanyahu nas urnas não pode ter o mesmo perfil da esquerda israelense que supostamente faria a diferença, ao menos na amplitude desejada e necessária para mudar a situação de opressão dos palestinos.

Isso é assim porque Israel vem implementando sua política beligerante opressora contra os palestinos há décadas e só faz aumentar as restrições e as violações aos direitos humanos à medida que o tempo passa. Só para citar um exemplo, dentre tantos outros, inclusive apontado pelo diplomata Paulo Sérgio Pinheiro na cartaque escreveu para Caetano Veloso e Gilberto Gil, pedindo que eles não tocassem em Israel, “há uma média anual de 700 crianças presas, muitas vezes espancadas e submetidas a tortura, submetidas a cortes militares.São regularmente detidas e julgadas por delito de jogar pedras, cuja pena é baseada no número e tamanho das pedras. A defesa legal das crianças é praticamente inexistente”.

Então, diante desse cenário factual, das duas, uma, escolha: ou a esquerda israelense que supostamente seria capaz de fazer a diferença é inexpressiva, ínfima como eu escrevi, ou existe uma outra “esquerda”, encastelada na oposição que quase venceu Netanyahu nas últimas eleições, que não faz diferença alguma, como se alega, e, ao contrário, compactua com esse estado de coisas.

Como atesta o diplomata Paulo Sérgio Pinheiro, crianças palestinas presas, submetidas a cortes militares, torturadas e espancadas pelo crime de jogar pedras, cuja pena é baseada no número (!) e tamanho (!!) das pedras. A defesa legal das crianças é praticamente inexistente. Onde a esquerda israelense que supostamente faz a diferença? Pelo visto, a esquerda não minoritária, a que disputa com Bibi Netanyahu a preferência do eleitorado israelense, compactua com esse tipo de situação. Os fatos são eloquentes: Israel aumentou a sua presença colonial na Palestina, aumentou as restrições, aumentou os assentamentos ilegais, aumentou as violações ao direitos humanos. Onde a esquerda que alguns, como o professor da UERJ Michel Gherman, dizem que faz a diferença? Ninguém enxerga em lugar algum!!

Outro argumento inválido é o que diz que o boicote também atingirá as populações palestinas e inviabilizará os dois estados (o Estado Judeu e o Estado Palestino). Primeiro, a finalidade do boicote é melhorar a vida dos palestinos dificultando a vida dos israelenses, que passarão a sentir na pele o isolamento internacional e, assim, talvez comecem a perceber que não podem continuar a tratar mal os palestinos. Segundo, a atual situação dos palestinos já é ruim em razão dos atos israelenses, de modo que antes de gritar contra o boicote, pessoas como o professor da UERJ Michel Gherman deveriam era estar lutando de forma eficaz para que Israel mude a sua política em relação aos palestinos, sob pena de contribuir, por omissão, para que a opressão israelense contra eles continue a gerar os seus efeitos nefastos.

Em outras palavras, ser contra o boicote, mas nada fazer ou não ser capaz de fazer muita coisa efetiva, por falta de poder político, para que a situação dos palestinos melhore, não é válido, pois o que se pretende é mudar isso. Por fim, o boicote internacional não tem a finalidade de inviabilizar o Estado Judeu nem o Estado Palestino. A não ser que se admita que Israel só pode existir se for na base da opressão contra os palestinos!

Portanto, a premissa de que a esquerda israelense que supostamente faria a diferença é inexpressiva ou incapaz de implementar as mudanças necessárias em favor dos palestinos é baseada na lógica e nos fatos. Como eu demonstrei logicamente e baseado nos fatos, se a esquerda que disputou com Bibi a preferência do eleitorado israelense tivesse o peso político que alguns usam para ser contra o boicote internacional do movimento Boycott, Divestment and Sanctions (BDS) Movement, a situação dos palestinos seria completamente diferente. Simples assim. Portanto, a premissa que diz que isso atrapalharia ou prejudicaria a luta e os interesses da esquerda israelense é que é falsa, inválida, uma vez que a função que ela vem desempenhando, em termos concretos, é insatisfatória, insuficiente para melhorar a situação, muito menos ainda para resolvê-la.

