8 de abril, Dia do Jornalista

Florianópolis, 8 de abril de 2014.

Ontem comemoramos o Dia do Jornalista no Brasil, data criada pela Associação Brasileira de Imprensa em homenagem a Giovanni Battista Libero Badaró. Nunca, como hoje, foi mais fascinante e trágica esta profissão. Nunca foi mais importante e nunca mais vulgarizada; jamais mais fácil e inviável de exercer.

Os jornalistas passaram da ditadura cívico-militar à ditadura das redações. A notícia tornou-se espetáculo, o jornalismo, divertimento. A informação, doutrina uniformizadora; a opinião, um gênero sumário e o editorial, um empório de bajulações ao mercado e seus administradores e gerentes. A pauta, um contínuo de propaganda neoliberal e o estagiário, um ‘profissional’ da correia de precariedade da função. A escravidão e a demissão, uma lógica diária que não importa à sociedade, porque a atomização da ideia é um foco de atração que escurece a razão. A morte violenta de um jornalista, uma notícia menor.

A facilidade de acesso à informação deveria revalorizar a profissão de jornalista. No entanto, boa parte da categoria, organizada ou não, do mesmo modo que os monopólios regionais, resolve seus conteúdos com base nos circuitos de audiência, deixando de lado a formação pedagógica, construtora e transformadora da sociedade. Não se deve renunciar à responsabilidade pelo conteúdo, não é da audiência essa responsabilidade, é do jornalista e do veículo que a publica.

A despolitização da intenção editorial facilita que a profissão de jornalista se deturpe, se apequene, se fragilize e se torne escrava do mercado e do discurso único. O esconderijo da ‘objetividade’ é um atalho para a omissão. Isto, com ou sem tecnologia, porque a tecnologia jamais ocupará o lugar da ética profissional e do pensamento.

Quem sabe amanhã, ressuscitará o jornalismo pleno e não serão as ferramentas um fim, nem a tecnologia uma plataforma para desinformar ou substituir o profissional do jornalismo.

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