A ternura dos povos

Por Koldo Campos Sagaseta. 

Faz alguns días, a cidadezinha basca de Azkoitia celebrou a Semana da Solidariedade e, como parte dela, alguns vizinhos propuseram encher a praça com palavras solidárias, com palavras que desarmassem medos e desmontassem preconceitos, com palavras que reinvidicassem outro mundo possível, esse que Galeano propõe “em que a comida não seja mercadoria, nem a comunicação um negócio e em que ninguém morrerá de fome porque ninguém morrerá de indigestão”; esse mundo possível em que “A educação não será o privilégio daqueles que possam pagá-la, e a polícia não será a maldição de quem não pode comprá-la.”; esse mundo possível em que “As pessoas não serão dirigidas pelo automóvel, nem serão programadas pelo computador, nem serão compradas pelos supermercados, nem serão também assistidas pelo televisor.”; o mesmo mundo que Benedetti continua pedindo num poema que não faltou ao encontro porque “e há aqueles que desmorrem/e há aqueles que desvivem/
e assim entre todos conseguem/o que era um impossível/que todo o mundo saiba/que o Sul também existe.”.

Na praça de Azkoitia, um apõs o outro e durante uma hora e meia, dezenas de vizinhos e vizinhas foram se revezando no uso da palavra da amiga mão de Eduardo Galeano, Mikel Laboa, Gabriel Aresti, Amets Arzallus, Mario Benedetti, Leonel Rugama, Joseba Sarrionandia, Charles Chaplin, Bertold Brecht, Roberto Sosa, Patxi Zubizarreta, Pedro Casaldáliga, Iñigo Aranbarri, Mark Twain, Mahmud Darwish, José Martí… e de muitas outras vozes que, como escreveu a poeta nicaragüense Gioconda Belli, pensam que a solidariedade é a ternura dos povos.

 Fotos: Azkoitiko Udala

Artigo também publicado em Gara.

Tradução: América Latina Palavra Viva.

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