O argumento, como se observa, é simples de entender: se a esquerda israelense que é contra os desmandos e crimes praticados contra Israel pelos palestinos pode realmente fazer a diferença, uma vez que não seria ínfima nem inexpressiva, por que então os palestinos vivem em situação cada vez pior? Não faz sentido. Isso nos leva a concluir que a esquerda que quase venceu Netanyahu não tem o peso político, na dimensão necessária, para a melhoria da vida dos palestinos, seja porque a esquerda que ostentaria esse perfil é muito minoritária, seja porque a esquerda que quase venceu as eleições não tem exatamente esse perfil político. Se a esquerda israelense tivesse realmente esse papel decisivo na sociedade israelense, é óbvio que, depois de tantos anos, algo já teria sido feito neste sentido. O problema é que não se observa nada disso, daí porque o boicote internacional é legítimo, independentemente da existência de israelenses que são contra a política beligerante de Israel contra os palestinos.

O fato de setores da esquerda israelense serem contra o boicote internacional evidencia justamente isso, que eles não estão dispostos a realmente mudar a situação, pois se sentem diretamente prejudicados e tendem a proteger os seus interesses enquanto cidadãos israelenses, em detrimento dos interesses palestinos. Ou seja, inevitavelmente, quando se colocam contra o boicote, mesmo quando se mostram incapazes politicamente de melhorar a situação dos palestinos, seja por que motivo for, automaticamente eles se colocam no lado oposto à causa palestina. Não há como contornar isso.

O argumento dos que pedem que se não faça um boicote internacional, porque isso irá prejudicar a situação da esquerda israelense é simplesmente patética, caracterizando-se inclusive como uma chantagem emocional, aqui sim, totalmente sem hombridade, sem dignidade, uma coisa ridicularmente vergonhosa. É preciso ter um pouco de vergonha na cara e perceber o que está se colocando por meio do boicote internacional ao estado criminoso de Israel e seus cúmplices, à direita ou à esquerda.

As pessoas estão preocupadas com a situação calamitosa dos palestinos e não se o boicote vai atingir a “esquerda” israelense. A “esquerda” israelense, se não quer ser atingida, tem que pressionar a direita a mudar a sua política e não ser contra o boicote, como alguns estupidamente sugerem. Você não vai convencer as pessoas a protegerem a “esquerda” israelense que não é oprimida como os palestinos são. A prioridade são os palestinos. É ridículo argumentar contra o boicote internacional a Israel porque isso atingirá cidadãos israelenses que se dizem de esquerda e contra a política opressora aos palestinos, constrangedor até, eu diria.

A verdade é que Israel pratica um apartheid contra os palestinos. Os únicos racistas dessa história são os israelenses sionistas beligerantes que significativa parcela do povo israelense apoia politicamente e vota neles nas eleições. A legitimidade do boicote internacional a Israel nasce de sua postura opressora, beligerante, racista, por isso deve sofrer boicote ostensivo e sistemático, o mais amplo possível, exatamente como foi feito com a África do Sul quando lá vigorava um apartheid.

Esse discurso presente no debate evidencia problemas críticos das posições assumidas pela esquerda sionista israelense, a qual, ao que tudo indica, parece não ser capaz de criar uma atuação que sustente o resgate da dignidade do povo palestino.

E é exatamente neste ponto que merece destaque um episódio que passou completamente despercebido pelos que participaram do debate e que eu passarei a narrar de agora em diante. Esse episódio é importante porque ele evidencia o que pode ter acontecido com o deputado Jean Wyllys durante essa viagem a Israel.

A propaganda sionista israelense vem enfrentando o problema do movimento BDS por meio de ações que visam criar uma imagem do país no exterior condizente com a de um país democrático e tolerante em relação aos direitos humanos. Exemplo disso foi a recente visita do ator e diretor americano de cinema, Sean Penn, a Israel para receber um prêmio concedido por uma organização israelense pela atuação humanitária num caso que envolveu a prisão de um judeu ortodoxo americano na Bolívia (maiores detalhes, clicar no link indicado anteriormente). Esse tipo de estratégia parece ter sido aplicada também ao caso do deputado federal Jean Wyllys, do PSOL do Rio de Janeiro, que deve ter estreitado laços com a comunidade judaica carioca, inclusive a que se encontra presente em Israel. É justamente neste momento que entra a importância de se analisar o perfil político e editorial de um site chamado “Conexão Israel“.

