28A: nada será normal!

Carta aberta:

Queridos alunos e pais,

Escrevo-lhes para comunicar que nesta sexta-feira, 28 de abril, estarei aderindo ao amplo movimento que está sendo construído em todo Brasil em defesa dos direitos dos trabalhadores. Trata-se de uma luta contra as reformas trabalhista e previdenciária, assim como a terceirização irrestrita.

Uma Greve Geral foi convocada pelas 10 mais importantes centrais sindicais brasileiras e por vários movimentos sociais. Muitas categorias de trabalhadores já aderiram, como é o caso dos metalúrgicos, bancários, petroleiros, metroviários, correios, aeroviários, professores de escolas públicas e privadas, dentre outras. Até mesmo padres e bispos estão convocando a população a participarem deste movimento. Portanto, tudo indica que nesta sexta-feira se concretizará um dos mais importantes movimentos contestatórios em defesa do direito do trabalho da história recente do Brasil.

Caso essas reformas sejam aprovadas, o país caminhará para um progressivo aumento da desigualdade social e para uma ainda maior precarização do trabalho e da vida. É impossível abordar nesta carta as mais de 100 alterações que o projeto de lei busca fazer na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Algumas beiram ao absurdo, como, por exemplo, a proposta de que as convenções ou os acordos coletivos (entre trabalhadores e patrões) tenham força de lei, ou seja, estejam acima das próprias leis do trabalho. Numa sociedade em que o capital tem muito maior poder que o trabalho, os trabalhadores serão recorrentemente penalizados.

Nessa conjuntura, os dois sindicatos que representam os funcionários e os docentes da Universidade Estadual de Campinas (o STU e a ADUNICAMP) aprovaram em suas respectivas assembleias a paralisação e a construção das manifestações de rua. Portanto, neste dia, exercerei o meu direito enquanto professor da UNICAMP, respaldado pela assembleia da minha categoria, e enquanto cidadão, paralisando.

Nenhum professor deseja deixar os seus alunos sem aulas, mas todo educador sabe que o processo de ensino-aprendizagem não se resume a sala de aula. Nesta sexta-feira, o espaço escolar será pequeno perto da grande lição pedagógica que darão as manifestações. Sejam nas escolas, universidades ou nos locais de trabalho, indo ou não para as ruas, seremos milhões gritando a plenos pulmões NÃO aos ataques que pretendem roubar as nossas esperanças de um futuro melhor.

Ricardo Festi

Professor do Colégio Técnico de Limeira, UNICAMP.

Fonte: Sociolizando

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