A batalha política venezuelana também é nossa

Por José Reinaldo Carvalho*.

As cassandras de lá e de cá vaticinavam que o líder não iria pessoalmente ao Conselho Nacional Eleitoral para formalizar sua inscrição porque estaria extremamente debilitado e consequentemente impedido de fazê-lo. Supostas ordens medicas teriam determinado que se ausentasse. Outros venenos destilados em blogs e coluninhas desinformavam, “noticiando” que Chávez se inscreveria por procuração ou se fosse ao Conselho Nacional Eleitoral caminharia com dificuldade de bengala ou mesmo se locomoveria em cadeira de rodas.

Não temos informações atualizadas sobre o estado de saúde do presidente nem sobre a marcha do seu tratamento. É algo que só cabe a ele e às instâncias de poder do Estado venezuelano revelar, um direito inquestionável que não pode ser violado pelas futricas de blogueiros e jornalistas venais. Mas o líder revolucionário bolivariano demonstrou uma invejável energia. Saiu em passeata, depois em carro aberto, confraternizou com a multidão e discursou durante três horas, com impressionante vigor. Cantou, falou torrencialmente, gritou palavras de ordem e gesticulou. Mostrou estar em forma, pronto para mais uma batalha, às ordens do Comando Carabobo.

Mas a razão principal a dar magnitude ao registro da candidatura do presidente Chávez é política. Havia nas ruas e praças caraquenhas naquela segunda-feira um mar de povo, uma maré socialista, vibrante, vestida de vermelho, contagiada com a grande notícia e com a mensagem que ouvia. A multidão que acompanhou o presidente Chávez ao Conselho Nacional Eleitoral, onde inscreveu sua candidatura e depositou seu programa de governo – uma exigência da legislação do país – confirmou que a decisão de Chávez de ir à reeleição corresponde a uma expectativa e uma vontade popular e ratificou o favoritismo do presidente.

Com justa razão Chávez se apresentou como o “candidato da pátria”, em contraste com seu adversário – Henrique Capriles, o candidato da decadente oligarquia e do imperialismo e de sua .

Os eixos principais do plano de governo chavista para o período 2013-2019 e que servirá de base para o segundo Plano Socialista da Nação são reveladores do conteúdo da candidatura à reeleição e dão o rumo da luta política no país vizinho.

Para as forças que apoiam Chávez – os revolucionários, socialistas, comunistas, patriotas, anti-imperialistas nacionalistas e movimentos populares, destacadamente o Partido Socialista Unificado (PSUV) e o Partido Comunista (PCV), reunidos no Grande Polo Patriótico, a luta eleitoral é um elo da luta política e revolucionária por transformações econômicas e sociais e pela edificação de uma nova sociedade.

Essas forças revolucionárias têm clareza de que para continuar o processo de transformações em curso no país, é decisivo ganhar as eleições presidenciais de 7 outubro. Nos dias de hoje e nas condições políticas concretas da correlação de forças da sociedade venezuelana, é o caminho mais viável para continuar a desenvolver as mudanças políticas, econômicas e sociais iniciadas a partir de janeiro de 1999, quando o líder da Revolução bolivariana tomou posse pela primeira vez.

O primeiro grande objetivo histórico contido no programa de governo que Chávez apresentou é “defender, expandir e consolidar o mais valioso bem que conseguimos agora quando começa o século 21. Esse bem mais precioso não é outra coisa que a independência nacional e a pátria”.

Chávez defendeu também que é necessário prosseguir a luta pelo socialismo, e reiterou o compromisso de construir no país o socialismo do século 21.

É de ressaltar ainda o juramento de Chávez perante o Conselho Nacional Eleitoral de respeitar os resultados eleitorais de 7 de outubro, sejam quais forem. Isto faz toda a diferença no quadro político, pois demonstra confiança nas instituições nacionais e põe na defensiva a oposição e a mídia golpistas, sempre predispostas a secundar as aventuras intervencionistas e desestabilizadoras do imperialismo estadunidense.

A campanha eleitoral na Venezuela começa a esquentar. Espera-se uma grande mobilização popular e uma luta renhida para reeleger o mais importante líder anti-imperialista da América do Sul. No Brasil não somos indiferentes a isso. É uma batalha que faz parte também de nossa própria agenda política.

*Editor do Vermelho.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/

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