O deputado Jean Wyllys, na última sexta-feira (08/01/2016), deu entrevista a um site chamado “Conexão Israel” sobre a sua recente viagem a Israel. (ver o vídeo aqui:https://www.facebook.com/conexaoisrael.org/videos/965104980223555/?hc_location=ufi).

O site “Conexão Israel” tem como tema textos informativos sobre Israel e/ou temas relacionados, cujos autores, ao que parece, são pessoas nascidas no Brasil que moram em Israel e que se declaram sionistas, enfim, judeus nascidos no Brasil que defendem a existência do Estado de Israel no Oriente Médio. Alguns desses blogueiros são ligados à Universidade Hebraica de Jerusalém, universidade na qual o deputado Jean Wyllys participou de uma conferência intitulada “Brasil e Israel: desafios sociais e culturais”. Eu consegui contar pelo menos 4 blogueiros que escrevem para o Conexão Israel que ou se graduaram na referida universidade ou fizeram pós-graduação, de um total de 14, mas nem todos divulgam dados sobre a sua formação acadêmica.

Curioso para saber qual a linha editorial do site “Conexão Israel”, fui ler alguns textos. A proposta parece a de ser um site que condensa textos de várias pessoas, como se fossem vários blogs. Li os textos de um advogado judeu carioca que mora em Israel desde 2007 e de uma jornalista nascida em Recife, “mas de sangue paulistano”, como ela faz questão de frisar no texto que a apresenta no site, afastando a possibilidade de ser considerada “nordestina”, afinal, nós sabemos o quanto a questão racial é importante para os sionistas engajados. Essa jornalista nascida em Recife informa que mora no país desde 2012. Os dois colaboram com o site (parece que a relação não é profissional, mas de colaboração). Os textos que eu li desses dois “blogueiros”, por assim dizer, analisando o perfil político-editorial que brotou dos textos, dá uma boa ideia da enrascada política em que o deputado Jean Wyllys se meteu.

Um desses “blogueiros”, um advogado natural do Rio de Janeiro de nome Marcelo Treistman, que se identifica como estando “em seu penúltimo ano como líder da Chazit Hanoar”, que é um movimento juvenil judaico existente na América do Sul, com sedes no Rio de Janeiro (bairros de Botafogo e Barra), Porto Alegre, São Paulo e Montevidéu (para saber mais o que é essa entidade, clique aqui: http://www.chazit.org/#!quemsomos/cxys), chega a se referir a Israel como “meu país” ou “nosso país”. Ele escreve em português. Um negócio esquisito em seu nacionalismo judaico um tanto exacerbado. Todo ser humano considerado “judeu” tem a cidadania israelense garantida por lei, independentemente do país onde originalmente nasceu, mas é um tanto esquisito ver um falante de português que nasceu no Brasil referir-se a Israel como se fosse sua terra natal. Isso vindo de um carioca que mora lá apenas desde 2007.

Chega a ser engraçado o esforço tremendo que esses judeus brasileiros fazem para se apresentar como “judeus cidadãos de Israel”, isso quando nem se expressam ou escrevem em hebraico, que é o que se evidencia pela ausência de textos em hebraico no site “Conexão Israel”. Aliás, isso torna mais estranho ainda essa necessidade de se afirmarem cidadãos israelenses, quando nem o hebraico dominam num nível compatível com esse ardor nacionalista todo. Se são tão nacionalistas assim, deveriam apenas se expressar em hebraico, inclusive para a comunidade judaica brasileira. Mas eles não fazem isso, apesar do empenho com que se declaram israelenses. Parece ser mais uma faceta do complexo de vira-latas brasileiro, em sua versão sionista. Não consigo imaginar que um judeu americano ou europeu, na média, seja tão fervorosamente nacionalista em relação a Israel quanto os sionistas brasileiros que eu vi aportarem por aqui, na página do Jean Wyllys no Facebook. Simplesmente todos os judeus brasileiros sionistas que escreveram na página do Jean Wyllys no Facebook nutrem um forte nacionalismo israelense, um fenômeno que eu considero inerente ao subdesenvolvimento brasileiro.

