17 ativistas do Greenpeace têm prisão preventiva decretada

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Um tribunal russo ordenou nesta quinta-feira a permanência em detenção durante dois meses de 13 ativistas estrangeiros e de quatro russos do Greenpeace, acusados de pirataria por uma ação de protesto contra o gigante do gás Gazprom no Ártico.

Um tribunal de Murnmansk, no noroeste da Rússia, determinou a prisão provisória de ativistas procedentes de Polônia, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Turquia, Dinamarca e França.

Entre os detidos está o capitão do navio do Greenpeace, o americano Peter Willcox, que ocupava esse mesmo posto à frente do Rainbow Warrior em 1985, quando o barco da ONG ambientalista foi afundado pelos serviços secretos franceses.

Uma decisão semelhante foi aplicada para o suíço Marco Weber, que em 18 de setembro escalou a plataforma petroleira Prirazlomnaya, da Gazprom, para protestar contra os projetos de exploração de petróleo nesta zona.

Os ativistas fazem parte de um grupo de 30 detidos de dezoito nacionalidades – entre eles a brasileira Ana Paula Maciel e dois argentinos -, que são acusados de pirataria, um crime que pode valer uma pena de até 15 anos de prisão.

Foram presos no dia 19 de setembro por um comando das forças de segurança russas que tomaram o controle do quebra-gelos “Artic Sunrise”, de bandeira holandesa, e o rebocaram até o porto de Murmansk.

O fotógrafo freelance russo Denis Siniakov e outros três cidadãos russos também permanecerão dois meses na prisão.

Os ativistas negam as acusações de “pirataria” e insistem que sua ação de protesto contra a plataforma da Gazprom no Ártico era pacífica.

Já o porta-voz da Gazprom, Sergei Kuprianov, declarou nesta quinta que o Greenpeace agiu “de forma totalmente ilegal”.

A comissão judicial russa a cargo da investigação do caso advertiu antes das audiências desta quinta-feira que pediria que todos os militantes continuassem detidos.

Segundo o Greenpeace, os investigadores realizaram este pedido ao estimarem que, se fossem colocados em liberdade, os ativistas poderiam fugir da Rússia ou continuar com suas atividades criminosas.

Um porta-voz do Greenpeace Internacional, o sueco Dmitri Litvinov, filho do famoso dissidente e prisioneiro político da era soviética Pavel Litvinov e bisneto de um ministro de Stalin, ficará em prisão preventiva outras 72 horas.

Uma porta-voz holandesa do Greenpeace, Faiza Oulahsen, e um cozinheiro ucraniano do barco também receberam a mesma punição mais branda.

A agência Interfax informou que na sexta-feira será celebrada uma nova audiência do tribunal sobre este caso, pois os ativistas já passaram 48 horas detidos.

O assunto pode se converter em um conflito diplomático.

A Holanda pediu a libertação da tripulação do “Artic Sunrise” e indicou que poderia iniciar “diligências legais (para obtê-la), inclusive ante o Tribunal Internacional da ONU para o Direito do Mar”, anunciou na quarta-feira o chefe da diplomacia holandesa, Frans Timmermans.

A chancelaria argentina, através de seu embaixador na Rússia, Juan Carlos Kreckler, apresentou um documento pedindo a libertação dos dois argentinos detidos, disse na quarta-feira o diretor-executivo do Greenpeace em Buenos Aires, Martín Prieto, em declarações à imprensa. A AFP não pôde confirmar o envio ou o conteúdo da carta.

Já o governo brasileiro trabalhava para saber a situação da bióloga detida, Ana Paula Maciel, originária do Rio Grande do Sul.

O presidente russo, Vladimir Putin, admitiu na quarta-feira que os 30 tripulantes do barco do Greenpeace não são piratas, mas destacou que “essa gente violou as normas da lei internacional”.

A ONG Repórteres sem Fronteiras se declarou “surpresa” com a prisão preventiva do fotojornalista Denis Siniakov, que trabalhou para a AFP em Moscou.

“Denis Siniakov foi detido no exercício de sua atividade profissional e sua prisão é uma violação inaceitável da liberdade de informação”, informou a ONG.

“Ao apresentar contra o fotógrafo e os ativistas uma acusação tão absurda como o da ‘pirataria’, o Comitê de Investigação russo criminaliza o jornalismo e o ativismo”, acrescentou em um comunicado.

Meios de comunicação russos, como a rádio Eco de Moscou ou a página web Gazeta.ru, anunciaram que não publicarão fotos em sua página inicial em solidariedade a Siniakov, noticiou a agência Interfax.

Fonte: Tribuna Hoje

Foto: AFP

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