59,8 milhões de inadimplentes. Cadê a mídia?

Na terça-feira (11), o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC-BR), vinculado à Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), divulgou um dado aterrador, que confirma que a economia brasileira está indo para o buraco. Segundo o estudo, a inadimplência aumentou 0,84%, de janeiro a junho deste ano, em relação ao mesmo semestre do ano passado, passando de 59,1 milhões de pessoas para 59,8 milhões. A pesquisa aponta que mais da metade da população com idade entre 30 e 39 anos (50,44%) tinha algum tipo de pagamento atrasado em junho deste ano, o que corresponde a 17,2 milhões de pessoas. Na faixa entre 40 e 49 anos, a taxa atingiu 47,79% e, entre os consumidores de 25 a 29 anos, 46,58%.

O SPC constatou ainda que os bancos concentram a maioria das dívidas em atraso (48,54%), seguidos do comércio (20,42%), do setor de comunicação (13,81%) e dos segmentos de água e luz (7,96%). Na distribuição regional, o Sudeste é o campeão em inadimplências. Em junho último, 25,8 milhões de pessoas estavam endividadas, o equivalente a 39,45% da população adulta. O segundo maior número foi encontrado no Nordeste, 15,7 milhões (39,34%), seguido do Sul, com 7,9 milhões (35,31%), do Norte, com 5,4 milhões (45,98%), e do Centro-Oeste, com 5 milhões (43,32%).

Apesar da gravidade destes números, a mídia chapa-branca não fez qualquer escarcéu. A alta inadimplência não foi manchete nos jornalões nem motivo de comentários ácidos do ex-urubólogos da imprensa – que agora se converteram em otimistas de plantão talvez para justificar os altos soldos provenientes do aumento da publicidade do covil golpista. Alguns veículos, que durante o governo Dilma Rousseff faziam questão de registrar qualquer notícia positiva com o acréscimo “mas vai piorar”, até deram minúsculas notinhas sobre a pesquisa do SPC, mas garantiram: “vai melhorar”. Mesmo com o próprio presidente da CNDL, Honório Pinheiro, afirmando que as estimativas não são nada otimistas, a mídia evitou fazer estardalhaço.

Queda “inesperada” das vendas no varejo

Também nesta quarta-feira (12), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou que o varejo registrou queda de 0,1% em maio em relação a abril. A notícia atordoou a mídia chapa-branca, que vinha alardeando uma melhora nas vendas no comércio. Tanto que a notinhas nos jornalões trataram o anúncio oficial como “inesperado”, “imprevisto”. Segundo relato da agência Reuters – que não depende das verbas publicitárias do usurpador Michel Temer –, “o índice é resultado das fortes perdas nas vendas de vestuário e calçados, sinal de dificuldade de recuperação consistente da atividade econômica em meio ao cenário de fortes incertezas políticas”.

As vendas do setor de tecidos, vestuário e calçados foram as que mais sofreram – retração de 7,8%. Também houve queda nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria (4,5%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,8%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1%). “Enquanto a confiança não voltar a acelerar, o varejo vai continuar patinando, e isso depende muito do cenário político. Para junho também podemos esperar deterioração”, disse a economista da corretora CM Capital Markets, Jessica Strasburg, à agência internacional de notícias.

Fonte: Altamiro Borges.

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