Voltando a falar do site “Conexão Israel”, para se ter uma ideia, num dos textos, intitulado “A Casa Caiu!” (ver aqui: http://www.conexaoisrael.org/casa-caiu/2015-01-12/marcelo), esse blogueiro Marcelo Treistman tenta, ainda que não registre expressamente a sua posição, argumentar favoravelmente acerca da legitimação moral e sobre a legalidade da política de demolição de casas adotada uma época por Israel para punir a família dos palestinos que pratiquem atos considerados “terrorismo” ou “terroristas” (ele está interessado em analisar o quanto seria “moral” e “legal”, pois eficiente contra o “terrorismo,” ele já concluiu que esse tipo de política é). Essa política consistia basicamente no seguinte: O governo estava autorizado a demolir as casas das famílias cujo membro praticasse um ato considerado terrorista, punindo quem não praticou a ação classificada como criminosa (ou seja, os membros da família). A política ainda prevê a hipótese de demolição preventiva, ou seja, antes do atentado classificado como terrorista acontecer. Essa política foi aplicada por Israel durante uns anos e depois, diante das críticas, foi abolida. Ano passado (2015), o governo israelense a retomou.

O texto do sionista carioca Marcelo Treistman, coincidentemente ou não, cita pesquisa publicada pela Universidade Hebraica de Jerusalém que concluiu que esse tipo de política era “eficiente” contra o “terrorismo”, apresentando estatísticas de “diminuição” de ações “terroristas” nos meses em que o governo israelense demolia casas das famílias cujos integrantes praticavam algum ato assim classificado. Essa universidade foi justamente na qual o deputado Jean Wyllys palestrou em sua recente visita a Israel e que tem parte de suas instalações construídas em terras palestinas de Jerusalém Oriental.

Outro texto desse blogueiro que eu li no site “Conexão Israel” me permitiu perceber qual a linha política e editorial que ele defende, apesar da falta de clareza do blogueiro em assumir, sem qualquer obscuridade, suas posições, já que sempre existe uma dubiedade nas palavras. Nesse outro texto, cujo título é “Rabin e a Lenda da paz”, que aborda o perfil político do primeiro-ministro assassinado por um judeu israelense (Yigal Amir, que cumpre pena de prisão perpétua) em 1995, ele dá a entender que acredita no princípio de que não pode haver paz com os palestinos (ver aqui o texto:http://www.conexaoisrael.org/rabin-e-a-lenda-da-p…/…/marcelo).

Vejam um dos trechos do texto:

“O discurso de Netanyahu não foi um deslize. Possuía uma direção muito clara e representa uma visão de mundo: ele indica a sua crença de que a resistência ao Estado Judeu pelos palestinos não é fruto de qualquer disputa territorial, da construção de assentamentos ou da péssima qualidade de vida daquela população. Suas raízes são mais profundas e a sua história origina-se no antissemitismo: a incitação à violência e os ataques a faca contra judeus que ocorreram nos tempos de outrora e a similaridade com o que ocorre em nossos dias estão aí para provar que “desde Mufti, nada mudou”. É possível deduzir, portanto, que se nada do que fizermos mudará o amâgo daquela sociedade, Netanyahu coloca uma pergunta na mesa: por que devemos fazer alguma coisa se o que nos resta é apenas nos defender?”

Em outro post de seu blog no site “Conexão Israel”, Marcelo Treistman publica um artigo de um outro autor chamado Bassam Tawil, um autor que usa um pseudônimo árabe, mas que pode ser um judeu (ao que parece, não é o nome dele verdadeiro e o site de onde ele pescou o texto se negou a informar ao advogado Marcelo Treistman maiores informações sobre ele além das que constam no site, por questões de segurança), e escreve num site americano chamado Gatestone Institute (http://www.gatestoneinstitute.org/about/). Esse autor é de direita israelense ou se alinha politicamente à direita israelense, como se pode observar somente lendo os títulos dos textos que ele publica, como se observa aqui http://www.gatestoneinstitute.org/author/Bassam+Tawil.

Nesse texto publicado no “Conexão Israel” por Marcelo Treistman, Bassam Tawil (“pseudônimo”, que é outro nome para o que nada mais é do que um perfil “fake” de Internet), questiona o que afinal “quer o terrorismo palestino”. No texto, Bassam Tawil aborda, por exemplo, a morte de um palestino de 19 anos, chamado Fadi Alloun, descrito no texto como “possivelmente o homem mais bonito de Jerusalém”, que detinha um padrão de vida muito bom se comparado com os seus correlatos palestinos, vestia roupas da moda, podia viajar para qualquer lugar de Israel, pois tinha ID israelense (tudo isso é dito como uma coisa de outro mundo e não é por acaso: muitos palestinos não tem acesso a nenhum desses direitos), mas que foi morto depois de esfaquear um adolescente judeu de 15 anos (a matéria linka um site árabe onde aparece um vídeo que registrou o momento exato da morte de Fadi Alloun por policiais israelenses, pouco depois dele ter esfaqueado o adolescente).

A ideia do texto é mostrar que o terrorismo palestino nada tem a ver com as restrições aos seus direitos, nada tem a ver com pobreza ou vida difícil, enfim, com a opressão imposta aos palestinos pela política de Israel. Trata-se, diz o autor que usa um perfil “fake” de Internet, na verdade de um sentimento que os judeus conhecem muito bem, o “antissemitismo”, que seria incentivado pelos intelectuais e líderes religiosos palestinos aos jovens.

Como se percebe, o texto divulgado por um dos blogueiros do site “Conexão Israel” e assinado por um perfil fake de Internet é a reprodução do mais descarado e obtuso discurso de direita do Likud. O texto se baseia em poucos exemplos desse tipo de terrorismo praticado por pessoas bem sucedidas, como se palestinos bem sucedidos não pudessem, por uma questão de identificação com o sofrimento de seu povo e não por antissemitismo, aderir espontaneamente à luta contra Israel. Que algum sentimento de ódio aos israelenses surgiu após a opressão contra os palestinos, isso é óbvio. Mas dizer que isso é puro antissemitismo, que nada mais é do que um sentimento de aversão ou repulsa aos judeus pelo simples fato deles serem judeus, isso é pura desonestidade intelectual e distorção, típico da propaganda sionista beligerante. Link para o texto de Bassam Tawil divulgado por Marcelo Treistman em seu blog no site “Conexão Israel”: http://www.conexaoisrael.org/o-que-o-terrorismo-p…/…/marcelo.

Outro texto que eu li foi de uma jornalista nascida em Recife, chamada de Miriam Sanger, que vive com uma filha pré-adolescente na cidade de Raanana, localizada no centro do país. Ela informa em seu blog no site “Conexão Israel” que mora em Israel desde junho de 2012, pouco mais de três anos e meio. O post dela que eu li se chama “Visitinha a Kerem Shalom” (ver aqui:http://www.conexaoisrael.org/visitinha-a-kerem-sha…/…/miriam), cuja personagem principal do texto que ela escreveu sobre a única porta de entrada e de saída de mercadorias de Gaza é um certo Ami Shaked, que, segundo a blogueira “de sangue paulistano”, apesar de ter nascido em Recife, “só sorri quando quer expressar ironia”. Shaked é o coordenador do Kerem Shalom, um lugar que recebe diariamente 900 caminhões com tudo o que abastece Gaza. Ela sai falando sobre isso tudo com a maior naturalidade, como se fosse a coisa mais normal do mundo a população de um território se submeter a esse tipo de controle de uma nação estrangeira, vez ou outra, exibindo no texto um humor fora de timing, referindo-se à “ironia” do “herói” do texto que ela escreve, o tal Ami Shaked. Chega a falar do sequestro de um soldado israelense ocorrido em 2006, Gilad Shalit, sequestrado numa das torres de controle do local, mas que foi solto em 2011 numa negociação com o governo israelense onde vários presos palestinos foram soltos.

O que é perceptível é que a blogueira em questão não escreve, nesse texto sobre Kerem Shalom, uma linha sequer sobre o sofrimento da população palestina de Gaza. Os inúmeros massacres que se abateram sobre a população de Gaza não são objeto de sua análise. Ela está preocupada com o sorrisinho irônico do coordenador do local, com o medo dos soldados israelenses que dirigem caminhões pela parte interna de Gaza, sempre vigiados por metralhadoras, com um possível túnel que se alega estar sendo construído, mas não se sabe se em direção ao Egito ou em direção a Israel, com a realização de possíveis “atentados terroristas” ou de ataques às colônias israelenses que ficam perto da fronteira com Gaza etc. Mas ela não está preocupada em analisar se é justo esse tratamento em relação à população de Gaza, que vive literalmente numa cidade-presídio, nem tampouco comenta nenhum dos massacres a que a população civil de Gaza foi submetida por meio das ações das forças militares israelenses.

Ela finaliza o texto de um modo que tenta confundir o verdadeiro papel opressor e violador dos direitos humanos de Israel em relação ao controle que exerce sobre as fronteiras de Gaza, deixando espaço para interpretações diversas, na linha dúbia e obscura ou pouco clara já detectada por mim em relação aos textos do outro blogueiro:

“Em sua salinha de controle, que não se parece nada com as dos filmes americanos, Ami nos contou que até 2012 era responsável pela passagem de 300 caminhões por dia. Esse número triplicou após o fechamento dos túneis clandestinos entre o Egito e Gaza, que foram interditados pelo governo egípcio após um atentado terrorista naquele ano. Isso elevou o status de Kerem Shalom para a única porta de comunicação de Gaza para o mundo – ironicamente sob controle do país que os palestinos consideram seu maior inimigo. Um dos participantes da delegação brasileira perguntou: “Por que então Israel simplesmente não fecha essa entrada e deixa que os palestinos se virem sozinhos?”

Ami sorriu e permaneceu quieto.”

É como se os palestinos de Gaza devessem “agradecer” o papel de Israel de permitir que ainda exista essa única porta de comunicação com o território e o mundo. O que está aberto a interpretações é o sorriso de Ami, o herói do texto que apenas sorri quando quer ser irônico, segundo a autora, Miriam Sanger.

Finalizando a minha sequência de comentários, depois de saber que Wyllys foi financiado nessa viagem por membros da comunidade judaica do RJ, fica claro para mim que ele entrou nessa porque se aproximou de sionistas brasileiros, mas, por despreparo político e deficiência de informações quanto ao tema, assim como por possuir uma péssima assessoria de comunicação e encontrar-se mal assessorado em outros temas, não percebeu exatamente o alcance do que estava fazendo e no que exatamente estava se metendo quando foi convidado para participar da conferência na Universidade Hebraica de Jerusalém. Ou seja, a ingenuidade de Wyllys é uma hipótese. Ou isso ou ele realmente acredita, por convicção, mesmo detendo as informações necessárias para formar uma opinião política correta em termos de direitos humanos, naquele discurso que eu li no “Conexão Israel” e no discurso que ele exibiu nos relatos sobre a viagem a Israel, os quais foram classificados por Paulo Sérgio Pinheiro, um dos maiores diplomatas brasileiros em atividade, grande defensor dos direitos humanos, de “deploráveis” e “lamentáveis” e que demonstravam a “crassa ignorância” do deputado Jean Wyllys sobre o tema.

Eu concordo plenamente com Paulo Sérgio Pinheiro e assim o faço porque ainda acredito na boa-fé de Wyllys, principalmente depois de ver o vídeo que ele gravou para o site “Conexão Israel”, onde fica claro a sua ingenuidade em não perceber com quem ou com o que ele está lidando. Isso aconteceu por muitos motivos, ao que parece. Acredito que foi uma boa dose de falta de informação sobre a situação, sobre a disputa política em relação ao tema, como o debate se manifesta, quais são os argumentos normalmente usados pelas partes, além de ter cooperado para isso uma falta de vivência mais próxima em relação à questão palestina-israelense.

Por outro lado, o deputado Wyllys, na minha concepção, não pode deixar de falar diretamente com órgãos de comunicação como o The Intercept e aceitar falar com órgãos de imprensa ou de comunicação amadores e que publicam textos defakes de Internet contendo o discurso da direita israelense, como o “Conexão Israel”. A alternativa à ingenuidade e à falta de informação para formar uma posição política correta e consistente em termos de direitos humanos, no que diz respeito à questão palestina-israelense, é passar a considerar que Jean Wyllys concordou com tudo isso porque sabe perfeitamente o que se passa e essa é realmente a sua posição política. Se for isso, Jean Wyllys é contra a causa palestina e defende o sionismo israelense como ele é propagandeado internacionalmente pelo governo israelense, considerando válido o que ele acredita serem visões de “esquerda” do sionismo israelense, mas que não são solidárias à causa palestina, longe disso. Defendem o direito de Israel fazer o que for preciso fazer para o que eles consideram ser uma “legítima” e “moral” ação de “autodefesa” da população e de seu povo. Os palestinos que se virem.

Estou propenso a aderir à hipótese de que Jean Wyllys foi “capturado” pela propaganda sionista israelense e não se deu conta disso ainda. Esperamos que ele faça a autocrítica necessária, reveja alguns posicionamentos e se alinhe às posturas que realmente podem mudar a situação dos palestinos que vivem sobre forte cerceamento de seus direitos humanos a partir das ações do Estado de Israel. É isso que nós esperamos do político que vinha sendo considerado uma das maiores revelações, senão a maior, inclusive com reconhecimento internacional, da esquerda brasileira dos últimos anos.

PS: Yair Mau (ver aqui: http://www.conexaoisrael.org/author/yairmau), um dos blogueiros do Conexão Israel, cuja apresentação no site é “(…) doutor em Física pela Universidade Ben-Gurion. Atualmente é correspondente especial do Conexão Israel nos EUA, onde pesquisa na área de ciências ambientais”, compareceu ao post e se identificou como o criador ou um dos criadores do site, informação registrada em comentário escrito em hebraico (ver abaixo) como forma de “provar”, ao que parece, que não só ele, mas todos os demais blogueiros do site supostamente falariam “bem” hebraico.

De acordo com Yair Mau, os colaboradores não escrevem em hebraico no site porque ele é feito por “brasileiros” e é destinado a “brasileiros”, de modo que não podemos esperar que eles usem o espaço para provar a alegada fluência em hebraico. Sem pretender afirmar que desacredito da informação, eles bem que poderiam postar vídeos fazendo entrevistas com israelenses e finalmente comprovariam, sem sombra de dúvidas, que falam fluentemente hebraico. No entanto, creio que o site não tem um viés “jornalístico” que permita esse tipo de interação.

O site parece estar centrado numa visão individual dos blogueiros sobre as coisas, de um ponto de vista não tão próximo dos fatos como poderíamos esperar – e como parece ser a proposta do Conexão Israel. Dos textos políticos que eu li, à exceção da visita a Kerem Shalom, que contém impressões pessoais de uma ida ao local mescladas com informações extraídas da Internet, e outro que cita conversas triviais mantidas com colegas de trabalho, boa parte se baseia em análises do que sai na mídia israelense (são traduções de artigos opinativos em inglês que saem nos jornais israelenses, a exemplo de um artigo publicado por ocasião da morte do artista do rock americano, Lou Reed), o que, a bem da verdade, pode ser feito estando-se em qualquer lugar do mundo. Falta sentir mais o aspecto “primeira mão”. Falar do que sai na mídia, bem, isso todo mundo faz sem sair de casa.

De qualquer forma, está feito o registro de que os blogueiros do site Conexão Israel, de acordo com Yair Mau, falam “bem” o hebraico.

Foto: Reprodução de Facebook.

Fonte: Blog do Alessandre Argolo.

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